Recorde as incidências da partida
Caldeirão em efervescência, 9.338 espectadores, a maioria a puxar pelo Marítimo, que na primeira mão, na Reboleira, havia perdido por 1-2.
Sérgio Vieira, treinador do Estrela da Amadora, apostou precisamente no mesmo onze da primeira mão, enquanto José Gomes mudou apenas uma peça, lançando Val Soares no lugar de João Afonso.
O Estrela da Amadora entrou no Caldeirão como havia entrado no Estádio José Gomes, a pressionar alto, mesmo em vantagem no play-off. Foi, porém, o Marítimo a primeira equipa a criar perigo, aos 12 minutos, com André Vidigal a cruzar para Félix Correia atirar por cima.
O Marítimo foi a primeira a criar perigo e foi, também, a primeira a marcar: aos 18 minutos, após passe de Geny Catamo, uma autêntica bomba de Xadas, à entrada da área, a provocar a primeira explosão no Caldeirão. 1-0 para os insulares, eliminatória empatada.
Aos 25 minutos novamente o Marítimo, com André Vidigal a falhar o desvio na pequena área, após cruzmento, antes do Estrela da Amadora responder... com golo.
Minuto 26 e, na sequência de um pontapé de canto, Régis N'do cabeceou ao ferro, a defesa do Marítimo não conseguiu sacudir o perigo e Miguel Lopes, também com remate forte, fez o 1-1.
Ao 39 minutos seria novamente Régis N'do a criar perigo, trabalhando bem sobre Zainadine e rematando para excelente defesa de Marcelo Carné. Na sequência desse lance, em contra-ataque, Félix Correia lançou André Vidigal que, ao segundo poste, marcou: a bandeirola do auxiliar foi levantada, o Caldeirão festejou na mesma mas o VAR confirmaria, ao árbitro João Pinheiro, a indicação do seu fiscal.
Ainda antes do intervalo, André Vidigal, primeiro, e Val Soares, depois, testaram a pontaria, dando o mote para a segunda parte do Marítimo, sempre empurrado pelos seus adeptos, num ambiente... de primeira.
O (rei)início prometeu
Para a segunda parte José Gomes lançou Renê Santos para o lugar do lesionado Zainadine, o Marítimo entrou por cima e, depois de duas tentativas, esteve pertíssimo do golo aos 55 minutos, com Val Soares a lançar Geny Catamo e o extremo, emprestado pelo Sporting, a receber de peito e a rematar, de trivela, ao poste da baliza do Estrela da Amadora.
Era, então, altura para o jogo começar a ser jogado, também, pelos bancos de suplentes. Mexeu primeiro José Gomes, com Riascos e Cláudio Winck, nos lugares de Geny Catamo e Val Soares, aos 59 minutos, antes de Sérgio Vieira responder, com Kikas e Aloísio por N'do e Guzmán.
O Estrela fazia marcha-atrás, defendendo a cinco, o Marítimo alargava o leque e, sobretudo, refrescava o ataque, em busca do golo que empatasse novamente a eliminatória.
Riascos durou 17 minutos
Aos 72 minutos, mais uma alteração na formação da Reboleira, com Hevertton no lugar de Ronald. Aos 76' foi José Gomes a mexer, mas por obrigação, com Riascos, que tinha entrado aos 59 minutos, a sair lesionado, para a entrada de Edgar Costa, que desde logo passou a envergar a braçadeira de capitão.
Também com queixas, Miguel Lopes saiu aos 78 minutos, além de Ronaldo Tavares, com Sérgio Vieira a apostar em Almeida e João Silva.
Ocasiões de golo, essas, é que nem vê-las, e o ritmo a baixar drasticamente com as sucessivas substituições.
Aos 84 minutos José Gomes esgotaria, também, as alterações, arriscando com Ramírez no lugar de Paulinho, juntando-se a André Vidigal na frente de ataque.
