O AC Milan qualificou-se na semana passada contra o Tottenham, o Inter eliminou o FC Porto, enquanto o Nápoles eliminou o Eintracht Frankfurt com relativa facilidade. O futebol italiano está no topo em termos de números na fase final desta edição da Liga dos Campeões.
Passaram-se 17 anos desde a última vez que a Serie A conseguiu colocar três equipas no top-8 europeu, uma espera considerável quando se considera o que as outras principais Ligas do continente europeu fizeram na última década.
Estatística não tão significativa...
Na primavera de 2006, apenas um dos três clubes italianos conseguiu chegar às meias-finais. O Milan eliminou o Lyon - numa memorável segunda mão no San Siro -, mas depois caiu nas meias-finais com o futuro vencedor da prova, o Barcelona.
O Inter e a Juventus foram eliminados pelo Villarreal e pelo Arsenal, respetivamente, num cenário quase catastrófico, mesmo que, antes dos jogos, não fosse estranho perder para estas duas equipas. De qualquer das formas, espera-se que o destino seja diferente este ano, mas dependendo do sorteio marcado para esta sexta-feira, o idílio poderá chegar rapidamente ao fim.
As duas equipas de Milão não parecem estar no nível necessário para alcançar as meias-finais. O Nápoles, por outro lado, está bem posicionado para passar os quartos de final. Praticamente só o dérbi della Madonnina pode salvar as esperanças dos nerazzurri e dos rossoneri. Caso isso aconteça, será a reedição dos dois confrontos dos anos 2000 - nas épocas de 2002-2003 e 2004-2005.
Quando se analisa o conteúdo dos jogos, tanto na Liga dos Campeões como na Serie A, percebe-se que o Inter e o Milan têm problemas na defesa e no ataque. Isto pode revelar-se mais do que prejudicial nos quartos-de-final. No final, os adversários das equipas de Pioli e Inzaghi tiveram de lutar muito para se qualificarem para os quartos-de-final. Esta semana, os dragões mereceram mais na partida segunda mão, com os nerazzurri a sofrerem até ao final. Para os rossoneri, a história ligeiramente diferente e a sua falta de talento ofensivo podia ter sido fatal.
Mais ainda quando se olha para os potenciais adversários. Manchester City, Bayern de Munique, Chelsea, Real Madrid, Benfica e Nápoles são todos capazes de derrotar as duas equipas da capital. Acima de tudo, estes clubes são claramente superiores ao Tottenham e ao FC Porto. Se a escada se revelar demasiado alta dentro de algumas semanas, não será surpreendente. No entanto, Milan e Inter terão o seu tão aguardado desafio. Já passaram muitos anos desde as últimas batalhas europeias. 2012 para os rossoneri e 2011 para os nerazzurri são uma eternidade para os dois clubes lendários, mas a história do futebol italiano pode não ser escrita por eles, mas sim pelo Nápoles.
Não há necessidade de recordar o que os homens de Luciano Spalletti estão a fazer. Esta semana o clube qualificou-se para os quartos-de-final da Liga dos Campeões pela primeira vez na história. É um sentimento extraordinário para os adeptos, jogadores, dirigentes e staff, confirmado pelas estatísticas.
Se a equipa de Khvicha Kvaratskhelia chegar às meias-finais, irá confirmar a época histórica. No entanto, isso não significará o renascimento da Serie A a nível europeu. Desde há algumas épocas, a primeira divisão italiana mostra-se cada vez mais atrativa em termos de jogo. Porém, em termos de resultados, não temos a impressão de estarmos perante colossos europeus, à exceção do Nápoles em 2022-2023.
Numa nota positiva, esta é a primeira vez na história que quatro treinadores italianos estão presentes nos quartos de final da Liga dos Campeões (Inzaghi, Pioli, Spalletti e Ancelotti) e isso é tudo menos irrelevante.