Entrevista Flashscore a Marcelo (Dibba Al Fujairah): "Torço pelo Rio Ave, estou triste pelo Paços de Ferreira"

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Entrevista Flashscore a Marcelo (Dibba Al Fujairah): "Torço pelo Rio Ave, estou triste pelo Paços de Ferreira"
Marcelo Ferreira jogou na Arábia Saudita e está agora nos Emirados Àrabes Unidos
Marcelo Ferreira jogou na Arábia Saudita e está agora nos Emirados Àrabes UnidosOpta by Stats Perform
Aos 33 anos, Marcelo Ferreira, central brasileiro, cumpre a temporada de estreia no Dibba Al Fujairah, dos Emirados Àrabes Unidos, depois de um ano na Arábia Saudita, país que acolhe agora Cristiano Ronaldo. Em entrevista exclusiva ao Flashscore, Marcelo fala do impacto da chegada do avançado português ao futebol árabe.

Para trás ficaram onze temporadas no futebol português, do Ribeirão ao Paços de Ferreira, com sete épocas no Rio Ave e uma passagem pelo Sporting. Marcelo continua a acompanhar de perto o campeonato nacional, mostra-se satisfeito com a temporada tranquila do Rio Ave no principal escalão e, ao mesmo tempo, a torcer para que o Paços de Ferreira consiga enganar o destino a assegurar a manutenção. Ao Sporting reserva também elogios, desde a forma como foi tratado ao futebol que a equipa de Rúben Amorim pratica, deixando claro que o futuro passa por um regresso a Portugal, com ou sem as botas calçadas. Porque, assume o próprio na entrevista ao Flashscore, já se sente mais português que brasileiro.

A carreira recente de Marcelo Ferreira
A carreira recente de Marcelo FerreiraFlashscore

- Primeira temporada no Dibba Al Fujairah, dos Emirados Árabes Unidos. Como está a ser essa experiência?

- Estou a gostar muito de estar aqui. No ano passado estive na Arábia Saudita, os Emirados é um pouco diferente mas gosto muito da cultura. Já estou totalmente adaptado e integrado. Gosto muito.

- As pessoas têm por hábito olhar para o futebol dessa parte do globo com alguma desconfiança. É assim tão diferente ao que o Marcelo estava habituado na Europa?

- É um pouco diferente, principalmente no verão. O clima aqui é muito diferente, jogamos muitas vezes com mais de 40 graus, mesmo à noite. É um clima totalmente diferente, o futebol é muito mais parado, não tem a intensidade como a Europa nem tem como isso ser possível.

- É um choque para vocês, habituados ao andamento do futebol europeu?

- Com certeza. Quando se chega sente-se logo o clima, logo quando se entra em campo. Demora algum tempo a habituar-se. Por isso digo que é essencial chegar, fazer uma boa pré-temporada porque chegar aqui da Europa e começar a jogar é mesmo muito difícil. 

Marcelo e a escolha pelo futebol árabe
Marcelo e a escolha pelo futebol árabeOpta by Stats Perform

- É um tipo de futebol que está a atrair cada vez mais jogadores de topo. A vertente financeira é a única explicação para isso?

- Claro que o mais importante é a parte financeira, todos os jogadores vêm para cá por isso, senão não viriam. Mas também a qualidade de vida é muito boa, principalmente aqui nos Emirados Árabes Unidos. Moro a uma hora do Dubai, sempre que posso vou lá. E também a parte familiar, aqui há menos jogos, apenas uma vez por semana. É impensável jogar aqui duas vezes por semana, acontece muito raramente.

- A ida de tantos jogadores para essa zona do globo, nomes grandes, está a ajudar a evoluir a qualidade do futebol nesses países?

- Claro que sim. Aqui nos Emirados tem grandes nomes, na Arábia também tem grandes nomes, como o caso agora do Cristiano Ronaldo e agora até se fala no Messi. Isso chama a atenção dos outros jogadores. Se os melhores do Mundo vêm para cá, alguma coisa boa deve ter. Antigamente olhavam para cá como países muito fechados mas hoje em dia não é assim, a mentalidade é totalmente aberta.

- Nos Emirados Árabes Unidos notam o impacto da ida de Cristiano Ronaldo para a Arábia Saudita? Esse impacto chega aí, aos clubes, aos futebolistas mais jovens?

- Claro que se nota. Ao início nem ninguém acreditava. Nem mesmo eu acreditei que o Ronaldo vinha para a Arábia. Só quando chegou ao aeroporto e assinou o contrato. Agora que veio o Cristiano Ronaldo começam a aparecer muitos nomes. Aqui nos Emirados temos o Pjanic, tem o Paco Alcácer, tem grandes nomes aqui. A vinda de grandes nomes atrai outros grandes nomes.

