Nicolás Otamendi chegou à Europa pelas portas do FC Porto, onde esteve durante quatro temporadas, antes de rumar ao Brasil e, mais tarde, a Espanha, para jogar no Valência. Esteve apenas uma época no Mestalla e assinou pelo poderoso Manchester City, clube que deixou após cinco épocas, para jogar num antigo rival: o Benfica.
"Obviamente, era um desafio para mim. Estive três anos e meio no FC Porto e quando vais para um clube rival é um desafio complicado. Mas na minha cabeça tinha a mentalidade que me diferencia. Quadndo chegas a um clube tens sempre o desafio de tentar render e a minha mentalidade era essa: chegar o mais alto possível no Benfica, com títulos, sabendo que era um desafio complicado. Em nenhum momento me assustei ou tive medo por ter jogado num clube rival alguns anos antes. Foi um desafio fantástico e estou muito agradecido ao clube. Não me arrependo nada de ter vindo para aqui", explicou, em entrevista ao jornal Record.
Depois de duas épocas sem conquistar títulos, Otamendi celebrou o campeonato na temporada passada e já tem a mira no bicampeonato.
"Neste momento, o Sporting está numa boa fase. O FC Porto também está sempre na luta, assim como o SC Braga. Mas mais do que isso temos de pensar em nós, porque já perdemos pontos que talvez não tivéssemos perdido na temporada anterior. Temos de continuar a somar vitórias e seguir o nosso caminho. É lindo disputar finais, mas melhor ainda é vencer essas mesmas finais. Temos de seguir sempre com esta mentalidade", explicou.
O defesa argentino aproveitou ainda para elogiar Viktor Gyökeres, jogador do Sporting que já marcou frente ao Benfica.
"É um jogador com muita qualidade. Faz bons movimentos e, na verdade, atravessa uma boa fase. Trataremos sempre de observá-lo e, quando o defrontarmos outra vez, tentar eliminar as suas principais características de forma a que não seja efetivo e que não nos marque mais golos".
"O Guardiola é parecido ao Schmidt no tema das folgas"
Desde que Roger Schmidt chegou ao Benfica, a questão das folgas tem dado que falar. Os encarnados já tiveram direito a vários dias consecutivos de pausa, mas acabaram por perder alguns pontos no regresso à competição. No entanto, Otamendi destaca a importância do descanso e compara Roger Schmidt a Guardiola.
"Para mim é importante. O Pep Guardiola é igual no tema das folgas, muito parecido com Roger Schmidt. Quando o jogador tem de treinar, tem de estar foco no treino. Quando tem o dia livre, tem de desconectar do futebol para descansar a mente, a cabeça e as pernas também. Não somos robôs que estão todos os dias a treinar. Isso não te ajuda a desconectar. Já o vivi com o Pep e agora com o Roger e para os jogadores é um alívio quando tens dias livres. Ajuda-se a desconectar, para estar com a família, com os filhos. É muito importante".
O capitão do Benfica admitiu a campanha pouco conseguida na Liga dos Campeões, mas colocou o foco já na Liga Europa, na qual o Benfica vai defrontar o Toulouse.
"A diferença para os anos anteriores é que não competimos como deveríamos ter feito. As coisas não saíram, não acreditámos em nós e por vezes isso implica uma fatura alta. Na Champions é assim, ao mínimo erro perdes um jogo e já vais condicionando o que falta. Tivemos oportunidade de nos qualificar para a Liga Europa, que era importante para nós e para o clube, de modo a continuar nas competições europeias, que são lindas de jogar. Temos a possibilidade de na Liga Europa jogar da forma que fizemos nos anos anteriores. Competir é a chave para chegar o mais longe possível. Vamos tentar reverter a situação na Liga Europa, já que não podemos mostrar o nosso futebol na Champions".
Agradecimento a Jorge Jesus
Por fim, o defesa de 35 anos aproveitou para agradecer a Jorge Jesus. Apesar da "exigência" alta do treinador para com Otamendi, "por vir da Premier League", o técnico português confiou-lhe a braçadeira que ainda enverga na quarta época de águia ao peito.
"Estou-lhe muito grato porque cheguei ao clube e ele deu-me a braçadeira. Havia jogadores de referência, qua não estavam na equipa, e eu respeitava isso. André Almeida e Pizzi alternavam um pouco. Sempre com respeito por eles terem sido capitães e pela história que tinham no clube, quando não estavam eles, estava eu. Serei sempre grato por receber a braçadeira de capitão".