João Costa nadou para se “divertir mais” e selou Paris-2024

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João Costa nadou para se “divertir mais” e selou Paris-2024

João Costa atingiu os mínimos para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 nas eliminatórias dos 100m costas do Mundial de Natação de Fukuoka
João Costa atingiu os mínimos para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 nas eliminatórias dos 100m costas do Mundial de Natação de FukuokaVitória SC
O português João Costa crê ter garantido vaga na prova de 100 metros costas dos Jogos Olímpicos Paris2024 por se apresentar nos Mundiais de natação para se “divertir mais” e reconhece ter concretizado “um sonho desde pequenino”.

O nadador de 22 anos percorreu a distância em 53,71 segundos, abaixo dos mínimos de acesso a Paris2024 (53,74 segundos), e confessa, em entrevista à Lusa, que a prova de 24 de julho, nas eliminatórias dos Mundiais de Fukuoka, no Japão, foi diferente das anteriores em 2023, ano em que foi “muito difícil controlar” a pressão de um apuramento inédito para os Jogos.

As provas correram muito mal tecnicamente, em pormenores, porque me estava a focar só numa coisa e não em me divertir e competir. Só estava preocupado com o tempo e mais nada. Esta prova foi um bocadinho diferente. Todo o pessoal me ajudou a perceber que isto é só nos divertirmos, sem aquela pressão de que temos de estar sempre concentrados. Acabei por me divertir mais e por fazer aquela prova por mim”, realça.

O nadador de Guimarães bateu o recorde nacional que lhe pertencia desde 16 de agosto de 2022, quando nadou em 53,87 segundos nos Europeus de Roma, e admite que, enquanto nadava na pista 1, tinha a noção de que ia conseguir o seu melhor tempo, face ao avanço perante os adversários que o ladeavam e aos “pormenores técnicos”, que lhe estavam a correr bem.

Mal concluiu a distância, com a 10.ª melhor marca entre os 62 nadadores em competição, João Costa apercebeu-se de que garantira o acesso aos Jogos Olímpicos, um evento em que sonhava participar e cujas memórias remontam a 2008, ano das oito medalhas de ouro conquistadas pelo norte-americano Michael Phelps, que descreve como “o melhor atleta olímpico de todos os tempos” e “uma referência”.

Para mim, foi um sonho concretizado. Era um sonho desde pequenino. Mesmo antes de levar a natação tão a sério, já tinha o sonho de ir aos Jogos Olímpicos”, assume, vincando a “pura felicidade” de partilhar esse feito com o seu treinador e irmão, Rui Costa, com a restante família e com o seu clube, o Vitória de Guimarães.

Ligado desde os cinco anos à natação, desporto que começou a praticar para “perder o medo à água” e para se divertir, sem o “levar a sério”, o nadador espera viver “um momento especial” ao competir “no patamar mais alto que existe”, onde “quase ninguém consegue estar”, e mostrou-se convencido de que vai “adorar o ambiente” dos Jogos Olímpicos.

Posso chegar lá não tão bem fisicamente como estive agora no Japão. Pode correr tudo mal até, mas o facto de estar naquele ambiente vai-me dar mais motivação para conseguir lutar”, perspetiva.

Ciente de que tem “mais do que motivos” para aumentar a carga de treino e melhorar “pormenores e rotinas” num processo de trabalho que julga bem consolidado, Costa promete lutar por uma vaga olímpica nos 200 metros costas, depois do tempo de 01.59,30 minutos nos Mundiais, o 19.º das eliminatórias, acima do mínimo olímpico de 01:57,50 minutos.

Neste ano, fiquei mais nos 100, porque era o tempo em que estava mais perto dos mínimos. Valeu a pena. Infelizmente, não há 50 metros costas nos Jogos Olímpicos. Vamos tentar os mínimos para os 200 metros costas”, promete.

Rui, o treinador, irmão, ídolo e pilar para competir 

O nadador João Costa salienta que o treinador e irmão, Rui Costa, é um ídolo enquanto primeiro atleta que viu nadar e pilar para a “paixão pelos Jogos Olímpicos”, após conquistar vaga nos 100 metros costas de Paris2024.

Em entrevista à Lusa, o nadador de 22 anos diz ter sentido “o clique para competir e ganhar mais” na modalidade entre os 16 e os 17 anos, quando começou a ser orientado por Rui Costa, treinador do clube vimaranense desde setembro de 2016, que o inspirou a querer “ganhar coisas” quando ainda nadava nos campeonatos regionais e nacionais.

O meu ídolo é o Rui, porque foi o primeiro atleta que eu vi a nadar, a conquistar troféus e títulos. Foi ele o segredo disto tudo, de eu estar onde estou, não porque é o meu treinador, mas porque o admirava muito quando era pequeno. Temos 10 anos de diferença e olhava para ele com outros olhos. Eu via-o ganhar coisas e também queria ganhar”, assume.

