Recorde aqui as incidências do encontro
Estava numa missão e tinha um plano específico para a cumprir: Novak Djokovic estava a jogar pela história e o objetivo era o 24.º Grand Slam da carreira em Flushing Meadows para igualar o recorde de títulos em majors de Margaret Court.
Agora é um dado adquirido. Em lágrimas no final do encontro, o sérvio celebrou com uma homenagem a Kobe Bryant, recordando o número envergado pelo falecido basquetebolista.
Primeiro set de sentido único
O sérvio começou a final com muita agressividade. Foi o primeiro a servir e, de repente, já estava 0-3 depois ter quebrado o russo que não entrou com o pé direito. Com golpes de direita e esquerda, o número dois do mundi - passa a número um esta segunda-feira - manteve a troca de bolas bem atrás da linha. E quando Medvedev começou a ajustar o seu jogo e a encontrar gradualmente o backhand de duas mãos, Djoko não hesitou em variar as pancadas para manter os winners (1-4).
Dominante durante todo o primeiro set, Djokovic foi muito rigoroso quando as trocas com o número 3 do mundo se tornaram difíceis. Muito forte na defesa, tem muitas vezes - talvez demasiadas - a última palavra.
O nível de Medvedev subia a passos largos e começava a encontrar a sua eficácia na devolução de serviço. Apesar de tudo, nada foi capaz de perturbar o sérvio, que venceu facilmente o primeiro set (3-6) graças a 12 winners, entre outras coisas. Do lado do russo, 11 erros não forçados e três duplas faltas pesaram na balança.
O imortal Novak Djokovic
Ao contrário dos jogos dos quartos de final e da meia-final, Novak Djokovic esteve muito mais à vontade com as condições climatéricas. Cada movimento, cada pancada e cada ponto ganho são calculados e controlados. Foi extremamente preciso e utilizou muito o slice para desequilibrar o adversário. Medvedev foi especialmente vulnerável no serviço do sérvio - perdeu a zero os primeiros três jogos de serviço de Djokovic no segundo set.
Mas o final tomou um rumo diferente e foi a vez do sérvio sofrer. Medvedev ganhou um grande jogo no seu serviço mesmo antes da mudança de campo. Depois de jogar 13 disputados e um break evitado, o russo acertou um quinto ás para liderar por 4-3, enquanto Djokovic parecia fisicamente desgastado pela primeira vez no encontro.
Pela primeira vez no set - ou mesmo no jogo - o futuro número 1 do mundo teve problemas com o serviço. Nenhum dos primeiros golpes passou e houve alguma melhoria por parte do russo. Levado ao limite - Medvedev teve o seu primeiro ponto de break do encontro -, Djokovic foi obrigado a ganhar três pontos seguidos na rede para voltar a empatar (4-4).
O sérvio estava a ficar cansado, mas as escolhas táticas continuavam a ser boas. Adapta-se aos maus momentos encontrando soluções, nomeadamente no voley, que utiliza muito. Os ralis tornavam-se cada vez mais longos, o russo devolvia cada vez melhor e Djokovic, que estava de novo à beira do caos no primeiro serviço a 6-5, resistiu depois de salvar um set point.
E, finalmente, no momento fulcral desta maratona do segundo set, o sérvio - que parece imortal - teve a última palavra. Parecia que ia ceder, mas não. Esta é a 26.ª vitória no tie-break em 31 ocasiões em 2023. Desconcertante.
Uma longa batalha de 1 hora e 45 minutos que quebrou o espírito de Medvedev.
Ainda mais na história do ténis
O terceiro e último set não foi mais do que uma formalidade. Depois da energia gasta no set anterior, e dos dois sets de desvantagem o cenário mais provável para o russo era ver o sérvio dar o golpe de misericórdia. Mais ainda quando precisou de um tempo médico para resolver as dores que sentia no ombro esquerdo.
De facto, parecia que Djoko já tinha feito o mais difícil, quando ganhou o break para chegar a uma vantagem de 1-3, mas Medvedev voltou a ir buscar forças dentro de si próprio para, pela primeira vez nesta final, conseguir quebrar Djokovic (2-3)
Mas já era demasiado tarde, Nole tinha entrado na cabeça do adversário e quebrou-o novamente no jogo seguinte (2-4). Logo a seguir, não cometeu qualquer erro e confirmou a vantagem (2-5), antes de fechar o encontro (3-6).