"Unicórnio", "extraterrestre" ou "jogador saído de videojogos" são alguns dos adjetivos que o próprio LeBron ou Stephen Curry dedicaram nos últimos meses a Wembanyama, uma esguia torre francesa de 2,21 metros de altura com capacidades nunca antes vistas num draft.
"Ele é incrível. Acho que em 2045 todos os jogadores vão ser parecidos com o Victor", disse Giannis Antetokounmpo. "A forma como lança, a forma como se mexe. É extremamente rápido para o tamanho que tem, consegue bloquear...", acrescentou.
"Tem a oportunidade para ser um dos maiores jogadores de basquetebol de sempre, temos de estar preparados para este miúdo", disse a estrela dos Bucks, ecoando um sentimento generalizado na NBA.
Wembanyama, o número 1 de certeza
Wembanyama, de 19 anos, só vai saber oficialmente em que clube vai começar a sua carreira no dia 22 de Junho, na cerimónia do draft em Brooklyn, onde as 30 equipas vão repartir os 60 melhores jovens jogadores das universidades norte-americanas e ligas profissionais.
No entanto, seria uma grande surpresa se o poste francês não fosse escolhido pela equipa que ganhar a lotaria desta terça-feira, um evento que vai ser transmitido a partir de Chicago.
Nem a NBA, que há meses promove a futura estrela, nem o próprio "Wemby" conseguem esconder a convicção de que, pela primeira vez, um jogador francês vai ser a escolha número um do draft.
"Faltam dez dias para conhecer a minha futura equipa. É uma verdadeira loucura", escreveu o jovem no Twitter, em 06 de maio.
20 anos depois de LeBron
Apesar de esta geração ter outras jóias, nomeadamente o extremo Scoot Henderson, a NBA concentrou-se em criar uma enorme expetativa sobre a chegada de Wembanyama.
Nunca uma promessa do basquetebol recebeu tanta atenção desde um adolescente chamado LeBron James e apelidado de "O Escolhido", cujos jogos no liceu eram transmitidos a nível nacional e que foi a primeira escolha da classe de 2003.
Vinte anos mais tarde, é a própria NBA que transmite os jogos da equipa de Wembanyama, o Metropolitans 92 da Liga francesa, nas suas plataformas, um gesto pouco habitual para um jogador estrangeiro.
A NBA estava consciente há anos do diamante que se aproximava, mas a febre Wembanyama detonou nos Estados Unidos em outubro passado, quando o Metropolitans 92 foi convidado a fazer dois amigáveis em Las Vegas contra a equipa de Scoot Henderson, os Ignite da G-League.
O francês dissipou todas as dúvidas sobre o seu potencial, com uma média de 36,5 pontos, 4,5 triplos, 7,5 ressaltos e 4 desarmes de lançamento nos dois jogos.
"O lugar adequado"
Perante a perspetiva de conseguir uma jóia deste calibre, muitas equipas lançaram-se este ano numa corrida para terminar no fundo da tabela.
Numa tentativa de equilibrar a Liga, a NBA oferece às piores equipas as escolhas mais elevadas do draft, o que leva muitas vezes algumas franquias a tomar medidas destinadas a perder jogos.
Essa estratégia, conhecida como tanking, aumentou nesta temporada, apesar de a NBA ter feito várias ameaças para evitá-la. A liga multou os Mavericks em 750.000 dólares por terem deixado Luka Doncic e outras estrelas de fora para melhorar as suas hipóteses na loteria.
O sorteio de terça-feira vai envolver os 14 clubes que falharam os play-offs, cada um com uma certa percentagem de probabilidade de ficar no primeiro lugar.
Os Pistons, os Rockets e os Spurs, as três equipas com o pior registo de vitórias e derrotas, são as que têm mais probabilidades de ganhar a lotaria, com 14% cada.
As outras equipas que ambicionam o primeiro lugar são os Hornets (12,5%), os Blazers (10,5%), os Magic (9%), os Pacers (6,8%), os Wizards (6,7%), os Jazz (4,5%), os Mavericks (3%), os Bulls (1,8%), os Thunder (1,7%), os Raptors (1%) e os Pelicans (0,5%).
Enquanto todos sonham com um talento que transforme o seu destino, Wembanyama diz não ter preferência pelo novo uniforme:
"Não estou preocupado com isso. Um jogador destinado a ser grande, não importa onde vá parar, será no lugar adequado".