Além da influência na melhoria dos resultados, João Costa também atribui ao treinador a inspiração para se apaixonar pelos Jogos Olímpicos, evento em que garantiu vaga para 2024, em Paris, depois de percorrer os 100 metros costas em 53,71 segundos, recorde nacional, nos Mundiais de natação de Fukuoka, no Japão, em 24 de julho.

Foi ele o pilar disto tudo. Essa paixão pelos Jogos Olímpicos veio dele. Era um objetivo dele na vida, que infelizmente não conseguiu. Não ficou muito longe, mas não conseguiu. O facto de ele não ter conseguido o objetivo motivou-me mais para o conseguir”, reconhece.

Apesar da relação familiar, João Costa aprecia o seu treinador pela experiência que tem e pela forma como lida com os sentimentos dos desportistas que treina em Guimarães, cidade onde vive e treina na maior parte do tempo, apesar de dispor de centros de alto rendimento no vale do rio Jamor, em Oeiras, e em Coimbra.

Recordista nacional dos 100 e dos 50 metros costas, em igualdade com Alexis Santos (25,28 segundos), o nadador justifica a permanência na cidade minhota com a oportunidade de trabalhar com o irmão e com colegas como Alexandre Amorim e Tomás Lopes, medalha de bronze nos Campeonatos Nacionais de natação de Coimbra, em 2022, circunstâncias que o ajudam a “estar bem mentalmente”.

Estar bem mentalmente é superior a tudo o resto e significa estar com os meus colegas, treinar com a minha equipa, com as pessoas de que gosto. Gosto de estar em Guimarães, de viver em Guimarães. Isso faz-me sentir bem a treinar, não me faz sentir cansado. É importante estar bem onde estou. É esse o meu segredo”, esclarece.

Recém-apurado para os terceiros Jogos Olímpicos realizados em Paris, depois das edições de 1900 e de 1924, João Costa diz-se bem ao serviço do Vitória de Guimarães, clube que o “acolheu desde pequeno”, e espera que o feito incentive mais pessoas do concelho a praticarem natação.

Quero que o Vitória tenha mais atletas na natação. Espero que esta notícia de eu ir aos Jogos Olímpicos e estes resultados bons atraiam mais atletas para a equipa. É sempre bom para dar mais motivação, para a natação subir um bocadinho nas modalidades e termos uma equipa maior”, assume.

Seleção Nacional é “a melhor até hoje”

O nadador João Costa considera que a seleção nacional portuguesa é “a melhor até hoje”, após os Mundiais de Fukuoka, no Japão, e enaltece o trabalho do selecionador, o brasileiro ‘Albertinho’, na transformação da “mentalidade portuguesa”.

O nadador realça que o ex-selecionador do Brasil, contratado em setembro de 2021, tem “feito muita diferença pela positiva”, depois de se tornar num dos quatro portugueses a garantir até agora vaga nos Jogos Olímpicos Paris2024, ao estabelecer o recorde nacional de 53,71 segundos nos 100 metros costas, em 24 de julho.

Ainda bem que o Alberto veio para Portugal, porque veio para mudar a mentalidade portuguesa. As coisas estão a correr bem e têm tudo para evoluir. Temos uma grande seleção: diria que a melhor seleção até hoje em Portugal”, vincou, em entrevista à Lusa.

Orientada pelo antigo treinador do brasileiro César Cielo Filho, recordista mundial dos 50 metros livres (20,91 segundos) e três vezes medalhado olímpico, João Costa vinca que a seleção “está a mudar”, com resultados que mostram que tudo é possível, nomeadamente a inédita medalha de prata em Mundiais, conquistada por Diogo Ribeiro, nos 50 metros mariposa.

Foi a nossa primeira medalha de sempre em Mundiais, mas a equipa fez-nos mostrar que somos todos iguais: somos iguais aos americanos, somos iguais aos ingleses. Eles podem ter mais condições, mas também não podemos pensar que estamos lá fora e temos menos condições e menos oportunidades para uma final ou um pódio”, acrescenta.

Apesar de o contingente luso com vaga assegurada em Paris2024 ser, para já, de quatro, o jovem de Guimarães acredita que a representação portuguesa vai crescer, vincando a “estafeta incrível” de 4x100 metros estilos, que pode “evoluir e estar no topo dos países” após bater o recorde nacional em Fukuoka (03.35,63 minutos).

Além de João Costa, apurado para os 100 metros costas, os portugueses Diogo Ribeiro, nos 50 metros livres, nos 100 metros livres e nos 100 metros mariposa, Miguel Nascimento (50 metros livres) e Camila Rebelo (200 metros costas) já garantiram vaga nos Jogos Olímpicos Paris2024.