Entrevista Flashscore a Andrea Pirlo: "Brasil favorito no Catar, Nápoles pode ganhar a Champions"

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Entrevista Flashscore a Andrea Pirlo: "Brasil favorito no Catar, Nápoles pode ganhar a Champions"
Atualizado
Entrevista Flashscore a Andrea Pirlo: "Brasil favorito no Catar, Nápoles pode ganhar a Champions"
Entrevista Flashscore a Andrea Pirlo: "Brasil favorito no Catar, Nápoles pode ganhar a Champions"
Profimedia
O antigo médio, campeão do mundo pela Itália no Alemanha-2006, está de férias nos Estados Unidos, de onde falou em exclusivo ao Flashscore sobre o Mundial, mas também sobre a Liga dos Campeões, competição na qual vê a equipa de Luciano Spalletti entre as possíveis candidatas à vitória final.

Já se passaram 16 anos desde que a Itália conquistou o Mundial-2006, na Alemanha, o que, traduzido em Campeonatos do Mundo, é o equivalente a quatro edições. Duas delas sem os azzurri. Um choque para todos, mesmo para aqueles que, como Andrea Pirlo, levantaram o troféu e tocaram a glória futebolística.

O "maestro", que "deu aulas" em campos de futebol um pouco por todo o mundo, enchendo as medidas de quem o via ao mesmo tempo em que receheava o seu palmarés (conquistou, entre outros, um Mundial, duas Ligas dos Campeões, uma Taça Intercontinental, duas Supertaças Europeias, seis campeonatos de Itália, duas Taças de Itália e três Supertaças de Itália), decidiu, em 2017, partilhar o seu conhecimento sobre a modalidade com outros intervenientes.

Depois de um ano de experiência como treinador da Juventus, que culminou com a qualificação para a Liga dos Campeões e as conquistas da Taça e da Supertaça de Itália, "voou" para a costa oeste do Bósforo para liderar o Karagumruk, equipa que milita na Liga turca.

Com o campeonato parado, devido à realização do Mundial-2022, no Catar, Pirlo aproveitou a pausa para umas curtas férias nos Estados Unidos, país onde terminou a carreira de jogador, na altura ao serviço dos New York City. 

- Este é o segundo Mundial sem a Itália. Era algo que imaginava?- Incrível... Era impensável imaginar dois Mundiais seguidos sem a Itália. No entanto, é assim, ainda que, a bem da verdade, a maior desilusão tenha sido a de há 5 anos, contra a Suécia.

- Porquê?

- Porque antes dessa edição, a Itália sempre se tinha qualificado e nunca tinha ficado de fora de um Mundial.

- E desta vez?

- A equipa não se qualificar e apanhar Portugal no play-off, já era difícil. Apanhando a Macedónia, pouco há a acrescentar. Foram muitos os pontos perdidos durante a qualificação: empatámos na Irlanda e, depois, falhámos o penálti contra a Suíça.

- Como se explica o fracasso deste ano?

- Tínhamos todo o crédito para nos qualificarmos, mas talvez o Europeu nos tenha influenciado inconscientemente. Depois de ganhar um troféu como o do Campeonato da Europa, pensa-se que a classificação é simples, mas a realidade não é essa.

- O que pensa sobre o Mundial no inverno?

- É um bocado estranho ver a competição nesta época do ano, mas o que mais me intriga é o pós-Mundial. Teremos que perceber como é que os jogadores vão acabar a prova.

- Física ou mentalmente?

- Mentalmente, porque vontade eles terão para continuar a temporada, tanto quem vencer, como aqueles que saírem de mãos vazias deste torneio. 

- Então, vai ser a motivação individual a fazer a diferença no regresso?

- Acho que sim. Quando terminar o Mundial, em dezembro, quem ganhar vai tocar o céu e, por isso, pode deixar-se levar, esgotar-se mentalmente. A quem perder, pode acontecer o mesmo: é algo que dói e a reação pode ser negativa. Também acontece a quem perde a prova por lesão, como Mané ou Benzema, por exemplo. Jogar um Mundial é o sonho de qualquer jogador e, quando se está tão perto de o conseguir e tem de se desistir, isso pode causa uma reação psicológica. 

- Falou de Mané e Benzema, que são apenas dois dos muitos jogadores que tiveram que ficar de fora do Mundial por lesão. É um Campeonato do Mundo peculiar também desse ponto de vista.

- Acho que houve muito pouco tempo para se recuperar. Os jogadores tiveram apenas uma semana para se prepararem. Com o Mundial no verão, geralmente costumam ser 15 dias, um mês. Jogar uma semana depois da paragem do campeonato torna tudo mais complicado.

