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Com o mesmo par de chuteiras brancas e o cabelo penteado para o lado, o número oito continua a ser o jogador indispensável do gigante espanhol, adiando o fim inexorável de uma carreira de superlativos.
Na sua décima época em Madrid, Toni Kroos, vítima colateral da emergência dos internacionais franceses Eduardo Camavinga e Aurélien Tchouaméni no meio-campo, soube adaptar-se às necessidades da equipa e reencontrar toda a sua aura.
"É como numa orquestra, ele dirige. Ele marca o ritmo. Podemos sempre contar com ele. Toni é um elemento básico muito importante", elogiou o companheiro de equipa Antonio Rüdiger em entrevista à emissora alemã Sky na semana passada.
O vencedor do Mundial-2014 gosta de todas as bolas e redistribui-as como quer, nunca hesitando em descer até o nível da defesa para atuar como o primeiro homem de ligação.
Cruzamentos meticulosos
Posicionado baixo como um quarterback (a plataforma de lançamento para o ataque no futebol americano), controla o jogo com uma facilidade técnica incomparável, distribuindo cruzamentos precisos para os brasileiros Vinicius e Rodrygo ou para os laterais Ferland Mendy e Dani Carvajal.
"A sua capacidade de leitura do jogo, a sua visão periférica e a sua capacidade de tomar decisões rápidas distinguem-no como um verdadeiro estratega em campo, capaz de influenciar o desenrolar do jogo com a sua precisão e sabedoria", analisou o diário madrileno MARCA numa coluna.
"Toni tem um controlo absoluto sobre a velocidade e o ritmo do jogo, sendo capaz de acelerar ou abrandar o jogo em função das circunstâncias e das necessidades tácticas da equipa. Esta capacidade dá-lhe um poder tático inigualável e permite-lhe ditar o curso do jogo à vontade", continua o jornal.
Para a imprensa espanhola, o médio de 34 anos está simplesmente a realizar uma das melhores épocas da sua carreira, com sete assistências e inúmeros "passes-chave", que precedem uma oportunidade de golo.
"É difícil dizer que esta é a sua melhor época, porque é sempre a melhor. Utiliza bem a energia dos jovens jogadores. A sua percentagem de passes certos (perto de 90%) é a mesma de há dez anos", afirmou o seu treinador Carlo Ancelotti.
Reforma adiada
Com o contrato a expirar em junho de 2024, tal como o seu companheiro de equipa croata Luka Modrić, Toni Kroos diz que ainda não tomou uma decisão sobre o seu futuro, insistindo que a chave para continuar a sua carreira é "ter o mesmo desejo de ganhar que tinha há dez anos".
"Toni, por favor, não pare, deixe-nos desfrutar do seu futebol por mais dois ou três anos", disse o seu antigo companheiro de equipa no Real, Isco.
Entretanto, Kroos aceitou sair da reforma internacional para vir em socorro de uma Mannschaft em apuros antes do Euro-2024 em casa, incendiando toda a gente com o seu primeiro toque contra a França, que Florian Wirtz transformou em assistência.
"Ele tem um excelente instinto e uma grande compostura. É uma óptima ligação entre a defesa e o ataque. Estou muito feliz por ter conseguido convencê-lo a voltar", disse o treinador Julian Nagelsmann.
"Toni Kroos é um dos melhores jogadores de todos os tempos, ele está a mudar a cara da seleção alemã", resumiu Aurélien Tchouaméni após a partida.
Por sorte, é contra o Bayern, o seu antigo clube, onde conquistou a primeira das suas cinco Liga dos Campeões em 2013, que Kroos vai tentar esticar um pouco mais o tempo... Antes de talvez acrescentar uma sexta Liga dos Campeões à sua coleção de troféus - que já está cheia até à exaustão. Tantos quanto os do gigante da Baviera.