Nesse dia, coincidindo com a abertura do Campeonato do Mundo de Futebol nos Estados Unidos, a cobertura televisiva de outros grandes eventos desportivos, como as finais da NBA e o Open dos Estados Unidos, foi interrompida para transmitir imagens da perseguição, enquanto a Domino's Pizza registava um número recorde de encomendas de telespectadores que não queriam perder um único momento da ação.
O momento, captado por helicópteros de televisão e jornalistas sem fôlego e transmitido para todo o mundo, continua a ser uma obsessão para algumas pessoas.
Mas um espetador estava particularmente fascinado."Estávamos todos amontoados e a observar, ninguém respirava... ficámos ali completamente espantados e fascinados. Foi estranho porque (havia) pessoas à espera que ele se matasse.... E o meu pai e eu não queríamos... queríamos que ele fosse apanhado e responsabilizado", recordou Kim Goldman, num podcast de 2019, que assinalava o 25.º aniversário do evento..
Cinco dias antes, o irmão de Goldman, Ron, tinha sido esfaqueado até à morte juntamente com a ex-mulher de Simpson, Nicole Brown Simpson, num duplo homicídio que chocou a América e o Mundo.
Absolvido criminalmente, culpado civilmente
Simpson foi acusado e absolvido em 1995 por um júri de Los Angeles, num caso denunciado por muitos como um circo mediático que ficou conhecido como o "Julgamento do Século". A absolvição da antiga estrela do futebol americano e ator de Hollywood foi recebida com incredulidade pela maioria dos norte-americanos.
Em 1997, Simpson foi considerado responsável pelas mortes por um tribunal civil e condenado a pagar à família de Goldman uma indemnização de 33,5 milhões de dólares, montante que permaneceu em grande parte por pagar.
Simpson defendeu a sua inocência e também negou que tenha tentado fugir durante a famosa perseguição no Ford Bronco. Durante a perseguição, disse ao telefone a um detetive da polícia de Los Angeles para "avisar toda a gente que não estava a fugir", mas sim a visitar a campa de Nicole.
A polícia encontrou no carro uma mala com o passaporte de Simpson e dinheiro, bem como uma arma, o que levantou suspeitas, apesar de a acusação não a ter apresentado como prova.
Para Geoffrey Alpert, um professor da Universidade da Carolina do Sul que estuda as perseguições policiais, a celebridade de Simpson acentuou um fascínio profundamente enraizado por estes casos no país.
"Ficamos à espera do acidente. Ninguém quer que alguém morra, mas certamente gostamos de ver algum caos", disse Alpert à AFP em 2019.
O próprio carro, propriedade do amigo de Simpson, Al Cowlings, que era o condutor durante a perseguição, está em exposição num museu do crime do Tennessee.