Andrea Pirlo em campo pela Juventus, contra o Barcelona
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- Este pode ser o último Mundial para vários jogadores: Messi, Ronaldo, talvez até Neymar. Quem ganhará?

- Vejo o Brasil como favorito.

- Porquê?

- É a seleção mais equilibrada. Tem experiência, está habituada a vencer e está pronta para este tipo de desafio. Nos últimos anos, o Brasil fez um percurso a jogar quase sempre com a mesma base de jogadores.

- E os restantes?

- A Argentina é forte, mas, como eu disse, o Brasil parece-me mais completo. A Espanha também está a jogar bem, mas é uma seleção jovem. Portugal é uma boa seleção, enquanto a Alemanha é incerta. Depois, temos de ver a França e perceber se fica condicionada pelas muitas lesões sofridas. No entanto, tem muitos bons jogadores na equipa e pode assumir preponderância no torneio.

- Quem acredita que podem ser os quatro semifinalistas? 

- Argentina, Brasil, Espanha e um entre Inglaterra e Portugal. Mas talvez haja algumas surpresas.

Andrea Pirlo coloca a Argentina, de Lionel Messi, entre as favoritas às meias-finais
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- Muitos falam da Sérvia como a surpresa deste Mundial. O que acha?

- Não sei se vai aguentar. A Sérvia tem uma equipa com jogadores jovens, mas já experientes. Até os Estados Unidos podem fazer uma boa campanha no Mundial. Eu descartaria uma nova façanha da Croácia. Chegou ao fim do ciclo, assim como a Bélgica.

- Há alguns anos optou pela carreira de treinador, mas já teve a oportunidade de treinar excelentes jogadores na Juventus, como Dybala ou Ronaldo, entre outros. Como se gere um balneário com tantas estrelas?

- Acho que é importante encontrar o equilíbrio certo. Tem de existir empatia.

Pirlo fala da relação com Cristiano Ronaldo e elogia o capitão de Portugal
Flashscore

- Como foi a relação com Ronaldo?

- Muito boa. Ele é uma pessoa particular, um verdadeiro profissional.

Cristiano Ronaldo e Andrea Pirlo quando coincidiram na Juventus
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- E o que acha da sua recente entrevista, na qual visou o Manchester United e o seu treinador? 

- Acho que ele já queria fazer essa entrevista há muito tempo e que já estava preparado. 

- Não acha que fazê-la antes do Mundial aumentou a pressão sobre Portugal?- Ronaldo sempre teve pressão e sempre terá. Ele consegue lidar com isso. Não creio que as suas declarações tenham influenciado o balneário português. Se ele não tivesse feito aquela entrevista, os jogadores ainda teriam feito perguntas sobre o Manchester durante o Mundial. Ele decidiu adiantar-se a todos e acho que agora ainda vai ser mais cobrado do que antes.

- Onde se vê daqui a quatro anos?

- Aqui (brincou).

- Em 2026, o Mundial será organizado por México, Canadá e Estados Unidos. Gostaria de estar a treinar uma seleção na prova?

- Primeiro, quero ter bons resultados com o meu clube. Depois disso, talvez haja a possibilidade de treinar uma seleção nacional. Isso seria algo bom.

- A seleção italiana?

- Qualquer seleção nacional. Seria bom ir a um Mundial como treinador.

- E o que pensa da possibilidade de Ancelotti treinar a seleção?

- Parece-me bem, ele pode treinar qualquer seleção, pode ser o fim da carreira dele.

- É um bom modelo para a seleção?

- Sim, sem dúvida. É uma referência, como treinador inspiro-me nele. É uma pessoa muito boa e um excelente treinador. Ganhou tudo o que havia para ganhar.

- Na última temporada, Ancelotti fez algo único na Liga dos Campeões. Em que medida foi um feito especial?

- Ele cria empatia com os jogadores e eles jogam por ele. O que ele fez na Liga dos Campeões foi incrível. 

- E este ano? Quem ganha a Liga dos Campeões?- Eu diria o Manchester City, mas também o Nápoles.

- Conseguirá o Nápoles ir até o fim numa competição tão difícil quanto a Liga dos Campeões?

- O Nápoles joga muito bem e pode tentar. Se todos estiverem bem e se daqui a alguns meses ainda mantiverem o nível mostrado até agora, será difícil para os adversários.

- Com quem compara o Nápoles de Spalletti?- Com o nosso Milan, aquele com muitos jogadores ofensivos que jogavam por diversão. O Nápoles de Sarri também foi agradável de ver, mas este é melhor. Trouxe jogadores mais jovens, que estão ao mesmo nível. Tudo funciona graças ao treinador. Spalletti fez um ótimo trabalho.

A lição está servida. Palavra de "maestro".