- E isso provoca impacto positivo nas competições mas também aumenta o interesse do público, sobretudo os mais jovens, para a prática da modalidade. Sente-se o aumento do número de praticantes?

- Com certeza. Isso atrai muita coisa, até as transmissões televisivas. Era impensável ver um jogo da Arábia Saudita transmitido em Portugal. Isso hoje já acontece graças ao Cristiano Ronaldo. E isso atrai consigo outros investimentos, eles querem também mostrar que o país está a abrir-se, podem vir outros jogadores que serão bem-vindos. Antigamente quem vinha para a Arábia diziam que nem podia sair de casa, que não ia conseguir viver. E não tem nada a ver.

Marcelo Ferreira e a candidatura da Arábia Saudita ao Mundial-2030
Marcelo Ferreira e a candidatura da Arábia Saudita ao Mundial-2030Opta by Stats Perform

- Tivemos também o Mundial no Catar, no final do ano passado, e fala-se num Mundial na Arábia Saudita. O que se tem falado por aí sobre o assunto?

- Quando eu estava na Arábia Saudita já se falava nisso. É uma questão de ciúmes. O Catar é um país pequeno, a Arábia Saudita é um país muito maior e tem uma seleção muito maior. Com certeza eles também querem organizar um Mundial.

- E é possível a Arábia Saudita organizar um Mundial?

- Claro que sim. Estão a investir muito, até no turismo. Colocaram o Messi como embaixador do turismo da Arábia Saudita. Colocam grandes nomes para chamar mais a atenção. Eles apostam nisso a pensar no Mundial.

- É uma estratégia política levar grandes nomes do futebol para convencer a FIFA?

- Claro. Estão a reformar os estádios todos, a melhorar as condições no país. Esse é o grande marketing deles.

- O Marcelo foi formado no Vasco, chegou em 2010 a Portugal para jogar no Ribeirão, uma época depois o Rio Ave, com empréstimo ao Leixões. Sete temporadas em Vila do Conde, o salto para o Sporting, o empréstimo ao Chicago Fire e mais dois anos no Paços de Ferreira. Mantém os laços com Portugal?

- Com certeza. A minha família é portuguesa, a minha mulher é portuguesa. Aqui vamos ter o último jogo e depois vou direto para Portugal, antes de ir para o Brasil.

- Continua a acompanhar a Liga Portuguesa?

- Continuo. Assisto sempre, tenho os canais em minha casa. Vejo sempre os jogos, tenho acompanhado o campeonato, sobretudo as equipas por onde passei. Sempre que posso, sempre que os horários não coincidem com os meus jogos, assisto sempre. 

- O Rio Ave, o clube com que mais se identifica, teve ali uma travessia no deserto, com a descida de divisão, voltou e estabilizou agoa na Liga. Como vê o futuro do Rio Ave?

- Estou feliz com o que tenho visto do Rio Ave. O principal objetivo era a manutenção e foi o que fizeram. Tem feito um campeonato tranquilo. A minha família é de Vila do Conde, fico feliz por ver o Rio Ave na primeira divisão. Torço muito pelo Rio Ave e, ao mesmo tempo, estou triste pelo Paços de Ferreira. É uma pena estar nesta situação, torço muito que consiga a manutenção. As pessoas de Paços merecem estar na primeira divisão.

- São dois clubes especiais para si?

- É verdade. São cidades que acolhem muito os clubes. Seria uma pena ver o Paços descer. O Rio Ave está seguro, gostava que o Paços também ficasse.

Marcelo fala da temporada do Sporting
Marcelo fala da temporada do SportingOpta by Stats Perform

- Também passou pelo Sporting, onde não jogou tanto. Também é um clube especial para si?

- Depois de Rio Ave e Paços de Ferreira, tenho um carinho muito grande pelo Sporting. Fui muito bem tratado lá, agradeço o que as pessoas fizeram por mim, ainda mantenho o contacto com algumas pessoas que trabalham lá, até com alguns jogadores. O Sporting não condiz com a classificação, é das equipas que melhor joga futebol em Portugal. Mas no futebol nem sempre ganha quem joga melhor.

- O Marcelo tem 33 anos. A carreira é para terminar aí ou equaciona um regresso a Portugal?

- Quero ficar mais um ou dois anos aqui e depois gostava de terminar a carreira em Portugal, sim. Voltar para um clube português e depois continuar a viver em Portugal. Já não me vejo a viver no Brasil. Como estive muitos anos em Portugal acostumei-me, tenho muitos amigos, família... Tenho mais amigos em Portugal do que no Brasil. Posso dizer que sou mais português que brasileiro.

Entrevista Flashscore a Marcelo Ferreira
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