Varandas pede coerência às claques, defende Rúben Amorim e nega abordagem a Ronaldo

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Varandas pede coerência às claques, defende Rúben Amorim e nega abordagem a Ronaldo

Varandas explicou também a venda de Matheus Nunes
Varandas explicou também a venda de Matheus NunesSporting CP
Em entrevista à RTP 3, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, atirou-se esta terça-feira ao líder da claque Juventude Leonina, recusou-se a alimentar a "novela" sobre Cristiano Ronaldo e admitiu uma "crise de resultados", mas reforçou a confiança em Rúben Amorim, treinador por quem "hoje pagaria 15 milhões de euros".

O líder leonino começou por abordar os rumores sobre um possível regresso de Cristiano Ronaldo a Alvalade, que considera ser "o melhor futebolista português de todos os tempos" e será "sempre a bandeira da formação do Sporting".

"Desde o início da época que o meu treinador é massacrado. São aqueles rumores, aquelas novelas que se criam, mas nunca houve rigorosamente nada. Por respeito a Ronaldo, ao Manchester United e à Seleção Nacional, não vou alimentar nenhuma novela", vincou.

Além disso, esclareceu que Rúben Amorim "não vetou Ronaldo", porque isso nunca "foi assunto", nem houve conversa com Hugo Viana ou o treinador.

Sobre Rúben Amorim, realçou que o técnico tem contrato "até 2024" e vai cumprir, tendo já transmitido o interesse em renovar, admitindo que esse assunto "está em cima da mesa" e o treinador está "recetivo". Embora admita que não o vai conseguir segurar "durante 20 anos", porque eventualmente dará o "salto para um grande, porque o merece e é um dos melhores do mundo".

"Não vou conseguir ter Rúben Amorim durante 20 anos. Irá dar o salto para um grande porque o merece e é um dos melhores do mundo.", atirou.

"Não há um dia que não fale com Rúben Amorim. Estamos completamente alinhados no projeto desportivo. Tem contratro até 2024, Rúben Amorim sabe o que queremos além de 2024. Ele foi e é uma peça fulcral no clube. Pagámos 10 milhões de euros e hoje pagaria 15 milhões", afiançou. 

Para Varandas, "a análise crítica em Portugal é pobre e fraca", porque quando "se ganha está tudo bem e quando se perde está mal", servindo-se da época 2020/21 para dizer que o Sporting nesse ano "jogava mal e foi campeão".

"Este ano massacrámos e não ganhámos. Existe uma crise de resultados, sim, é evidente, mas não existe crise estrutural, de competência do treinador. Jogamos como equipa grande, criamos mais oportunidades de golo do que nos últimos anos, não temos sido eficazes. Isto é um desporto. Nos dois primeiros anos de Amorim tivemos duas lesões tráumaticas em seis meses, (este ano) tivemos sete lesões tráumaticas. Chegámos a ter centrais de fora. Não há quem aguentue quando se tem seis, sete lesões. Temos tido lesões muito importantes", defendeu.

Leia, em discurso direto, as restantes declarações do presidente leonino.

"Muito se tem falado da novela Matheus Nunes..."

"Que não tínhamos de vender e vendeu-se. E de valores. A informação hoje dos três grandes está completamente acessível. Por Relatórios e Contas, em que está tudo comunicado do mercado regulado e contas auditadas. Enquanto quiserem viver numa bolha e não quiserem acordar da realidade do futebol português..."

"De 2017 a 2020, antes da COVID-19, o Sporting tinha uma média de vendas de 83,3 milhões de euros por ano. Nesta famosa época, fizemos 78,5 milhões de euros em vendas. Ficámos abaixo da média do que o Sporting vendia antes. Faço vendas não só por necessidade de tesouraria, mas também pelo fair play financeiro."

"O FC Porto, campeão nacional, fez vendas de mais de 120 milhões de euros em junho. Perdeu três titulares, perdeu um central a custo zero Porquê? Porque se não fizesse as vendas, estava fora das competições europeias. Hoje em dia não é só sobre as questões de tesouraria. Para podermos ter um orçamento de x, temos de ter receitas de y. Sabemos como é o mercado português. Se queremos ter mais investimento, temos de fazer receitas extraordinárias."

"Não tinha de ser vendido o Matheus Nunes. Tinha de fazer cerca de 80 milhões de euros em vendas. Por questões de fair play financeiro. Não é só o Sporitng que vende. O Benfica e o FC Porto têm décadas a vender acima de 80 milhões de euros por ano. Se o meu treinador ficasse satisfeito por perder o Matheus, era louco. É a realidade do futebol português ter de vender. O Benfica vendeu mais de 100 milhões, o FC Porto mais de 120."

