Norwich - Cardiff
Os ingleses do Norwich estão atualmente no nono lugar do Championship, a apenas um ponto do play-off de promoção à Premier League. No sábado, a equipa de David Wagner enfrenta o Cardiff em casa, que está imediatamente acima da zona de despromoção e, portanto, entra no jogo como um claro underdog. Ainda assim, é apenas na teoria.
A análise dos dados mostra-nos que as duas equipas deveriam estar muito mais próximas na tabela do que estão na realidade. De acordo com o modelo matemático de pontos esperados, que tem em conta a quantidade de oportunidades criadas e concedidas, o Norwich deveria estar na sexta posição, enquanto o Cardiff deveria estar na 13.ª, com apenas cinco pontos a separá-las.
Um pré-requisito importante para o sucesso num jogo de futebol é permitir ao adversário o menor número possível de oportunidades perigosas, que é o que o Cardiff está a fazer de positivo na época 2022/2023. Em termos de golos sofridos esperados, a equipa é a sexta melhor do Championship, acima da defesa do Norwich, que é a décima quarta nesta métrica.
A defesa do Cardiff sofre com o mau desempenho do guarda-redes Ryan Allsop. Em termos de média, se qualquer guarda-redes do Championship sofresse remates idênticos, sofreria menos sete golos do que ele. O Norwich, por outro lado, resolveu os problemas na baliza quando Tim Krul foi substituído pelo muito mais confiante Angus Gunn durante a época. Se tivermos em conta os desempenhos dos guardiões entre os postes, as defesas de ambas as equipas são equilibradas. Tal como as estatísticas tradicionais dos golos sofridos (sem penáltis) - Norwich 33, Cardiff 34.
Em condições normais, a vitória dos canaries seria provavelmente decidida pelo seu ataque, que é o terceira mais perigosa da liga em termos de golos esperados (xG). No entanto, a dupla ofensiva, composta por Teemu Pukki e Josh Sargent, não começou o jogo de terça-feira contra o Birmingham e, na altura em que este artigo foi escrito, ainda não é claro se pelo menos um deles irá estar em campo no jogo deste fim-de-semana.
Se a sua condição não melhorar, o Norwich perderá quase 50% dos seus xG. Pukki tem 25% até agora nesta temporada, enquanto que Sargent é responsável por 23%. Mesmo a simples ausência de um deles seria um duro golpe, até porque a equipa não tem substitutos com a mesma capacidade. Adam Idah jogou apenas 1000 minutos no Championship, mas em termos de perigo, é um dos noves bem abaixo da média.
Contra o Birmingham, o Norwich marcou três vezes, mas é preciso ter em conta que o adversário tem uma das piores defesas do campeonato. E na baliza esteve John Ruddy, que está bem abaixo da média em todos os modelos importantes que avaliam a qualidade de um guarda-redes.
O Norwich é uma das equipas com mais contra-ataques do Championship. Em termos de volume e qualidade das oportunidades criadas, apenas o Sheffield é mais ativo a este respeito. No entanto, a possível ausência de Pukki e Sargent reflectir-se-à neste dados - dos 17 xG criados em contra-ataques, a dupla é responsável por 9 xG.
O Cardiff também costuma sair-se bem contra equipas semelhantes. Se olharmos para a sua capacidade de defesa de contra-ataques, o conjunto está entre os melhores de acordo com os modelos matemáticos. E isto confirma-se na realidade, uma vez que apenas o Millwall sofreu menos golos em contra-ataques.
O Norwich está também entre os primeiros em termos de bolas paradas, mas o Cardiff tem o potencial de reverter este dado, pois permite as oportunidades menos perigosas do Championship. Até agora, na competição, sofreram apenas cinco golos após cantos ou livres, o segundo número mais baixo da liga.
Sevilha - Osasuna
Na época 2021/2022, o Sevilha terminou no quarto lugar e alcançou a fase de grupos da Liga dos Campeões, mas na atual temporada, os andaluzes estão apenas três pontos acima da zona de despromoção após 22 jornadas.
