Protestos marcam futebol feminino em ano de Mundial

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Protestos marcam futebol feminino em ano de Mundial
Putellas pode falhar o Mundial
Putellas pode falhar o MundialAFP
Em ano de Mundial de futebol feminino, jogadoras de várias seleções manifestaram-se para condenar os métodos de gestão, exigir melhores condições ou apelar à igualdade de salários, e os sacrifícios estão a dar frutos a quatro meses do espetáculo começar na Austrália e na Nova Zelândia.

Em França, a revolta de algumas das melhores jogadoras do país, liderada pela capitã Wendie Renard, levou ao despedimento da selecionadora Corinne Diacre na quinta-feira. Já seleção do Canadá ameaçou entrar em greve devido a questões salariais, de financiamento e contratuais.

Enquanto isso, 15 membros do plantel espanhol decidiram, em setembro, retirar-se da seleção, apelando a grandes mudanças, incluindo a saída do selecionador Jorge Vilda, que permanece ao leme.

Jonas Baer-Hoffmann, o secretário-geral da FIFPro, disse que, em muitos casos, a liderança do desporto está atrasada em relação às aspirações e realizações das jogadoras.

"Quer sejam as próprias condições e apoio económico das jogadoras, os ambientes de treino, a falta de estruturas profissionais nas suas federações e Ligas - não correspondem ao que é pedido e entregue pelas jogadoras em campo e para fazer crescer o desporto", disse à AFP.

"Nenhuma jogadora deveria ter de sacrificar uma parte da sua carreira para alcançar o que está a pedir e isso mostra como a liderança em muitas organizações ainda não dá respostas para se comprometer verdadeiramente com o futebol feminino", continuou.

Estrelas falham o Campeonato do Mundo?

As jogadoras de França, Canadá e Espanha não são as primeiras a pedirem mudanças.

Ada Hegerberg, a primeira vencedora da Bola de Ouro feminina, retirou-se do cenário internacional em 2017, citando preocupações sobre a desigualdade de tratamento dado às seleções masculinas e femininas pela federação norueguesa.

A equipa dos Estados Unidos, liderada pelas superestrelas Carli Lloyd, Megan Rapinoe e Alex Morgan, apresentou uma queixa contra a Federação Americana de Futebol, alegando discriminação salarial.

A luta acabou por conduzir a um importante acordo coletivo de negociação no ano passado, que significou que as seleção norte-americanas masculinas e femininas partilhariam uniformemente o prémio do Campeonato do Mundo pago pela FIFA.

Morgan ofereceu o seu apoio às jogadoras francesas nas redes sociais.

"Sabes que é um caso sério quando a jogadora mais internacional não pode jogar" pela França, disse Morgan.

É impressionante ver tantas revoltas a acontecerem tão perto do Campeonato do Mundo, que começa a 20 de julho. A possibilidade de algumas das maiores estrelas não comparecerem na Austrália e Nova Zelândia é "uma ameaça muito real", de acordo com Baer-Hoffmann.

"Esperamos que aqueles que têm a capacidade de mudar essas circunstâncias não sintam que isto é um jogo de poder pelo qual têm de lutar, mas vejam que o protesto vem de um desejo genuíno de melhorar o jogo, torná-lo acessível a todos", afirmou.

Espanha com a equipa B

No Canadá e em França, os protestos venceram.

Diacre foi demitida na quinta-feira, enquanto o presidente da federação do Canadá, Nick Bontis, demitiu-se recentemente, admitindo que era necessária uma mudança no topo da organização.

Desde então, o Canadá propôs um acordo de igualdade de salários que, segundo a federação, fará da seleção feminina a segunda mais bem remunerada do mundo.

No entanto, ambas as disputas deixaram uma marca, com Renard a falar de preocupações com a sua saúde mental.

Christine Sinclair, a melhor marcadora de sempre do Canadá, disse numa audiência governamental que "nunca tinha sido tão insultada como fui pelo próprio presidente da federação no ano passado, quando nos reunimos com ele para discutir as nossas preocupações".

Em Espanha, no entanto, não há sinais de regresso das jogadoras que renunciaram depois de a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) ter apoiado Vilda.

Assim, o selecionador convocou efetivamente uma equipa B para os jogos mais recentes, embora a goleadora Jennifer Hermoso tenha voltado a marcar presença.

No entanto, a incerteza envolve a estrela Alexia Putellas, que ainda está a recuperar de uma grave lesão no joelho.

Putellas, que ganhou a Bola de Ouro e o The Best em 2022, expressou o seu apoio às colegas espanholas, pelo que resta saber se voltará à equipa quando estiver em forma.

"É um problema que se está a generalizar. As jogadoras não têm a possibilidade de dar o seu melhor. Temos de lutar todos os dias para tentar melhorar as coisas", disse Putellas numa entrevista à beIN Sports.