A comissão independente da AFLD explicou que recebeu uma carta do organismo mundial de controlo antidopagem que "a ordenou a modificar o seu comportamento no futuro, sob pena de iniciar um processo de não-conformidade em relação à agência francesa, que poderá conduzir a sanções contra a França", segundo um comunicado enviado à AFP.
A Comissão da entidade francesa ficou "estupefacta ao tomar conhecimento desta improvável tentativa de pressão", acrescentou.
Numa carta datada de 28 de julho, a WADA, com sede em Montreal, referiu-se a três decisões recentes da Comissão e criticou-as por "não terem sido suficientemente severas". A WADA criticou igualmente a Comissão por ter tomado "decisões que claramente não respeitam o Código Mundial Antidopagem e a jurisprudência do Tribunal Arbitral do Desporto".
A onze meses dos Jogos Olímpicos de Paris, "trata-se de uma chantagem, uma vez que a agência mundial ameaça iniciar um processo que poderá ter como consequência a proibição de participação dos atletas franceses em determinadas competições internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos, e a proibição de a França acolher essas competições", acrescenta o comunicado.
A WADA pode decidir sobre a não conformidade no que diz respeito à aplicação do código antidopagem ou à implementação de um programa antidopagem. Por exemplo, o comité nacional do Gabão para a luta e prevenção da dopagem foi declarado não conforme desde 18 de novembro de 2022, em relação à aplicação do Código Mundial Antidopagem.
Desde 2018, o sistema de justiça antidopagem francês está dividido em dois: por um lado, a AFLD, que controla, conduz investigações e propõe sanções para os atletas suspeitos de dopagem. Mas, depois, é a Comissão de Sanções, um órgão de onze membros independente da AFLD e presidido por um Conselho de Estado, que julga estes casos e impõe sanções.
Desde a sua criação, "a Comissão de Sanções tomou várias centenas de decisões. A WADA não contestou nenhuma delas. Em vez de recorrer à via judicial, apresentando um recurso ao Conselho de Estado, tenta subitamente interferir de forma grosseira no funcionamento da comissão", prossegue a comissão, que aplica o Código do Desporto francês e a jurisprudência do Conselho de Estado.