A tão esperada natação no Sena, uma batalha ainda por ganha antes dos Jogos Olímpicos

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A tão esperada natação no Sena, uma batalha ainda por ganha antes dos Jogos Olímpicos
O Sena continua no centro da polémica.
O Sena continua no centro da polémica.MARTIN BUREAU / AFP
A questão continua a provocar suores frios nos organizadores: as provas de natação previstas dependem da qualidade da água, que melhorou, mas que era insatisfatória no verão passado.

As análises efetuadas de 2015 a 2023, transmitidas à AFP pela Câmara Municipal de Paris, revelaram fortes variações no verão passado, com vários picos de concentração de uma das duas bactérias indicadoras de contaminação fecal, a Escherichia coli.

De acordo com a diretiva europeia de 2006 sobre esta matéria, nenhum dos 14 pontos de amostragem de água em Paris atingiu um nível de qualidade suficiente entre junho e setembro de 2023.

A concentração de E. coli excedeu o máximo autorizado em todos estes pontos, e o enterococo, a outra bactéria tida em conta no regulamento, excedeu ligeiramente o limiar nestas secções.

No verão francês de 2022, as amostras apresentavam um nível "suficiente" para estas duas bactérias em três pontos de medição no centro de Paris, antes de os dados se terem degradado em relação ao ano anterior.

Paul Kennouche, chefe do serviço que controla a qualidade da água na cidade de Paris, sublinha que dos oito "pontos principais" seleccionados pela administração municipal, seis viram a sua qualidade melhorar e dois permanecem estáveis. No entanto, nenhum deles atinge o nível exigido pela diretiva europeia.

Tanto a Câmara Municipal como o governo regional sublinham que "no local de ensaio de natação no Sena, 70% das medições diárias foram boas no período de 1 de junho a 7 de setembro de 2023".

Mas isso não tranquiliza os atletas, como a atual campeã olímpica de águas abertas, a brasileira Ana Marcela Cunha, que numa entrevista recente à AFP exigiu "um plano B", tendo em conta que a ONG Surfrider Foundation alertou para o estado "alarmante" das águas do Sena, com níveis de qualidade entre setembro e março "abaixo e mesmo muito abaixo" dos níveis recomendados.

"Nunca esteve em causa a abertura a banhos durante todo o ano", tentou defender-se Marc Guillaume, autarca da região.

Pesadelo em agosto passado

As autoridades e os organizadores argumentam também que as cinco obras que deveriam permitir aumentar a capacidade de armazenamento da rede de drenagem e, dessa forma, limitara descarga de águas residuais no rio, estão prestes a ser concluídas.

Antes da entrada em funcionamento, os ensaios gerais de agosto de 2023(test-events na linguagem olímpica) tornaram-se um pesadelo para os organizadores e uma competição de natação de longa distância, prevista no início desse mês, foi cancelada depois de os limiares de qualidade exigidos pela Federação Internacional (World Aquatics) terem sido claramente ultrapassados na sequência de fortes chuvas, um episódio "excecional", segundo os organizadores.

As análises efetuadas revelaram uma concentração de E. coli três vezes superior ao máximo recomendado.

Alguns dias mais tarde, estava prevista uma competição de triatlo e paratriatlo (16-20 de agosto de 2023) na mesma zona, mas dois dias foram cancelados devido à poluição das águas, causada desta vez por uma válvula defeituosa, segundo a Câmara Municipal.

Paris anunciou entretanto que o seu procedimento de análise seria redobrado para o verão de 2024 (duas amostras, dois engenheiros e outro par de laboratórios).

"Aprendemos"

Os responsáveis municipais não têm dúvidas de que a experiência dos testes deve ser valiosa: "Aprendemos", sublinham os responsáveis do município para defender as novas medidas.

A Câmara Municipal, o governo regional e os seus parceiros elaboraram um plano baseado em "todas as consequências do que aconteceu no verão (2023)". Insistem também na criação de novas infraestruturas para absorver as chuvas fortes.

Mas o clima continua a ser o "principal risco" para o sucesso dos Jogos, reconhece a autarquia, que teme "chuvas excecionais".

O plano B prevê o adiamento por alguns dias das provas a realizar no rio Gália, mas não uma mudança de local.

Para além da competição, as obras têm como objetivo uma melhoria duradoura da qualidade da água, com a abertura de cerca de trinta pontos onde serão autorizados os banhos nos dois rios que atravessam a região parisiense, o Sena e o Marne.