Assim que o mês de fevereiro chega, o PSG tem por hábito iniciar os seus jogos europeus com dificuldades, sejam elas devido a lesões, suspensões ou más dinâmicas entre a equipa. Esta temporada não parece muito diferente das anteriores e Christophe Galtier terá de ser criativo contra uma equipa muito bem consolidada.

No plano ofensivo, Kylian Mbappé é a árvore que esconde a floresta nos grandes encontros europeus, tendo marcado diante da Juventus, em casa e fora, e frente ao Benfica, no Parque dos Príncipes. A sua utilização é incerta até o último momento - a equipa técnica apenas decidirá hoje se o avançado está disponível ou não - e o PSG precisará, por isso, de Lionel Messi e Neymar em grande nível, ao contrário do que aconteceu diante do Marselha. O brasileiro sabe-o e "gosta de jogar contra grandes clubes", jogos em que "os grandes jogadores devem estar presentes" .

A "batalha no meio", como Galtier explicou, será o ponto-chave do duelo, mas pode ser nas laterais que o PSG encontre a solução. E é aqui que Achraf Hakimi tem a sua oportunidade para brilhar. 

Confiança e liberdade na base da melhor versão de Hakimi

Na sua segunda temporada no clube da capital francesa, Hakimi apresenta-se com muito mais liberdade do que na temporada anterior, depois de uma adaptação que demorou, mas foi feita de forma sustentada.

A relação intempestiva com alguns colegas de equipa durante o ano passado fez com que o marroquino tivesse sentido dificuldades em encontrar o seu lugar, quer no grupo, quer no relvado, mas, com a chegada de Luis Campos e Christophe Galtier a Paris, as coisas evoluíram favoravelmente para ele desde o início da temporada 2022/2023.

O jogador, que mantém forte relação de proximidade com Kylian Mbappé, cresceu em confiança e destaque, e o Mundial-2022 foi o ponto alto para que desse esse passo. 

"O facto de estarmos com uma defesa de quatro homens permite que ele chegue vindo de trás, desde mais longe. É um jogador muito ofensivo, embora defenda cada vez melhor. Tem uma relação privilegiada com Messi há alguns e vem de um Mundial muito bom, durante a qual foi eleito o melhor jogador africano. Está cheio de confiança, estamos muito felizes por tê-lo neste nível", destacou o treinador do PSG depois da boa prestação do lateral frente ao Toulouse (2-1).

E a verdade é que o seu bom momento é visível em campo. Quando joga, a sua capacidade pela ala direita é essencial para a equipa. Lateral desde a mudança de sistema tático, Hakimi é um dos jogadores que mais impacto tem causado no conjunto orientado por Galtier. Em 21 jogos disputados no campeonato, o marroquino fez 26 passes decisivos e conseguiu livrar-se do opositor direto por 20 vezes. Estatísticas que comprovam a liberdade conquistada com o novo técnico do PSG . 

"Estou feliz com a forma como comecei o ano. Com o Mundial, ganhei muita confiança. Sinto-me mais livre, procuro mudar minha mentalidade, não pensar mal e levar coisas positivas para ajudar a equipa", disse o lateral-direito depois do encontro diante do Toulouse . 

Quatro golos e três assistências completam os seus números. No entanto, o aspeto ofensivo não é o único em que marroquino evoluiu. Defensivamente, o jogador também tem assumido a liderança. Hakimi é menos ultrapassado pelos avançados adversários, antecipa-se melhor e o seu posicionamento quando o PSG está em bloco baixo é cada vez mais correto. Para além disso, assim que recupera a bola, a sua aceleração permite-lhe ultrapassar a primeira cortina adversária com facilidade. Em suma, o lado direito parisiense também evoluiu numa vertente que era uma das suas fragilidades. 

Na transição pode estar o ganho

Mas, então, de que forma é que Achraf Hakimi pode ser decisivo esta noite contra o Bayern? A formação germânica é um rolo compressor e quando ataca pode ser imparável. Habituados a acelerar o jogo desde o seu início - algo que os parisienses não apreciam -, o objetivo dos bávaros passará por aproveitar qualquer erro do adversário.

Acompanhe aqui as incidências do jogo.

Por isso, o PSG terá de ser forte atrás durante as investidas alemãs e, inevitavelmente, vai ter de responder. Com uma defesa com três ou quatro homens, o marroquino vai ter de lidar com jogadores de grande qualidade e rotação: Alphonso Davies, João Cancelo e Kingsley Coman são os atletas que podem surgir do lado esquerdo do Bayern.  

Recuperada a bola, a formação de Munique pode ser empurrada na transição e é aqui que Hakimi - a par de Nuno Mendes - poderá ter um papel importante. Com tendência a ter sua defesa posicionada em zona central, as transições do PSG terão de ser trabalhadas na perfeição. O contra-ataque será importante para quebrar as linhas adversárias e a projeção dos laterais terá que ser feita de forma inteligente e no tempo certo, tendo sempre em atenção os espaços livres deixados atrás. 

O PSG tem a sua oportunidade. É "50-50", como disse Galtier. Num momento menos bom da temporada, os parisienses podem encontrar um novo impulso numa competição tão importante e sob o olhar atento dos seus adeptos. "Se pegarmos nas estatísticas, podemos acreditar que o Bayern é favorito. Mas é a Liga dos Campeões. Os meus jogadores estão habituados. Tenho um grupo muito mais completo para amanhã", atirou o técnico francês na antevisão.