A classificação de La Roja para a final contra a Inglaterra, este domingo, é ainda mais notável se levarmos em conta que uma dúzia de suas principais jogadoras não viajou para Down Under depois de se retirarem da seleção nacional por causa de uma disputa sobre a cultura da equipa.
"Próxima pergunta, por favor", foi a resposta concisa de Vilda à primeira tentativa dos jornalistas de lhe arrancar uma resposta sobre o assunto.
Vilda não respondeu a outras tentativas de abordar o assunto, mas partilhou algumas ideias sobre o clima no plantel.
"Desde o início, as jogadoras estão unidas e a trabalhar muito. Acredito que hoje será o 65.º treino e todas elas estiveram muito bem. E isso refletiu-se no que se passou em campo. Foi extraordinário. Vão ficar com recordações para o resto da vida, desfrutaram, divertiram-se. Estivemos juntos e amanhã queremos festejar juntos", afirmou Jorge Vilda.
A defesa-central Irene Paredes foi uma das três jogadoras que se manifestaram a favor dos amotinados, mas que mais tarde foram reintegradas no plantel, e fez eco das palavras do treinador sobre a união no campo.
"É uma verdadeira equipa", afirmou.
"Evoluiu nos últimos anos, com jogadoras veteranas e jovens desempenhando o seu papel. Temos confiança em nós mesmas e trabalhamos muito. E isso deu-nos a oportunidade de podermos jogar a final amanhã", afirmou a defesa.
Paredes disse que as mensagens de apoio do seu país animaram a equipa e que espera que a sua chegada à final consolide um lugar permanente na cultura do futebol espanhol para o futebol feminino.
"A Espanha sempre foi um país amante do futebol. Crescemos com o futebol na sociedade, mas ele não era o nosso espaço - ou pelo menos era assim que nos faziam sentir. Havia sempre obstáculos, éramos treinadas por pessoas que tinham relutância em treinar-nos. Por isso, é importante que todos saibam que este espaço é nosso, que podemos jogar em finais do Campeonato do Mundo e que somos modelos a seguir", defendeu.
Paredes disse que a equipa estava a preparar-se para o jogo de domingo contra os campeões europeus no Estádio Austrália como se fosse qualquer outro jogo.
"Não há nervos. Talvez amanhã haja, mas isso é natural num evento como este. O processo é concentrarmo-nos no jogo, treinarmos bem e tentarmos divertir-nos", explicou.
A última tentativa de falar com Vilda sobre o boicote suscitou uma resposta firme do treinador.
"O que queremos fazer amanhã é sermos os melhores do mundo. E vamos fazer isso ganhando a final", prometeu.