Recorde as incidências do jogo
Fernando Santos surpreendeu com Danilo Pereira como companheiro de Rúben Dias no eixo, no lugar de Pepe, e Guerreiro rendeu o lesionado Nuno Mendes. O controlo da posse de bola parecia ser um dos pontos-chave para o engenheiro, que lançou Rúben Neves, Bruno Fernandes e Bernardo Silva. Na frente, a intensidade de Otávio e o perfume de Félix para deixar Ronaldo com uma só tarefa: fazer golos.
Do lado ganês, Otto Addo optou por uma linha de cinco defesas, num 5-4-1, e também com algumas surpresas: Seidu ocupou a lateral direita, em vez do expectável Tariq Lamptey, Jordan Ayew e Sulemana também foram relegados para o banco de suplentes, tal como Fatawu, jovem jogador do Sporting.
Pelo menos no papel era assim, na prática... já nem tanto: enquanto Rúben Neves recuava para construir junto dos centrais, Cancelo e Guerreiro projetavam-se nas laterais e a mobilidade do meio-campo trocava às voltas aos ganeses. À exceção de Ronaldo, todos trocavam entre si e procuravam linhas de passe entre o bloco ganês.
Os black stars não se preocupavam com a posse de bola dos portugueses e só pressionavam perto das imediações da área. Numa saída de bola, Kudus dominou mal o esférico, Bruno Fernandes tocou para Otávio que lançou Ronaldo na área, mas a receção do capitão saiu muito para a frente e permitiu a mancha de Ati-Zigi.
Dois minutos depois, uma bela jogada de combinação na esquerda deu pontapé de canto, na cobrança Guerreiro levantou ao segundo poste de bandeja para um cabeceamento torto de Ronaldo, com tudo para fazer o golo.
Só aos 29 minutos, o Gana atravessou, muito brevemente, a linha de meio-campo com o esférico controlado, tal era o domínio - consentido, é certo - português. Das duas uma: ou havia a hipótese de acelerar em contra-ataque, ou então aos ganeses baixavam o ritmo, demorando na reposição de bola e tentando frustrar os portugueses.
À passagem da meia-hora, Félix bombeou para a área, Ronaldo ganhou no corpo a corpo a Djiku e atirou para o fundo das redes... mas o árbitro já tinha assinalado falta do capitão português.
Até ao apito para intervalo, pouco mais se passou. Portugal estava melhor, mas faltava velocidade no último terço e um rasgo de criatividade para desmontar uma defesa compacta, mas passiva. Por seu lado, o Gana mostrava-se inofensivo..
No regresso do descanso, os dois selecionadores optaram pela continuidade das apostas iniciais. Finalmente, aos 55 minutos, os ganeses deram o primeiro aviso: Kudus galgou espaço pela zona central e, à entrada da área, rematou forte muito perto do poste esquerdo de Diogo Costa.
Pouco depois, Seidu viu cartão amarelo por falta sobre Félix e depois tentou dar uma cabeçada ao jogador português. O árbitro Ismail Elfath chamou o ganês à parte e... deixou-lhe um aviso.
Aos 63 minutos, Ronaldo chegou primeiro ao esférico e foi derrubado dentro da área por Salisu. Chamado a converter, o capitão disparou a meia para o lado esquerdo, sem hipótese defesa para Ait-Zigi, tornando-se no primeiro jogador da história a marcar em cinco Campeonatos do Mundo.
Na resposta, Kudus atirou de longe para uma defesa atenta de Diogo Costa e, no minuto seguinte, uma desatenção da defesa portuguesa permitiu a Kudus aparecer na área e ganhar a posição a Rúben Dias, cruzou rasteiro para a pequena área, Danilo falhou o corte e André Ayew, nas costas, só teve de encostar.
O jogo entrou numa fase de loucos e, nem cinco minutos volvidos, uma recuperação rápida de Portugal deixou a bola nos pés de Bruno Fernandes que lançou um belo passe para João Félix, isolado pela direita na área... picou com classe à saída de Ait-Zigi e devolveu a vantagem aos portugueses.
Pouco depois, novo contra-ataque português conduzido pelo médio do Manchester United que, à entrada da área, tocou para o recém-entrado Rafael Leão e o melhor jogador da Liga italiana na última época finalizou de primeira com classe e arrumou com as dúvidas no encontro... ou pelo menos era o que esperava.
Numa altura em que Portugal já começava a gerir - saíram Ronaldo, Bernardo Silva e Félix -, Cancelo deixou a bola fugir e permitiu o cruzamento de Baba para a pequena área, onde estava sozinho Osman Bukari, que cabeceou para o fundo das redes perante um desamparado Diogo Costa.
Até ao final, Portugal meteu o jogo no congelador e a pressão não deu a calma suficiente para aproveitar os vários lances de superioridade numérica na área ganesa. Por outro lado, no último minuto, Diogo Costa não viu o avançado nas suas costas quando colocou a bola no chão, mas a sorte protegeu os portugueses, já que o ganês escorregou na altura de roubar o esférico.
Homem do jogo Flashscore: Bruno Fernandes (Portugal).