"Fiquei desiludido com as duas últimas exibições. Contra o Chelsea, é óbvio que perdemos jogadores importantes e acabámos por ser desmantelados. É justo, podemos aceitar isso e seguir em frente", explicou O'Hara à Tribal Football, quando lhe foi pedido que explicasse os seus comentários.

"Depois, enfrentámos o Wolves e, obviamente, percebemos que o plantel não é suficientemente bom. Sem os quatro jogadores-chave do nosso lado, Micky van de Ven, (Cristian) Romero, (James) Maddison e (Destiny) Udogie, somos uma equipa diferente", diz O'Hara, que considerou o início do jogo promissor.

"Ditávamos o ritmo e parecíamos bastante perigosos, mas as falhas começaram a aparecer. Não fiquei satisfeito com a forma como defendemos nos golos. Ange incutiu uma mentalidade na equipa, que eu defendo, que é atacar, atacar, atacar e jogar em linha alta. Mas já não estamos na Escócia. Estamos na Premier League e as equipas de topo vão castigar-nos. Se continuares a jogar em linha alta com o Eric Dier na defesa, vais acabar por ficar exposto. Foi isso que o Wolves fez", analisou.

"Sei que o treinador quer que ganhemos o jogo e que continuemos a tentar marcar, mas sofremos um golo aos 90 minutos. Vamos ganhar um ponto. Um ponto no Wolves não é um mau resultado, especialmente nas circunstâncias em que nos encontramos. Acho que é um pouco ingénuo da parte do Ange", suspira O'Hara, antes de voltar a renovar a confiança no treinador australiano.

"Ele parece ser um tipo porreiro e um ótimo técnico. Gosto muito dele. Se é assim que ele quer fazer as coisas, então é assim que vamos fazer. Mas vamos perder jogos quando temos estas lesões e não adaptamos o nosso estilo", diz O'Hara, admitindo também que Postecoglou tem sido fiel ao seu estilo.

"Sem dúvida, mas os quatro melhores jogadores estão de fora! Não somos o Manchester City. Ange ainda não teve a oportunidade de construir o seu plantel. Ele teve uma janela de transferências e perdeu Harry Kane. Ele precisa de duas ou três janelas. Como o (Mikel) Arteta teve, como o (Jurgen) Klopp e como o Pep (Guardiola) tiveram", lembra.

Um dos principais pontos de discussão após a derrota contra o Chelsea foi a linha alta que os Spurs mantiveram, mesmo quando estavam reduzidos a dez homens. Alguns elogiaram Postecoglu por se manter firme, outros chamaram-lhe ingénuo. Qual é a posição de O'Hara?

"Foi inacreditável. Percebo a ideia dele. Ele pensa: 'Prefiro perder, mas continuo a tentar ganhar. É assim que jogamos'. Mas, vá lá, foi um ato suicida. O Chelsea não consegue quebrar as equipas. As melhores exibições do Chelsea esta época têm sido contra equipas que tentam ir atrás deles. Como o Tottenham fez. Como o Man. City, o Arsenal e o Liverpool. Quando jogaram contra um bloco baixo, tiveram dificuldades. Mas viver pela espada, morrer pela espada parece ser o caminho de Ange", comentou.

Uma peça chave que falta na equipa do Tottenham nas próximas semanas é, claro, Maddison, e O'Hara acha que a antiga estrela do Leicester é fundamental para colocar o Tottenham entre os quatro primeiros esta época.

"Vimos uma total falta de criatividade contra o Wolves. Maddison faz as coisas acontecerem. Na minha opinião, ele e Micky van de Ven são os dois jogadores que não se podem dar ao luxo de perder. Van de Ven tem sido um jogador inacreditável, um dos melhores centrais que vi em muito tempo, e perdê-lo a ele e a Maddison faz descarrilar completamente a época", diz O'Hara, que também teve de aceitar a ausência de Romero, expulso contra o Chelsea.

Será que o argentino é um jogador suficientemente bom para justificar o seu lugar na equipa, com o risco aparente de se lesionar a qualquer momento?

"É um dos melhores centrais do campeonato, mas tem de controlar o seu temperamento e a sua forma de jogar. Nos primeiros onze jogos, esteve muito calmo e tranquilo, firme nas suas tarefas defensivas, não se precipitou. Não sei o que se passou contra o Chelsea, mas toda a gente parecia muito entusiasmada. Já entrei em jogos de futebol a pensar: 'Hoje estou com vontade de jogar' e acabamos por errar os desarmes porque não estamos bem preparados", explica.

"Quando se joga ao mais alto nível, é preciso ter compostura e fiquei muito surpreendido e desiludido com o Romero contra o Chelsea. Ele não pode ser expulso porque custa, porque não temos mais ninguém para entrar. Mas como jogador, ele e Van de Ven, para mim, têm sido os dois melhores centrais da liga esta época", considera O'Hara.