Buffon: "Comecei em 1995 e ainda estou a jogar, apesar do futebol estar sempre a evoluir"

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Buffon: "Comecei em 1995 e ainda estou a jogar, apesar do futebol estar sempre a evoluir"
Buffon começou a carreira em 1995 e, atualmente, atua no Parma
Buffon começou a carreira em 1995 e, atualmente, atua no ParmaAFP
A lenda italiana, Gianluigi Buffon, falou sobre a longevidade na sua carreira e congratulou-se com o facto dos atuais guarda-redes saberem fazer "mais coisas atualmente", lembrando que "o fundamental continuam a ser as defesas". Quanto ao Mundial, "Argentina e Brasil estão muito fortes".

Em entrevista à AFP, o jogador com mais internacionalizações pela Itália (176, no total), está reformado a nível internacional desde 2018 e vive o epílogo da sua carreira no Parma, da Serie B, lamenta ainda, em apoio a Thibaut Courtois, que a posição não seja considerada para a Bola de Ouro.

- Como se sente antes do início de mais um Campeonato do Mundo sem a Itália?

- Como fã, é triste. Mas aqueles que estão ainda pior são os jogadores. Eu vivi-a (em 2018). Quando o Campeonato do Mundo começar e estiveres em casa, é um sofrimento difícil, um fardo que carregarás sempre. Aconteça o que acontecer na tua carreira, é algo que retiraram aos tifosi, do povo italiano, e é a coisa mais difícil de aceitar.

- Com uma visão a posteriori, como explica a surpreendente derrota da Itália (1-0) contra a Macedónia do Norte nos playoffs?

- É impensável, mas faz-nos perceber o quanto o foro psicológico é determinante no desporto. A Itália provavelmente jogou tendo consigo a deceção de não terminar no topo do seu grupo e as grandes penalidades falhadas (contra a Suíça). Esses aspetos negativos tornaram um jogo fácil num obstáculo intransponível.

- Depois do seu título em 2006, diga-nos até que ponto um Mundial pode mudar a vida de um jogador.

- É uma competição onde, se fizeres pior do que o esperado, sentes-te encurralado por todos os lados. Mas se formos mais longe, como fizemos em 2006, é um êxtase que dura meses. É uma grande sensação, porque compreendes que é um instrumento essencial para a felicidade das pessoas, a coisa mais bela do mundo.

- Desde o início da sua carreira, em 1995, o papel do guarda-redes tem vindo a evoluir constantemente, com um crescimento do jogo de pés. Como avalia essa evolução?

- Essa evolução melhorou o futebol, o jogo e o seu ritmo, mas também os guarda-redes. Um guarda-redes sabe fazer mais coisas hoje em dia e é bom vê-lo a viver o jogo com o resto da equipa. Mas, como em tudo, não se pode exagerar. É importante que um guarda-redes tenha bons pés e faça bons passes. Mas o mais importante é que seja capaz de fazer defesas. Um guarda-redes que faz defesas importantes dá segurança à equipa.

- Sente que deu o seu contributo para a posição?

Penso que fui diferente, isso sim. Penso que mereci um lugar na história da posição, mas não sei o que contribuí. O que é bonito é que comecei em 1995 e ainda estou a jogar, apesar do futebol estar sempre a evoluir. Isso significa que sou capaz de me adaptar.

A entrevista decorreu no Collecchio Sports Center, em Parma
A entrevista decorreu no Collecchio Sports Center, em ParmaAFP

- O guarda-redes do Real Madrid, Thibaut Courtois, queixou-se recentemente de que os guarda-redes são frequentemente "esquecidos" na Bola de Ouro. É impossível para um guarda-redes ganhar esse prémio?

Penso que é possível, mas seriam precisas circunstâncias excecionais, ligadas a um contexto social, político ou outro. É normal que ele fique zangado: foi considerado o melhor guarda-redes da Liga dos Campeões e foi apenas sétimo na Bola de Ouro, isso não se explica... Em 2003 fui eleito melhor guarda-redes, mas também fui o melhor jogador da Liga dos Campeões e fui nono na Bola de Ouro. Isso significa que algo não está a funcionar, essa é a minha opinião, mas isso não é um problema.

- Criou uma Academia há dois anos, que conselho dá aos jovens guarda-redes?

- O mesmo de sempre: divirtam-se. É o único ingrediente real que te pode fazer chegar aos 44 anos e estares a jogar futebol. Este projeto dá-me uma grande satisfação. Em dois anos fizemos campos de treino na Austrália, Bulgária, Estados Unidos da América, Israel, China.... E chamam-nos de todos os lados.

- Quem vai ganhar o Campeonato do Mundo?

- Argentina ou Brasil, vejo-os como muito fortes. Individualmente, a França parece-me ser a única nação europeia que pode competir, mas como equipa não sei, e talvez a Bélgica, porque gosto muito do Courtois.