Denz, que já tinha vencido a 12.ª etapa também a partir da fuga, cumpriu hoje os 194 quilómetros entre Sierre e Cassano Magnago em 4:37.30 horas, batendo o canadiano Derek Gee (Israel-Premier Tech), segundo, e o italiano Alberto Bettiol (EF Education-Easy Post), terceiro.
Nas contas da geral, Armirail, 15.º a 53 segundos do vencedor, aproveitou o desinteresse dos favoritos em liderar a corrida antes da terceira semana e assumiu o comando da geral, à frente do britânico Geraint Thomas (INEOS), agora segundo a 1.41 minutos, do esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), terceiro a 1.43, e do português João Almeida (UAE Emirates), líder da juventude que sai do pódio e é quarto, a 2.03.
A história da ascensão do campeão de contrarrelógio francês, com um palmarés modesto e pouco lembrado, aos 29 anos, é a história do desinteresse das principais equipas do pelotão, uma vez que INEOS, Jumbo-Visma e UAE Emirates não quiseram vestir os seus líderes de rosa para evitarem ter de trabalhar antes da fase decisiva.
O conservadorismo levou o pelotão a chegar a mais de 21 minutos do vencedor, uma situação com poucos precedentes e que demonstra o perfeito desinteresse na corrida para lá dos últimos dias.
Foi mais um dia dedicado às narrativas dos homens da fuga, e se Denz venceu pelo segundo dia, Derek Gee foi segundo uma terceira vez nesta corsa rosa, sempre na fuga, e é pouco consolo a segunda posição na classificação dos pontos, ainda que possa vir a sorrir se o italiano Jonathan Milan (Bahrain-Victorious), sprinter puro, abandonar a prova.
O italiano Davide Bais (EOLO Kometa) aproveitou a única primeira categoria do dia para voltar à liderança na classificação da montanha, que era do francês Thibaut Pinot, mas a Groupama-FDJ acabaria por garantir a presença no pódio, ainda que com outro ciclista.
“Queria vencer a etapa, não pensei em tentar a ‘maglia rosa’. É inacreditável, tentei na quarta etapa e também não consegui, fiquei desapontado. Sofri muito nos últimos quilómetros para seguir na frente, e para a equipa é fantástico”, admitiu o novo primeiro da geral.
Bruno Armirail é o primeiro francês a liderar o Giro desde Laurent Jalabert em 1999, quebrando um enguiço de França e dando a primeira maglia rosa à sua equipa.
Denz, por seu lado, foi o homem mais forte de uma numerosa fuga, que se foi separando pela estrada, ao recuperar, em 500 metros, posição no sprint final, depois de um grupo o ter distanciado, e bateu Bettiol e Gee mas quase perdia a compostura – e a vitória.
Como Julian Alaphilippe, decidiu festejar antes de cruzar a meta, quase hipotecando o triunfo, o que não aconteceu por menos de uma roda para um Gee que ainda teve a ‘honra’ de levar uma ‘estalada’, involuntária, do alemão enquanto levantava os braços.
“Não queria ficar em quarto, porque já tinha ganho, por isso decidi puxar e fechar a vantagem (para a frente). Quando o Bettiol lançou o sprint, segui essa roda e depois fui a 100% até ao fim. De novo, foi de loucos”, referiu o vencedor, que continua a apresentar-se ao mundo do ciclismo ao mais alto nível neste Giro.
No domingo, a 16.ª etapa, última antes do derradeiro dia de descanso, liga Seregno a Bérgamo em 195 quilómetros com uma contagem de montanha de primeira categoria e três outras de segunda no percurso.