O regresso da estrela
Sem surpresa, Tite promoveu nova revolução no onze do Brasil, em relação à equipa que perdeu com os Camarões (0-1), na terceira jornada do Grupo G. Éder Milião foi o único sobrevivente, mas até o defesa do Real Madrid mudou de posição, passando para o lado direito da defesa, depois de ter feito dupla de centrais com Bremer.
Contudo, o grande destaque vai mesmo para o regresso de Neymar. Lesionado no duelo com a Sérvia, da primeira jornada, o avançado do PSG chegou a temer uma ausência prolongada, mas foi titular no primeiro jogo da fase a eliminar.
Do lado da Coreia do Sul, Paulo Bento, regressado ao banco de suplentes, fez duas alterações em relação à equipa que venceu Portugal (2-1) e garantiu a passagem aos oitavos de final. Kim Min-jae recuperou fisicamente e voltou para o centro da defesa, com Hwang a render Kang-in Lee no ataque.
A alegria do futebol
Pensar em Brasil é pensar num futebol de sorriso no rosto, com executantes técnicos primorosos a deliciarem as bancadas. Foi isso a que os adeptos nas bancadas do estádio 974 assistiram.
Não foi uma equipa dominadora com posse de bola, mas sempre que a canarinha fez chegar o esférico aos mais virtuosos do meio-campo, o futebol tornou-se vertiginoso, imaginativo e, acima de tudo, eficaz.
Começou aos sete minutos, quando Raphinha ganhou a linha de fundo na direita, cruzou para Vinícius Júnior que, ao segundo poste, escolheu onde colocar a bola e começou a preparar a festa, tornando-se no mais jovem brasileiro a marcar na fase a eliminar de um Mundial, depois de Ronaldinho em 2022. Quatro minutos depois, Richarlison adiantou-se a Jung e sofreu um penálti. Chamado a converter, Neymar não desperdiçou e fez o 76.º golo pelo Brasil, ficando a um do rei Pelé que decerto observava satisfeito no hospital em São Paulo onde encontra internado.
O primeiro sinal de vida da Coreia de Sul surgiu aos 26 minutos, quando Hwang disparou uma bomba de fora da área para grande defesa de Alisson. Um espectador privilegiado para o carrossel ofensivo da equipa, o guarda-redes brasileiro mostrou reflexos atentos e negou o golo ao avançado do Wolverhampton, como viria a fazer mais tarde, aos 32 minutos.
Um susto que não tirou o sorriso da cara da canarinha que mais uma vez voltou a deslumbrar. Aos 32 minutos, Richarlison finalizou uma jogada que contou com uma combinação dos dois centrais (é Thiago Silva que assiste à entrada da área) e foi festejar com Tite. Do alto do respeito que comandam os 61 anos, o selecionador foi contagiado pela alegria dos pupilos e imitou o pombo, a dança que se tornou imagem de marca do avançado do Tottenham.
Desesperava Paulo Bento no banco de suplentes, mas o samba da primeira parte ainda não tinha acabado. Vinícius Júnior saiu em velocidade pela esquerda e picou a bola para a área onde Paquetá (36 minutos) apareceu a rematar de primeira.
É a primeira vez que o Brasil conseguiu fazer quatro golos na primeira parte de um jogo a eliminar em Mundiais (só o tinha feito diante do México, em 1954) e tornou-se na segunda equipa a fazer na história dos Campeonatos do Mundo depois da Alemanha em 2014… na goleada à canarinha (7-1) nas meias-finais.
Reveja aqui as incidências do jogo
Vertigem deu lugar ao controlo
O Brasil agarrou no controlo da partida, procurou pautar o ritmo de jogo e controlar a partida até ao fim. Contudo, havia mais um jogador que se queria juntar à festa e travou um duelo muito pessoal com o guarda-redes adversário.
Depois de ter assistido Vinícius Júnior, no primeiro golo, Raphinha quis também ele inscrever o nome na lista de marcadores. Contudo, Seung-Gyu Kim negou-lhe o golo em duas ocasiões, aos 54 e 62 minutos, para grande frustração do extremo do Barcelona.
Com o avançar do relógio, Tite aproveitou para gerir a condição física da equipa - lançou Dani Alves, Bremer e Martinelli - e isso permitiu alguns avanços da Coreia do Sul. A equipa de Paulo Bento foi avançando no terreno, ganou coragem e voltou a ficar perto do golo com um remate de Hwang (68 minutos) após um cruzamento na esquerda em que Alisson voltou a levar a melhor.
O guardião do Liverpool tornou-se no primeiro brasileiro a fazer mais de quatro defesas numa partidas desde Dida frente ao Gana, em 2006, mas não conseguiu segurar tudo e a Coreia do Sul teve o prémio de consolação aos 75 minutos. Paik recuperou uma bola à entrada da área e disparou uma bomba para o fundo das redes.
Nada que fizesse tremer a organização brasileira. Se é certo que a Coreia do Sul nunca se entregou à partida, a superioridade do Brasil nunca pareceu ter sido questionada e prova disso foi o facto de Tite ter lançado Weverton a 10 minutos do fim, permitindo os primeiros minutos ao guarda-redes do Palmeiras, terceiro na hierarquia da baliza da canarinha.
À semelhança do que tem acontecido nestes oitavos de final, imperou a lei do mais forte no estádio 974. O Brasil passou sem problemas pela Coreia do Sul e garantiu a oitava presença consecutiva nos quartos de final do Campeonato do Mundo (desde o Itália 1990 em que foi elimiando pela Argentina nos oitavos de final) onde vai agora defrontar a Croácia. Já a Coreia do Sul vê terminada a caminhada do Catar, onde conseguiu chegar à fase a eliminar apenas pela terceira vez na história.
Homem do jogo Flashscore: Richarlison (Brasil)
