“É uma corrida muito agradável. Penso que o circuito local (dentro da Figueira da Foz) assenta-me muito bem, porque não há grande espaço para recuperação durante a volta e eu gosto de subidas pequenas e acentuadas. É realmente algo que gosto de fazer. Faz-me lembrar um pouco corridas como a Liège (Bastogne-Liège). Por isso, é uma corrida de que gosto mesmo e penso que terá um grande futuro”, declarou o vencedor da segunda edição da clássica portuguesa.
Remco Evenepoel protagonizou um dos já tradicionais ataques à distância, isolando-se do pelotão a mais de 50 quilómetros da meta, para concluir os 192 quilómetros da Clássica da Figueira em 4:42.25 horas, com 1.28 minutos de vantagem sobre um pequeno grupo perseguidor, encabeçado pelo compatriota Vito Braet (Intermarché-Wanty) e pelo italiano Simone Velasco (Astana), respetivamente segundo e terceiro.
“A minha equipa impôs um ritmo muito forte nas duas primeiras subidas (ao Parque Florestal). Penso que o ritmo era muito duro, porque até os meus colegas estavam a perder o contacto, então quis atacar e ver o que acontecia. O objetivo até era distanciar-me com um pequeno grupo, para que chegássemos juntos à última subida (ao Parque Florestal), mas o ataque foi bastante duro e explosivo. Penso que a partir do momento que a diferença foi feita, decidi continuar. Felizmente, tive as pernas para concluir”, explicou.
O ciclista belga da Soudal Quick-Step, que na véspera tinha assumido querer vencer o mais cedo possível na época, congratulou-se por ter vencido logo no seu primeiro dia de competição em 2024.
“Não podia ter sido mais cedo. Estou muito feliz pela forma com que estou a iniciar a minha época, porque tenho corridas importantes em breve, como o Algarve e o Paris-Nice, por isso, penso que é um resultado de um bom trabalho no inverno”, estimou.
Vencedor da Volta ao Algarve em 2020 e 2022 – as suas únicas duas participações na mais importante prova disputada em Portugal -, Evenepoel reconheceu que “seria bom” conquistar o tri na 50.ª edição, que decorre entre quarta-feira e domingo.
“É uma corrida que assenta bem nas minhas características e que tem bastante significado para mim, por isso, será novamente uma prova muito importante no meu arranque de época. É muito bom começar aqui com uma vitória, espero conseguir manter a forma para a próxima semana”, reforçou.
A estrela belga, de 24 anos, elogiou ainda o “sempre ótimo” público português, embora deixando uma ressalva, apresentada com um sorriso: “Às vezes, são demasiado entusiastas e ficam muito próximos, mas é fantástico correr em Portugal. Sinto-me amado aqui e é um dos meus países favoritos para correr”.
Quem não conseguiu responder ao ataque de Evenepoel foi Ruben Guerreiro, o melhor português na Clássica da Figueira – foi nono, integrando o grupo que chegou a 1.48 minutos -, que considerou que “Remco realmente está noutro patamar”.
“É um ciclista do top 3 mais forte do mundo. Surpreendeu-me. Levei um toque numa roda na frente, não pude ir (quando atacou). Realmente, também não me sentia super para arrancar na última subida. Eu e o António Morgado (...) estávamos na frente, tentámos sair algumas vezes, mas realmente o grupo (perseguidor) contava com ciclistas possantes para este tipo de corridas”, analisou o português da Movistar.
Guerreiro reconheceu que na última subida ao Parque Florestal “faltavam 20 quilómetros mais ou menos e com vento de costas era difícil sair” do grupo perseguidor.
“Tentámos, eu e o Pelayo (Sánchez), fazer um sprint final e ficámos no ‘top 10’, é positivo. (...) Foi uma pena não conseguir uma roda boa, para tentar fazer mais à frente. Mas top 10 é bom”, concluiu.