Homenagem a Beckenbauer: Um choque cultural em que faltou bom senso

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Homenagem a Beckenbauer: Um choque cultural em que faltou bom senso

Franz Beckenbauer foi homenageado no Estádio KSU
Franz Beckenbauer foi homenageado no Estádio KSUAFP
O minuto de silêncio em homenagem ao falecido internacional alemão não foi respeitado na Arábia Saudita. Ao invés de um protesto, foi um choque cultural, que também revelou a falta de bom senso da organização.

As imagens correram o mundo e geraram reações múltiplas nas redes sociais. Antes do pontapé de saída entre Atlético Madrid e Real Madrid, na primeira meia-final da Supertaça de Espanha, as duas equipas perfilaram-se no centro do Estádio KSU para observar um minuto de silêncio de homenagem a Franz Beckenbauer.

Falecido na segunda-feira, o Kaiser é uma das figuras marcantes do futebol mundial, mas aquilo que seria um momento solene acabou por ser pontuado com assobios vindos das bancadas.

Num primeiro momento poder-se-ia pensar que seria algum tipo de protesto, mas ao contrário de Toni Kroos – que foi apupado sempre que tocava na bola pelos comentários feitos contra o investimento saudita – Franz Beckenbauer nunca se mostrou abertamente contra a entrada em força da Arábia Saudita no futebol mundial ou teceu palavras menos respeitosas para com o reino do Médio Oriente.

Trata-se então de uma questão cultural. No Islão não está contemplada a noção de um minuto de silêncio como momento solene, uma vez que não era prática durante o tempo em que o profeta Alá andou pela terra. A homenagem aos mortos é feita através de orações, menção das obas ações que praticaram em vida na prática da caridade no seu nome. O silêncio perante os falecidos é visto como algo estranho e, nos ramos mais conservadores do Islão, é mesmo considerardo como algo a evitar, já que Alá proibiu os muçulmanos de emular os Kuffâr (infiéis).

Falta de bom senso das bancadas, mas também da organização que podiam ter evitado este choque cultural com um outro tipo de homenagem. Isto numa altura em que o país está debaixo dos holofotes pelo forte investimento no futebol, bem como pela mais que provável organização do Mundial-2034.

A polémica de 2017

De resto, esta não é a primeira vez que a Arábia Saudita se vê envolvida numa polémica com minutos de silêncios. Em junho de 2017, num encontro com a Austrália, a contar para a qualificação para o Mundial-2018, a seleção saudita não respeitou um minuto de silêncio pelas vítimas de um ataque terrorista em Londres.

Com dois australianos entre as oito pessoas que morreram na capital londrina, a federação local negociou com a Arábia Saudita e Confederação Asiática de Futebol um minuto de silêncio antes do pontapé de saída em Adelaide. Contudo, enquanto os australianos estavam perfilados no meio-campo, os sauditas dispuseram-se prontos para arrancar a partida, despreocupados do momento solene.

Na altura, a Federação de Futebol da Arábia Saudita apressou-se a pedir desculpas, garantindo o respeito por todos as vítimas daquele ataque, mas não se livrou de muitas críticas.