O Espinho pode subir, de forma automática, dos distritais para o segundo escalão do futebol português. Contas simples, salta o Campeonato de Portugal e salta a Liga 3, diretamente para a Liga 2.
Ora esta operação será feita através de uma parceria, ou melhor, uma fusão, entre o Sporting Clube de Espinho e a União Vilafranquense, SAD, essa sim atualmente na Liga 2.
É conhecido o arrastar e desgastar das relações entre a SAD do Vilafranquense e o clube de Vila Franca de Xira, que atirou o futebol sénior e profissional do clube para o Estádio Municipal de Rio Maior, nas últimas épocas, desde que o clube conseguiu a subida às divisões profissionais.
Perante esse cenário, a SAD do Vilafranquense finalizou o processo de separação total do clube no passado dia 15 de dezembro, através de uma Assembleia-Geral do clube que possibilitou a venda dos últimos 10 por cento que o clube detinha da Sociedade Anónima Desportiva, bem como a criação de uma nova associação.
À segunda foi de vez
Esta não foi, claro, uma decisão pacífica. Resultou, de facto, numa relação de constante desgaste, que foi afastando época após época o futebol sénior da cidade de Vila Franca de Xira, até chegar a um cenário de retorno impossível.
Ainda assim, a primeira tentativa de Assembleia-Geral, a 15 de novembro, não foi bem sucedida, depois dos sócios terem chumbado a ordem de trabalhos apresentada nessa altura, e que era semelhante à que aconteceu neste mês de dezembro: a suspensão da atividade desportiva do UDV, a constituição de uma nova associação desportiva herdeira do UDV e a transmissão da participação dos 10% que o clube detém no Vilafranquense Futebol SAD (sociedade anónima desportiva) a favor da acionista maioritária Números Mouriscos Unipessoal Lda.
Apesar da venda não ter ficado efetivada nessa altura, o presidente da SAD do Vilafranquense, Henrique Sereno, deixou bem vincada que a decisão era irrevogável e que o futebol profissional iria mesmo deixar o clube. Nessa altura Sereno disse mesmo que estava disponível para pagar ao clube 190 mil euros pelos 10 por cento do capital e que independentemente de agora a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira prometer novamente um novo estádio, a decisão estava mais que tomada e era irreversível.

O próximo passo
E será mesmo num estádio novinho em folha que a SAD do Vilafranquense se prepara para jogar. Em Espinho.
A solução que está a ser trabalhada nos bastidores, e agora, após a Assembleia-Geral do Vilafranquense, está pronta a avançar logo a abrir o ano de 2023, passa por uma parceria entre os atuais acionistas da SAD do Vilafranquense e o Sporting de Espinho.
O próximo passo passa pela constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva do Espinho e, de seguida, a absorção do capital e influência da empresa detida por Rubens Takano Parreira, empresário brasileiro que detém a SAD do Vilafranquense, com Henrique Sereno, antigo jogador de FC Porto e Vitória de Guimarães, como representante.
Desta forma, a SAD do Espinho absorvia o capital da SAD do Vilafranquense e, com isso, a licença para competir na Liga 2.
Não é caso inédito
Apesar de ser um processo complicado e que gera controvérsia, não é inédito no futebol português, sendo que ainda há bem pouco tempo sucedeu algo semelhante entre o Estrela da Amadora e o Club Sintra Football, com uma fusão do atual clube da Liga 2.
Ao contrário do Sintra Football, fundado apenas em 2007, o Sporting de Espinho é um emblema histórico, fundado em 1914 e com onze presenças no principal escalão do futebol português.
Decisão em Assembleia
Este cenário terá sempre de passar, claro, está, por uma Assembleia-Geral do Espinho, sendo que na última, realizada precisamente em novembro, o presidente dos Tigres, Bernardo Gomes de Almeida, já tinha levantado a ponta do véu, quando afirmou que a Liga 2 estava "mais perto" do que os sócios podiam pensar.
As razões para a escolha
O Sporting de Espinho não era a única solução pensada pela SAD do Vilafranquense mas acabou por ser aquela que reunia todos os fatores que agradariam à empresa detentora dos direitos.
Além de estar nos escalões distritais e, por isso, mais suscetível de aceitar uma parceria deste género, o Espinho é um clube histórico, com uma enorme massa associativa e que terá, a partir de setembro do próximo ano, um novo estádio, ideal para competir na Liga 2.