Aos 87 minutos um desentendimento entre os dois treinadores, troca azeda de palavras e João Pinheiro a expulsar Sérgio Vieira, técnico do Estrela da Amadora, que teve de ser agarrado e encaminhado para o túnel por outros elementos da equipa técnica.
Estávamos na reta final da partida, os nervos estavam à flor da pele e Ramírez, aos 89 minutos, esteve pertíssimo do 2-1 para o Marítimo, com um cabeceamento, a cruzamento de Edgar Costa, para bela intervenção de Bruno Brígido. Voltava a haver perigo em cima dos 90', acordava de novo o Caldeirão.
Um herói venezuelano
João Pinheiro concedeu nove minutos de compensação, o público acreditava e Ramírez, que já tinha estado perto de festejar, arriscou mesmo um lugar na história do Marítimo: 90+6 minutos, Cláudio Winck a ganhar a linha de fundo e a cruzar, com conta, peso e medida para Ramírez, de cabeça, fazer o 2-1.
Explosão de alegria no Caldeirão, Ramírez a ver o amarelo por ter tirado a camisola e Tiago Lenho, diretor do Marítimo, que já tinha estado envolvido na troca de palavras com Sérgio Vieira, a seguir o mesmo caminho em direção ao túnel, expulso por excessos evitáveis.
Tempo a mais, pernas a menos
Ainda havia pernas, portanto, para mais meia hora de futebol. Xadas deu o mote, com remate por cima dos 92 minutos, repetindo a dose aos 101, com um tiro que sofreu desvio e acabou nas mãos de Bruno Brígido.
Aos 103 minutos, o mesmo filme, protagonizado por Ramírez, mas desta feita com um vilão, do ponto de vista dos madeirenses: cruzamento de Edgar Costa, cabeceamento do avançado venezuelano e enorme defesa de Bruno Brígido, a manter o Estrela da Amadora vivo na eliminatória e no sonho de voltar à Liga.
A finalizar a primeira parte do prolongamento, o Estrela da Amadora a criar calafrios através de um pontapé de canto, com a bola a sobrar para o segundo poste onde Aloísio, por duas vezes, tentou o remate, sempre travado pela defesa insular.
Na segunda parte do prolongamento foi o Estrela da Amadora a primeira equipa a criar perigo, com um livre de Vitó e Mansur, com espaço para marcar, a cabecear por cima da baliza insular.
Respondeu o Marítimo, aos 111 minutos, com Félix Correia a servir Vítor Costa e o lateral, da esquerda, a rematar rasteiro e à malha lateral da baliza do Estrela.
Castigo máximo, adeus insular
Após 120 minutos de futebol e emoções fortes, um último respirar fundo no Caldeirão. Tudo se decidiu mesmo nas grandes penalidades.
Cláudio Winck abriu as hostilidades, marcando para o Marítimo, antes de Jean Filipe fazer o 1-1 para o Estrela. No segundo pontapé, Diogo Mendes rematou muito por cima, falhando para os insulares. Mansur, do lado da equipa amadorense, não perdoou e colocou o Estrela em vantagem. André Vidigal fez o 2-2 e ficou no relvado, com cãibras.
Passo seguinte, o de Aloísio, que falhou para o Estrela, atirando à barra da baliza. Tudo igual, novamente, na lotaria. Era chamado Ramírez, autor do segundo golo do Marítimo e, da marca dos 11 metros, o venezuelano também falhou, permitindo a defesa de Bruno Brígido. Seguiu-se Vitó, que não perdoou, deixando novamente o Estrela na frente da decisão. Avançava Félix Correia para... falhar, atirando por cima, e antecipar a festa do Estrela da Amadora no Caldeirão.
O Estrela da Amadora está de regresso à Liga, de onde se tinha despedido em 2008/2009, e o principal escalão do futebol português, em 2023/2024, não terá qualquer representação insular, algo que não acontecia desde 1984/1985.
Homem do jogo Flashscore: Bruno Brígido (Estrela da Amadora)