"O Matheus era um dos melhores jogadores, mas dizer que o Sporting está a 12 pontos (do líder) porque ele saiu é minorizar este grupo. Rúben Amorim, como qualquer treinador, não quer vender nenhum jogador. Eu tenho de zelar pelo interesse do Sporting."

"Nas últimas três épocas, o Benfica investiu mais de 200 milhões de euros e ganhou zero. Mas sou responsável pelo Sporting, apesar de conhecer bem as contas dos adversários. Um dos problemas do Sporting é que durante 15 anos não investiu em nada mais que na equipa de futebol. Os adversários investiram estruturalmente no clube, na empresa, criaram receitas para além do futebol. Fizemos uma recuperação extraordinária. Muito mérito na gestão desportiva de Hugo Viana, do treinador e do grupo."

"Tivemos menos ovos que Benfica e FC Porto e não os pusemos todos na equipa de futebol. Investimos na requalificação da Academia, do estádio. Isto não dá golos mas é isto que vai permitir ao Sporting crescer. Para além dos sucessos desportivos, conseguimos 15% em sócios, receitas recorde, crescemos 70% em relação à melhor época de sempre, 2019/20. Sete das maiores vendas dos últimos dez anos foram feitas no nosso mandato. Conseguimos encurtar a distância para os rivais."

"O Sporting nestes quatro anos ganhou seis títulos no futebol, teve duas presenças diretas na Champions League. O Sporting não é competitivo? É. Temos de ser mais eficazes na aplicação de cada euro? Temos. O treinador revê-se a 100% no projeto desportivo do Sporing: aposta na formação, transformação digital e valorização da marca. É isto que vai permitir mais receitas e menos necessidade de vender."

"Nenhuma claque vai estar acima do Sporting enquanto eu cá estiver"

"Tenho mais de 40 anos de sócio do Sporting. Passei por todas as bancadas. Neste estádio nunca falhei um jogo de Gamebox. Conheço aquelas bancadas e aquelas pessoas. A mim não me preocupa, não tenho como objetivo que digam bem de mim. Têm de dizer bem do Sporting. Não desisti de ninguém que queira o bem do Sporting. E desisti ainda menos de defender o bem do Sporting. O Sporting foi campeão e tivemos um ano extremamente atribulado com as claques. Agrediram elementos do Conselho Directivo, familiares menores do Conselho Directivo - não digo que sejam só elementos da Juventude Leonina, mas sim das claques. Fomos campeões, abri as portas a quem veio de bem. Eu fiz parte da Juve Leo. Quem vier de bem, tem lugar em Alvalade, para apoiar a equipa."

"A Juve Leo demonstrou interesse de ser um Grupo Organizado de Adeptos (GOA) oficial, que cumpre critérios não feitos pelo Sporting, mas pela Autoridade de Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD). Apresentou uma lista com 1.400 associados e apenas identificou cerca de 15%. Não foi o Sporting, a APCVD considerou que não preenchiam os requisitos para ser um GOA. Alertámos a claque duas ou três vezes, não conseguimos."

"A partir daí entraram em insultos, mais uma vez. É preciso ter a coragem para dizer. A Juve Leo, hoje, é liderada por uma pessoa, Mustafá, que escreveu recentemente uma carta aberta a criticar a direção. Mas vamos ver o que o senhor Mustafá fez: Há 15 anos cumpriu uma pena de quatro anos de prisão por assaltos violentos. Neste momento, foi condenado a seis anos e meio de prisão efetiva por assaltos violentos. Se somos um clube diferente, que exigimos valores para os outros, não vamos exigir para nos próprios?!"

"Vamos meter na cabeça que isto é normal? Essa pessoa, em 2020, quando fomos campeões, ameaçou num blogue que se a direção não mudasse o comportamento com a Juve Leo iria haver um Alcochete 2.0. Depois vêm pessoas defender este tipo de gente? Quem o faz é pobre de caráter e cobarde. Não tenho nada contra nenhuma claque. As claques que vêm por bem, têm lugar para apoiar o Sporting. Mas uma coisa que fique muito clara: as claques existem para defender o Sporting e não o contrário. Nunca nenhuma claque vai estar acima do Sporting enquanto eu cá estiver."

Nenhum jogador na seleção nacional

"Respeito a decisão do selecionador nacional, mas não concordo com ela, não consigo (Pedro Gonçalves e Gonçalo Inácio). O Gonçalo Inácio é titular do Sporting desde os 18 anos, há dois anos e meio. A questão não é ele não ir ao Mundial-2022, é não ser sequer internacional português. Tem 72 jogos pelo Sporting, 14 jogos na Champions e quatro títulos. O Pedro Gonçalves tem 98 jogos, 45 golos, 17 assistências e também não está."

