“Vou tentar aprender português o mais rapidamente possível (risos). Estou muito contente por estar aqui e muito feliz por representar uma das seleções com mais talento do mundo. A primeira vez que falei com o presidente da FPF, sabia que este era o projeto desportivo que esperava. Entendo que há muitas expetativas, há grandes objetivos, mas também percebo que há uma grande equipa na FPF e na Cidade do Futebol. Tenho a esperança de que, todos juntos, vamos cumprir os nossos objetivos”.
Conta com Cristiano Ronaldo? “As decisões no futebol tomam-se no terreno de jogo. Não sou um treinador de tomar decisões num gabinete. O meu ponto de partida é conhecer todos e, a partir daqui, falar com todos os jogadores. A lista dos 26 do último Mundial é o meu ponto de partida e Cristiano é um desses jogadores. Tem 19 anos de seleção e merece o respeito de termos uma conversa. A partir daí temos de criar, em 10 semanas, a melhor equipa para qualificação para o Europeu-2024”.
Papel de Ronaldo: “Como disse, começámos agora um processo futebolístico que serve para tentar conhecer todos os jogadores que podem entrar na seleção. Há 54 jogadores nas cinco maiores ligas que têm menos de 28 anos. Temos o Benfica e o FC Porto na Liga dos Campeões. O meu trabalho é dar oportunidade a todos os jogadores e respeitá-los. Já defrontei estes jogadores e estou feliz por tê-los do meu lado. É um processo que acontece com naturalidade, muito trabalho e responsabilidade”.
Portugal pode vir a jogar com três centrais? “Sim. O mais importante é sermos uma seleção muito competitiva. Quando vejo o meu período de selecionador nacional, em seis anos e meio tivemos 28 jogos invictos. É uma forma de criar competitividade na equipa. Nos grandes torneios há outros aspetos que decidem os jogos. Portugal tem de ter a ambição de competir por tudo. Para isso há que ser uma equipa moderna. Uma equipa moderna tem flexibilidade tática, joga com uma linha de três ou de quatro (na defesa). Depende dos jogadores que tenhamos. O meu trabalho e da equipa técnica é procurar as melhores soluções para aproveitar ao máximo o talento dos jogadores de Portugal. Temos de ser uma equipa capaz de jogar com as grandes transições do futebol moderno. Temos de ser estruturados com bola e controlar os jogos. Há muita flexibilidade tática que dependerá dos jogadores que tenhamos”.
Obrigação de ser protagonista em todos os jogos: “Como selecionador adversário, Portugal sempre foi competitivo e soube competir. Esse foi o meu ponto de partida e não podemos perder isso. A partir daí temos de procurar jogadores que possam expressar o seu talento. Temos de saber usar o nosso talento no ataque, jogar com alegria e nunca perder a competitividade. Temos de trabalhar como um clube. Gosto de trabalhar com uma grande unidade e com todas as equipas das camadas jovens”.
Geração belga: “Tivemos um período bastante intenso. A Bélgica esteve quatro anos seguidos como número um do Mundo. Deixo a avaliação para outros. Do que vejo, tenho grandes expetativas do jogador português. É um jogador que se adapta muito bem às ligas estrangeiras, sabem aumentar competitivamente a equipa e é continuar a trabalhar com esses jogadores. O jogador português pode contribuir para uma forma de jogo competitiva”.
Objetivo Euro-2024? “O objetivo tem de ser sempre sonhar alto. O importante é o selecionador entender o projeto: se não se qualificar para o Europeu, não pode ganhar; se não se qualificar o Mundial, não pode ganhar o Mundial. Temos de dar passos pequenos para assentar as bases e começamos, em março, com dois jogos importantes. Esta equipa tem de representar o povo português. A minha intenção é bem clara e por isso é que estou aqui. Acredito no projeto, acredito no jogador português e tenho a esperança de que podemos crescer juntos”.
Substituir Fernando Santos: “Para mim é sempre mais fácil substituir um grande selecionador porque podes continuar o grande trabalho que foi feito e nós não podemos perder isso. Cada treinador trabalha de uma forma diferente, mas a ideia é agradecer ao Fernando Santos o trabalho que foi feito e tentar manter as grandes coisas que há nesta equipa”.
Equipa técnica: “Tenho bastante clara a estrutura e as funções de cada um. Depois de sete anos no futebol internacional, sei exatamente o que é preciso e vamos finalizar nos próximos dias. Não posso anunciar nada, mas sim, é verdade que gostaria de trabalhar com um português que tenha carreira internacional e jogado na seleção. Isso seria muito importante para ajudar a equipa técnica a perceber o que é o futebol português”.
Sistema conservador? “Não acredito em sistemas. Acredito nos seres humanos que jogam o futebol. Há que aproveitar o talento e encontrar uma estrutura que ajude o talento a ganhar jogos. Não podemos forçar um talento a adaptar-se ao sistema”.