Juve e Fiorentina, uma história de amor e traições: de Baggio a Chiesa, passando por Antognoni

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Juve e Fiorentina, uma história de amor e traições: de Baggio a Chiesa, passando por Antognoni
Chiesa trocou a Fiorentina pela Juventus
Chiesa trocou a Fiorentina pela JuventusProfimedia
De Cervato a Vlahovic, as despedidas que mais magoaram os adeptos da Fiorentina foram, sem dúvida, as de Divin Codino e Chiesa, que foram para a Juventus depois de muitos anos na "viola". Tal como Bernardeschi. O único que manteve a sua palavra foi o "grande capitano".

Nunca digas para sempre. Para descrever a transferência de um futebolista da Fiorentina para a Juventus, só existe uma palavra: "Traição". Mais ainda se se tratar de uma lenda da maglia viola que passou a vestir a biaconera. Apenas um Capitano, um número dez, um símbolo viola conseguiu cumprir a promessa feita aos adeptos: Giancarlo Antognoni, o único a dizer "não", até mesmo ao presidente Gianni Agnelli.

Não é fácil apontar a data precisa do início da rivalidade entre os dois clubes. Alguns dados remontam à derrota por 11-0 dos piemontesi frente aos toscanos em 1928. Outros datam-no do Scudetto conquistado pela Juve em 1982, que levou a melhor sobre o clube "viola" depois de muitas polémicas.

Se, no entanto, focarmos a nossa atenção na já grande tradição de traições, a primeira despedida que realmente magoou os adeptos da Florentina foi a de Sergio Cervato, o lendário defesa da viola que, no final da década de 1950, mudou-se para Turim após ganhar uma liga e perder a final da Taça dos Campeões de 1957 contra o grande Real Madrid, de Alfredo Di Stefano.

Os adeptos viola não reagiram bem, mas a sua reação certamente não pode ser comparada com a que aconteceu 31 anos mais tarde. Faltava menos de um mês para começarem as noites mágicas do Itália-1990 e não foi apenas uma equipa que perdeu a felicidade, mas sim uma cidade inteira. Em Florença a felicidade tinha os caracóis do cabelo de Roberto Baggio, que depois virou um rabo de cavalo.

"Nunca nos vamos separar", assegurou a estrela de Caldogno, desconhecendo (talvez) as manobras do seu próprio clube. O conde Pontello, de facto, já se tinha encontrado com Adriano Galliani e deu o "sim" à transferência do campeão de Vicenza para o AC Milan. Reza a lenda, porém, que foi o advogado Agnelli quem desencadeou a operação, apontando a Silvio Berlusconi que ter os três neerlandeses na equipa era suficiente e não havia motivo para "exagerar".

E, assim, por vinte mil milhões de liras (12,9 milhões de euros), Baggio não se mudou para Milão, mas sim para Turim. O anúncio oficial chegou em meados de maio e não ocorreu numa data qualquer, mas sim no dia seguinte à final da Taça UEFA, ganha nesse ano pelos bianconeri contra... a Fiorentina. 

A cidade "incendiou-se". A polícia teve de intervir para acalmar os ânimos, embora sem sucesso. Mais de trinta pessoas ficaram feridas, embora a maior ferida, criada pela despedida de Roby, nunca tenha sarado.

No ano seguinte, a 6 de abril de 1991, Baggio regressou a Florença com a camisola da Juve, mas não teve coragem para bater o penálti apitado por Lo Bello contra os bianconeri. De Agostini assumiu a cobrança, mas falhou. A Fiorentina venceu nesse dia (1-0) e Roby, à saída do relvado, pegou no cachecol que um adepto viola lhe atirou e colocou-o antes de seguir sair pelo túnel.

Entre a traição de Baggio - provavelmente o melhor futebolista italiano de sempre - e as mais recentes de Federico Chiesa e Dusan Vlahovic, também merecem destaque os casos de Felipe Melo e Federico Bernardeschi.

O médio brasileiro não era certamente um grande nome do clube viola. Contudo, o ódio contra a Juventus era ainda tão forte que quando as negociações entre os dois clubes vieram a público, os adeptos ameaçaram o seu clube com uma faixa: "Melo na Juve é igual zero bilhetes de época".

Na realidade, o mote serviu de ajuda para o então diretor-geral, Pantaleo Corvino, que deixou claro aos dirigentes da Juventus que só havia um caminho possível: pagarem os 25 milhões de euros da sua cláusula de rescisão. E assim foi.

Federico Bernardeschi contra a Fiorentina
Federico Bernardeschi contra a FiorentinaAFP

Oito anos mais tarde, porém, foi Federico Bernardeschi quem cometeu o mesmo erro de Roberto Baggio: "É difícil ir para a Juventus depois de 11 anos nas camadas jovens. Primeiro está a Fiorentina, depois o Bernardeschi". Corria o ano de 2017 e também ele se mudou para o lado da família Agnelli, deixando 40 milhões de euros nos cofres da antiga equipa. Ao contrário de Divin Codino, porém, Bernardeschi não conquistou a Bola de Ouro.

Desde a despedida de Baggio, esta é a única dor semelhante - sem chegar ao mesmo patamar - que os adeptos viola sentiram. No final de outubro de 2020, no último dia de um mercado de transferências atípico, atrasado pela COVID-19, a Juventus anunciou a contratação de Federico Chiesa: "Estou desapontado com o homem", comentou o presidente Rocco Commisso.

Criado nas camadas jovens da Fiorentina, Chiesa ultrapassou os 100 jogos antes mesmo de fazer 20 anos. Tornou-se num símbolo do clube, ficou com a braçadeira de capitão, que acabou por usar dias antes de trair o clube, numa partida com a Sampdoria.

Essa operação fixou-se nos 50 milhões de euros, mas foi superada, 15 meses depois, por Dusan Vlahovic. Também neste caso, o presidente viola não quis abrir mão do sérvio, nem mesmo por 80 milhões. Mas, encurralado, foi obrigado a fazê-lo: "Os agentes de Vlahovic são mentirosos e desonestos. Quando o acordo parecia próximo, disseram-nos que o salário de 4/5 milhões por ano não era suficiente. Dusan, que entretanto estava a ceder aos adeptos, pediu 8 milhões líquidos por ano e eles próprios aumentaram o valor da comissão, exigindo também 10% de uma futura venda e exclusividade".