Mas, depois do sucesso de uma loja aberta na Brick Lane, rua turística de Londres, chamada Classic Football Shirt (CFS), o fenómeno mudou.
Atualmente a maior loja de camisolas retro de Inglaterra, a CFS começou online em 2007 e foi galgando parâmetros – e coleções – para finalmente abrir dois espaços físicos em 2019, na capital e em Manchester.
Menos de cinco anos depois da abertura da CFS, hoje já é possível encontrar camisolas clássicas no free shopping do aeroporto ou em lojas modernas do centro da cidade.
O Flashscore encontrou, por exemplo, um exemplar retro recém-lançado do Chelsea numa das maiores redes de artigos desportivos do país.
Assim como em Portugal, na internet o mercado das camisolas de futebol explodiu já há algum tempo, mas continua a crescer.
Além da CFS, outras empresas vendem camisolas retro novas.
A Score Draw é a principal, em Inglaterra, e também saiu da internet para vender camisolas nas lojas físicas.
A concorrente da CFS é especializada em equipas e seleções britânicas e fabrica camisolas "oficialmente licenciadas com estilos de mais de cinco décadas".
Quanto custa uma camisola antiga original?
Não é barato. As camisolas clássicas geralmente são vendidas por um preço cinco ou seis vezes maior que o preço original (descontada a inflação).
Um dos equipamentos mais valorizados é o da Alemanha campeã mundial de 1990.
"A camisa da Alemanha vale entre 150 e 200 libras (175 a 235 euros), dependendo da condição", disse Doug Bierton, dono da Classic Football Shirts, ao jornal The Sun.
O Flashscore encontrou essa camisola a ser vendida na loja da Brick Lane por 220 libras (257 euros).
Já o equipamento alternativo dos EUA, usado no mesmo Mundial, não sai por menos de 250 libras (292 euros).
A CFS promete vender apenas peças originais, mas o Flashscore também encontrou algo bastante inusitado: o equipamento do Brasil de 1990, fabricado por uma obscuríssima "Ágata", em vez da Topper, vendido por 200 libras (235 euros).
Há bastantes equipas brasileiras na loja inglesa. Camisolas do Flamengo da década de 80, Palmeiras dos anos 90, Inter dos anos 2000, além do Corinthians Kalunga e até uma recente do Avaí estão à venda na CFS, que diz ter a "maior coleção de camisolas de futebol do mundo".
Os equipamentos brasileiros custam cerca de 40 libras (46 euros).
A moda pegou
Com o mercado a explodir, os clubes e as marcas desportivas também entraram nesta onda.
Quase todas as lojas oficiais das equipas inglesas vendem alguma peça retro, ou inspirada em algum modelo clássico.
A linha Original da Adidas ressuscitou de vez o trevo da década de 70, e promete lançar uma coleção completa das seleções do Euro-2024.
Desde que o eBay existe, a venda de camisolas clássicas é um negócio. Mas num dos principais centros que ditam moda no mundo, estamos a viver a primeira era dos equipamentos retro ganharem terreno aos modernos.
A título de curiosidade, a Classic Football Shirt compra as suas camisolas de jogadores já retirados, colecionadores, instituições que receberam peças doadas, além de outras fontes.
O AC Milan, por exemplo, descobriu que tinha 15 mil artigos antigos num depósito e vendeu tudo à CFS.
Além do depósito gigante com meio milhão de peças, a Classic Football Shirts tem atualmente um museu itinerante com artigos invendáveis, como o equipamento da Inglaterra campeã mundial de 1966 e umas cuecas que Beckham vestiu quando jogava pelos rossoneri.