Pochettino usou a primeira conferência de imprensa que fez desde que foi contratado, em maio, para deixar claro que compreende a dimensão da tarefa que tem pela frente em Stamford Bridge.

O argentino chega ao oeste de Londres para assumir um clube em crise, depois de o Chelsea ter terminado a época passada em 12.º lugar na Premier League - a primeira campanha na metade inferior da tabela desde 1996.

Os Blues, que ganharam o título pela última vez em 2017, tiveram quatro treinadores na temporada passada que terminou sem troféus, apesar de onda de gastos em novos jogadores que chegou bem perto dos 650 milhões de euros.

Pochettino tem pela frente a difícil tarefa de restaurar o clube à sua antiga glória e o ex-treinador do Tottenham sabe que tem de começar a trabalhar para evitar ser alvo de críticas.

"No futebol, não há paciência. É difícil esperar. Se estamos no Chelsea, não se trata de pedir tempo, é preciso dar resultados desde o primeiro dia.  O futebol é sobre hoje ou ontem, não se pode falar a longo prazo, não se pode dizer às pessoas que precisamos de seis meses. Isso não é bom. Temos um plantel que pode dar resultados. Desde o primeiro dia temos de pensar em ganhar", disse Pochettino aos jornalistas.

A chave do sucesso de Pochettino poderá estar na capacidade de lidar com os proprietários Todd Boehly e Behdad Eghbali e com os diretores desportivos, Laurence Stewart e Paul Winstanley.

Thomas Tuchel e Graham Potter foram ambos despedidos pelo Chelsea depois de perderem a confiança dos proprietários na época passada, com Bruno Saltor e Frank Lampard a assumirem interinamente o comando do clube.

Pochettino terá tido uma relação difícil com o presidente do Tottenham, Daniel Levy, nos últimos meses antes de ser despedido em 2019. Também na passagem pelo Paris Saint-Germain acabou em despedimento no ano passado.

"Confio no dono"

Pochettino afirmou que não tem problemas com uma relação colaborativa com os empregadores: "Eles foram muito honestos comigo. Mostraram o plano, todas as coisas boas e menos boas que precisam de acontecer. Confio no proprietário, que vai fornecer as ferramentas para sermos competitivos", começou por dizer.

"Não sou um treinador que precisa de pedir poder. Preciso de mostrar que podem confiar em mim. Eles precisam de acreditar realmente na minha capacidade de avaliação e é esse o meu trabalho. Esse é o maior poder que se pode ter", concluiu.

Confrontado com um plantel sobrelotado depois de 12 meses de grandes gastos sob a nova direção do clube, Pochettino aprovou rapidamente uma série de saídas.

Kalidou Koulibaly, Edouard Mendy, N'Golo Kante, Mason Mount, Ruben Loftus-Cheek, Kai Havertz, Cesar Azpilicueta e Mateo Kovacic foram todos embora. No sentido contrário, entraram os avançados do Leipzig, Christopher Nkunku, e o do Villarreal, Nicolas Jackson, os únicos reforços até agora.

"A prioridade mais importante é fechar o plantel para ter uma equipa muito equilibrada. No plano, o clube também queria reduzir os números", disse.

A ligação de Pochettino com o Tottenham, rival londrino do Chelsea e onde passou cinco anos e chegou à final da Liga dos Campeões de 2019, levou ao surgimento de algumas sugestões de que os adeptos terão um pavio curto no caso de dificuldades.

No entnato, garante que nunca teve dúvidas em aceitar a proposta e admitiu que tinha algo a provar aos Spurs.

"Sempre. Essa é a nossa motivação. Tentamos provar que estamos certos, isso faz parte da nossa natureza. Estou muito orgulhoso do meu passado, mas agora tenho de olhar para a frente. Este é um clube que só pensa em ganhar. Se não ganhares num clube como o Chelsea, de certeza que vais ter dificuldades", vincou.

Numa mensagem incisiva dirigida à hierarquia do Chelsea, destacou o sucesso sustentado de Pep Guardiola num ambiente estável como é o do Manchester City, vencedores de um triplete na época passada.

"É espantoso ver como um clube funciona durante muitos anos com estabilidade, dando as ferramentas e os recursos ao treinador. Precisamos de acreditar que podemos criar coisas boas. Temos de acreditar que podemos competir com uma equipa como o City", finalizou.