Reportagem: O "até logo" de João Sousa teve lágrimas mas foi feliz

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Reportagem: O "até logo" de João Sousa teve lágrimas mas foi feliz
João Sousa foi homenageado no Estoril Open
João Sousa foi homenageado no Estoril OpenEstoril Open
O “até logo” de João Sousa foi ‘celebrado’ com lágrimas e nostalgia, com o melhor tenista português de sempre a ser homenageado pela organização, mas também por antigos colegas, na presença das pessoas mais importantes da sua vida.

A carreira de singulares de João Sousa acabou com uma bola na rede e muitas lágrimas, nas bancadas, mas também no court central do Clube de Ténis do Estoril, onde o vimaranense de 35 anos recebeu a companhia da mãe Adelaide, do pai Armando e do irmão Luís e, como não podia deixar de ser, do seu treinador de sempre, um muito emocionado Frederico Marques.

A emoção, no entanto, foi ‘palpável’ desde o início do encontro do jogador português com o jovem francês Arthur Fils – a nostalgia sentia-se nas bancadas, hoje ‘banhadas’ por um sol intenso, após uma terça-feira chuvosa e cinzenta que adiou o final da carreira de Sousa para a terceira jornada.

Apesar de muito composto - não houve lotação esgotada, embora a organização tenha anunciado que todos os bilhetes tinham sido vendidos -, o court central foi tímido no apoio ao melhor português de sempre e vencedor do Estoril Open de 2018.

Metros mais ao lado, no court Cascais, Nuno Borges e Francisco Cabral, os outros tenistas nacionais a sagrarem-se campeões do único torneio ATP português, mas em pares, tinham apoio mais ruidoso, com os gritos do público a serem trazidos pelo vento entre os pontos do último encontro de singulares da carreira de Sousa.

Sob o olhar de colegas estrangeiros, como o francês Richard Gasquet, e portugueses, como o já retirado Pedro Sousa, Jaime Faria, Henrique Rocha, Frederico Silva ou João Domingues, ‘Joey’, como é carinhosamente tratado pelos ‘seus’, pareceu sempre uma sombra de si mesmo, sem rasgos daquele espírito guerreiro que caracterizou toda a sua carreira.

Visivelmente em paz com a sua decisão – algo que foi bastante evidente nos dias anteriores, nos bastidores do Clube de Ténis do Estoril -, o vimaranense lutou, como sempre, nunca abdicou de tentar, mas esteve bem mais sereno do que é seu habitual, vociferando um par de vezes sem grande convicção.

Uma hora e 50 minutos depois de iniciar o encontro da primeira ronda frente ao 37.º jogador mundial, a carreira de singulares de João Sousa acabou, perante um público rendido aos feitos do melhor tenista nacional de sempre, que aplaudiu de pé.

O momento era seu e Fils, de apenas 19 anos, sabia-o: abdicou das palmas, apontando para o veterano luso, já depois de ter escrito na câmara “Congrats João”.

Primeiro, quero dar os parabéns ao João pela sua carreira fantástica, é inacreditável”, disse o francês, que ganhou o encontro por 7-5 e 6-4.

Recorde as incidências da partida

Após o discurso do vencedor, os apanha-bolas perfilaram-se, e a família e Frederico Marques foram chamados ao court, com o parceiro de todos os feitos de Sousa a fundir-se num abraço com o seu grande amigo.

Um vídeo com os melhores momentos no torneio do campeão de 2018 emocionou os presentes, antes do discurso do homem do dia aumentar a intensidade das lágrimas que se vislumbravam debaixo dos óculos de sol.

São muitas emoções à flor da pele. Obviamente, depois de tantos anos dedicados ao ténis, à minha paixão, terminar aqui neste evento, neste court que foi tão especial para mim, é sempre muito bom. Acho que não podia ter eleito melhor palco para terminar a minha carreira”, confessou.

Sempre grato ao público do Estoril Open, Sousa disse que nenhum dos seus resultados faria sentido sem o apoio dos adeptos.

Vocês, ao longo destes anos, têm sido incríveis e eu queria agradecer-vos por isso. Estiveram sempre ao meu lado, nos bons e nos maus momentos”, notou, antes de se emocionar e ter de parar o seu discurso.

Nesse momento, dirigiu-se àquelas que, “provavelmente, são as pessoas mais importantes” da sua vida.

É agora quando eu começo a chorar. Realmente, sem eles nada disto seria possível. Todo o esforço que fizeram durante todos estes anos, para eu poder alcançar o meu sonho e poder ser jogador de ténis profissional. Muito obrigado, estou-vos eternamente grato, sabem disso”, disse em lágrimas, dirigindo-se à família e ao treinador.

Sousa queria agradecer a “muitas pessoas” no dia em que se despede do ténis profissional, mas havia uma mensagem mais importante a deixar: “Isto não é um adeus, é um até logo”.

Houve ainda tempo para uma foto com a família e outra da família do ténis nacional, que já integrou Borges e Cabral, que perderam a última partida de singulares de Sousa por estarem a jogar no court ao lado, assim como o capitão da Taça Davis, Rui Machado, que estava com a dupla de pares, ou Gastão Elias, e para um gesto de despedida.

O histórico ‘conquistador’ do ténis português aproximou-se do ‘T’ de serviço, baixou-se e despediu-se daquele court, do mais importante torneio da sua carreira e da sua vida como tenista profissional com duas palmadas na terra seguidas de duas no coração.