"Tem existido um critério que eu não percebo. Em 2020, o Sporting garantiu o empréstimo do João Mário. Não ia à seleção há dois anos. Chega ao Sporting, é titular, joga todo o ano, foi campeão nacional e ganhou a Taça da Liga. Não foi chamado. Em julho, João Mário muda de clube. No final de agosto, é convocado."

"Se me pergunta se gosto de ver isto enquanto presidente do Sporting? Não, não gosto. Tem 100% a ver com o selecionador nacional, ele tem as suas opções. Obviamente quero que a seleção ganhe e vou recebê-los de braços abertos na quinta-feira em Alvalade. Digo as coisas na cara às pessoas. Há uma coisa curiosa que eu fui ver, também faço o meu trabalho de casa… Sabia que em todas fases finais dos Mundiais o Sporting foi o clube que deu mais jogadores à Seleção? E agora não tem um sequer."

Recandidatura sim, mas não a todo o custo

"O Sporting em 15 anos perdeu muito tempo. Mas o que o Sporting recuperou nestes quatro anos é extraordinário. O Sporting é um clube muito mais estruturado, reconhecido por toda a gente na Europa e na UEFA. O Sporting é mais organizado, estruturado, sustentável e competitivo. E tem o futuro garantido com a formação. Uma coisa que eu nunca vou fazer é hipotecar o futuro do Sporting por uma vitória, por uma recandidatura de mandato. E se tiver de cair, caio. O Sporting é muito mais importante do que o meu mandato ou qualquer presidente."

"Em 2018, estabeleci a meta de entregar o clube em 2022 melhor. Muito foi feito, mas há ainda muito por fazer. Agora, em 2026, quero entregar o clube melhor do que em 2022. E até falando das claques, não me interessa nem têm de gostar de mim. Durante quatro anos, peço que apoiem o Sporting. Se houver eleições, votem em quem quiserem. Posso prometer que, até 2026, o Sporting será um clube estável e em que o Sporting estará acima de tudo e de todos."

Relação com os rivais

"Desde que fui do departamento clínico, tive uma relação tranquila com Rui Costa, respeitadora e institucional. Preocupo-me com a minha casa, tenho muito com que me preocupar, a casa dos outros não é do meu respeito. Existe um Benfica pós-Vieira e pré-Vieira, mas existem muitos processos a decorrer na Justiça. Cada vez menos acredito na justiça desportiva."

"(Pinto da Costa) Existe o patamar dos valores dos desportos e depois outras coisas. Que estão muito acima da vitória e derrota. Que são caráter, dignidade e valores, e continuo a dizer tudo o que tenho dito sobre esse senhor".

Arbitragem

"Gostaria de ter tido o João Pinheiro do FC Porto-Benfica no FC Porto-Sporting (do ano passado). Teve uma arbitragem muito infeliz. Hoje cresceu, muito mais preparado, não se deixou intimidar. O Sporting ficou reduzido a 10 jogadores após simulação grosseira de Taremi. Foi o jogo decisivo do título. Desta vez João Pinheiro não foi atrás do barulho e não expulsou o jogador do Benfica como fez ao do Sporting."

"O Sporting está a 12 pontos e não se desculpa das derrotas com a arbitragem. O mote foi lançado na época passada pelo Benfica, seja no futebol ou berlinde, que quando não se ganha a culpa é do árbitro. Há este silêncio porque o Benfica está em primeiro. Se estivesse em segundo ou terceiro, isto não aconteceria."

"A arbitragem tem de evoluir. Está muito melhor do que no tempo de Vítor Pereira. Há árbitros mais bem preparados e outros que têm de ganhar traquejo. Temos uma visão positiva e queremos fazer isso. Perdermos em Arouca, Chaves e no Estádio do Dragão e não nos queixámos da arbitragem."

Aposta nas modalidades sem excessos

"O princípio é o mesmo, quer sejam atletas olímpicos ou não: formação e sustentabilidade. Vamos sempre ter de o fazer. Não há volta a dar. Não vamos cair em nenhum populismo para ganhar títulos em alguma modalidade, como investir um milhão de euros para ganhar. Não vou hipotecar o futuro do clube. As modalidades fazem parte do passado, presente e vão fazer parte do futuro. Mas modalidades a formar. Se assim o exijo ao meu treinador, Rúben Amorim, as modalidades também têm de ser assim. Foi um mandato de ouro ao nível de títulos europeus e nacionais nas modalidades. Mas modalidades ‘à Sporting’, com formação e competitividade."