"Vamos ver o que acontece... Não sei. No que diz respeito ao basquetebol, tenho muitas coisas em que pensar". Estas palavras enigmáticas, proferidas na segunda-feira à noite, após a eliminação à custa dos Denver nas finais da Conferência Oeste por 4-0, causaram alvoroço na conferência de imprensa, antes de o mundo da NBA ter ficado chocado e espantado quando a ESPN noticiou que "LBJ" estava de facto a pensar em deixar de jogar.
Por isso, a tradicional conferência de imprensa de fim de época no centro de treinos dos Lakers, na terça-feira, era muito aguardada para saber o que o diretor-geral da equipa, Rob Pelinka, e o treinador Darvin Ham diriam sobre o assunto.
"Vamos falar com LeBron nos próximos dias. Todos sabemos que ele fala por si e estamos ansiosos por essas conversas. Ele deu mais ao basquetebol do que qualquer outra pessoa. Quando se faz isso, ganha-se o direito de decidir se se quer dar mais. Obviamente, esperamos que a sua carreira continue", afirmou Pelinka, dando provas de que o assunto é levado a sério pela sua parte.
Temporada de pouco sucesso
Chegou a altura de fazer um balanço misto, no final de uma época que há muito é uma fonte de frustração, iniciada com duas vitórias em doze jogos, assolada por repetidas lesões - Anthony Davis e o próprio "LBJ" não foram poupados - e que não prometia outra coisa senão uma eliminação na corrida dos play-offs, sobretudo quando os Lakers estavam a definhar no 13.º lugar do Oeste, em pleno Inverno.
Mas uma troca bem sucedida em fevereiro deu frutos na reta final, com a sua dupla de estrelas finalmente recuperada. Os Lakers, impulsionados pelos play-offs, estiveram em grande à custa dos tenros Grizzlies, depois eliminaram os campeões Warriors, antes de perderem para os simplesmente fortes Nuggets.
"Não gosto de dizer que é uma época de sucesso porque, nesta altura da minha carreira, só jogo para ganhar títulos", disse James, tetracampeão da NBA que fez tudo para não desistir, realizando na segunda-feira um dos jogos mais bem sucedidos da sua já prodigiosa carreira, com 40 pontos, dos quais 31 foram só na primeira parte.
"Depois de uma derrota difícil como essa, acho que também estava pronto para me reformar ontem à noite", argumentou Darvin Ham, em jeito de brincadeira, a lembrar todos que o Superman LeBron também é um homem que pode reagir sob a influência da emoção.
Tornozelo a ser tratado
"Ele deu show e teve uma ajuda mínima" dos seus colegas de equipa, disse o analista da ESPN Stephen A. Smith. "Ninguém me vai convencer de que isso não teve um papel importante no que ele disse. James tem sérias dúvidas sobre o que os Lakers podem realmente conseguir. Para ele, é o título ou nada".
Para J.J. Redick, ex-jogador da NBA e comentador da mesma estação, James quis mandar uma mensagem para os seus empresários. "Como atleta, há sempre uma altura em que se começa a questionar a própria mortalidade como desportista. LeBron pode estar nesse ponto. Ao ponto de se reformar? Não, de maneira nenhuma. LeBron é um dos atletas mais calculistas da história. Tudo o que ele faz tem um objetivo, como pressionar os Lakers a melhorar o seu plantel", sugeriu.
Entretanto, esta é a primeira vez que James fala sobre o possível fim da sua carreira, embora não tenha dito as palavras nem revelado a substância dos seus pensamentos. O que é certo é que o seu tornozelo direito o tem incomodado durante toda a época e que precisa de o tratar este Verão.
Faltam-lhe dois anos de contrato com os Lakers, o último dos quais como opção. Mas sempre teve um sonho: jogar com ou contra o seu filho mais velho, Bronny. Este último, que vai entrar na sua primeira época universitária em Los Angeles (USC), terá idade suficiente para ser recrutado para a NBA na época 2024/2025.