Isto deve-se principalmente a uma defesa permeável que permite aos seus oponentes um elevado volume de remates em zonas perigosas. Neste caso, as estatísticas de xG concedidos são bastante reveladoras - apenas Almeria e Elche, duas equipas que lutam pela salvação, defendem pior. A direção não conseguiu substituir Jules Koundé e Diego Carlos, e se Yassine Bono não estivesse na baliza, poderia ter sido ainda pior. A propósito, o guarda-redes, falhou o jogo de quinta-feira da Liga Europa contra o PSV devido a doença e não é certo se vai estar no confronto deste fim-de-semana.
Por outro lado, o Osasuna é uma equipa mais sólida na defesa. A sua média de 0,98 golos esperados concedidos por jogo está ao nível do Atlético de Madrid. A razão pela qual uma equipa está no topo da liga e a outra no meio da tabela prende-se com o ataque. Enquanto o Atleti tem 1,42 xG por jogo, o Osasuna cria 0,89, menos 37%.
Contra o Sevilha, contudo, este não deve ser um problema intransponível para o Osasuna, uma vez que provavelmente terão hipóteses contra a sua fraca defesa. Ofensivamente, não estão muito distantes. A crise da equipa andaluza reflete-se também no ataque, que ronda atualmente o 1 xG por jogo, o que é apenas uma ligeira diferença em relação ao Osasuna.
Na última ronda, o Sevilla jogou contra o Rayo Vallecano e, apesar de ter saído do jogo com um empate (1-1), acabou por conquistar um ponto ao invés de perder dois. O adversário teve uma vantagem territorial muito maior e conseguiu criar várias oportunidades perigosas. O Sevilha, por outro lado, foi invisível no ataque e só conseguiu três remates à baliza dos dezasseis totais. O xG final? apenas 0,38.
O Osasuna, tal como o Rayo Vallecano, cria oportunidades principalmente através de cruzamentos e de lançamentos longos na zona 14 (zona central em frente à área), na qual o Sevilha terá grandes dificuldades. Isto também se deve ao facto de o Osasuna ter a segunda maior taxa de sucesso de recuperações de bola no último terço, dado em que o Sevilha não se sai nada bem. Apenas Maiorca e Villareal têm mais problemas com as segundas bolas.
O Osasuna não deve perder nenhum dos seus jogadores importantes, enquanto que a lista de lesões do Sevilla é muito mais alta. Por exemplo, Karim Rekik e Loïc Badé falharam o último jogo, o que é outro revés para a linha defensiva instável.
Bónus: PSV - Twente
Um dos destaques da 23.ª jornada da Eredivisie será o duelo entre o quarto colocado PSV Eindhoven e o quinto colocado Twente, que pode alcançar o seu adversário em caso de vitórias. Falamos de duas equipas muito boas em termos defensivos - e equilibradas. Ambas as equipas sofrem, em média 1 golo esperado por jogo, registo que é o terceiro melhor, apenas atrás de Ajax e Feyenoord, que sofrem cerca de 0,85.
O PSV destaca-se do seu adversário no ataque (2,19 xG por jogo contra 1,6), mas neste encontro o grande destaque pode ser o desempenho do guarda-redes, que faz do Twente a melhor equipa defensiva da liga.
O alemão Lars Unnerstall leva cinco golos abaixo do valor esperado, o que perfaz claramente o melhor registo entre as cinco equipas do topo da competição. Por outro lado, Walter Benítez, do PSV, não está nada bem: se o guarda-redes enfrentasse os mesmos remates, sofreria mais quatro golos.
O PSV cria muitas oportunidades a partir das bolas paradas e, ao mesmo tempo, tem uma grande quantidade de jogadores que podem finalizar a partir delas, quer seja o defesa Armando Obispo, o médio-defensivo Ibrahim Sangaré ou o avançado Luuk de Jong.
A equipa já marcou 11 golos, o que é o melhor registo entre todas as equipas da liga. No entanto, o Twente está entre os melhores na defesa das bolas paradas, de acordo com modelos matemáticos, pelo que pode não ser uma vantagem tão significativa para o PSV.
A arma mais temida do PSV é, também, os seus contra-ataques, mas defendê-los é uma das armas mais fortes do Twente - até agora só sofreram quatro golos, o menor registo da liga. Em comparação, o Excelsior soma 19, o PSV leva 11 e o Ajax 10. A sólida defesa do Twente pode ser o catalisador para um resultado surpreendente.