Luxemburgo
Portugal vai ter pela frente um adversário que se pode revelar traiçoeiro. Quando falamos do Luxemburgo, vem-nos automaticamente à memória um país pequeno e frágil no futebol. A primeira parte da frase não está de todo errada, dado que se trata de um dos países mais pequenos da Europa e que tem pouco mais de 600 mil habitantes. Esse fator tem uma clara influência na obtenção de talento para a seleção.
E é aqui que entra a falácia na frase anterior. O Luxemburgo chegou aos últimos lugares do ranking da FIFA no início do século - em 2006 era 195.º - mas, desde então, a seleção tem vindo a escalar posições e a aumentar o nível. Um dos motivos que levou a esse sucesso deve-se ao investimento dos clubes locais em jogadores e infraestuturas, como é o caso do Dudelange.
Olhando para esta equipa treinada por Luc Holtz desde 2010, as novidades começam a escassear. O plantel é composto por vários jogadores que atuam nos principais campeonatos europeus, como é o caso de Leandro Barreiro e Christopher Martins, além de Mica Pinto, Danel Sinani e Gerson Rodrigues.
Apesar da base da seleção luxemburguesa ser a mesma nos últimos anos, o Luxemburgo tem apostado nas camadas jovens, recheando o plantel com jovens promessas. Timothe Rupil e Yvandro Borges são os principais nomes dessa geração, destacando-se a recente aposta em Tiago Pereira Cardoso, guarda-redes de 16 anos do Borussia Monchengladbach e que tem ligações familiares a Portugal.
Olhando ao futebol praticado por esta equipa, Holtz costuma de jogar em 4-3-3, optando, por vezes, inverter as peças do meio-campo (4-2-3-1). O Luxemburgo é uma equipa pragmática, que chega poucas vezes à área adversária, mas que é perigosa, principalmente nos contra-ataques. Os luxemburgueses privilegiam os ataques pelos flancos, apostando na velocidade de Sinani e Yvandro Borges, com Gerson Rodrigues a completar a linha de ataque.
O meio campo é a zona mais forte da equipa, com Christopher Martins e Leandro Barreiro a assegurarem que a equipa se mantém equilibrada na defesa e o terceiro médio a ligar o jogo entre o meio-campo e o ataque. É aqui que surge a primeira dúvida: Holtz apostou em Olesen frente à Eslováquia, mas tem também à disposição os irmãos Thill, Vincent e Sebastien, podendo ainda apostar em quatro médios em detrimento de Yvandro Borges. Mais remota, surge a opção de colocar um terceiro central.
Na defesa, e partindo da presumível linha de quatro, Mica Pinto atua no corredor esquerdo, com o capitão Laurent Jans a fazer o corredor direito. Os laterais não costumam subir muito, até porque grande parte dos adversário é mais forte e costuma ser superior em termos de posse de bola. Ainda assim, falamos de dois jogadores experientes e que trabalham com Holtz há vários anos.
Por fim, Maxime Chanot e Lars Gerson, ambos com 33 anos, são os defesas centrais desta equipa e vão ter a difícil missão de parar o ataque de Portugal. Anthony Moris, guarda-redes do Saint-Gilloise, é quem defende a equipa entre os postes. A tarefa não vai ser fácil, mas esta equipa vem de uma série de seis jogos consecutivos sem perder.
Onze provável do Luxemburgo: Moris; Jans, Gerson, Chanot, Mica Pinto; Christopher Martins, Leandro Barreiro, Sebastien Thill; Danel Sinani, Yvandro Borges e Leandro Rodrigues.
Portugal
Portugal chega ao Luxemburgo de cara lavada, com um novo selecionador e em busca da vitória que lhe permita fechar com chave de ouro a dupla jornada rumo ao Campeonato da Europa de 2024. Para este duelo, Roberto Martínez não deve fazer muitas mexidas e o 3-4-3 deverá ser a formação tática.
Na baliza, perspetiva-se que Rui Patrício mantenha a titularidade, com João Cancelo, Rúben Dias, Danilo, Diogo Leite e Nuno Mendes a atuarem à sua frente. Gonçalo Inácio ficou fora dos convocados, mas pode tornar-se preponderante com Martínez devido ao esquema de três centrais. Citando o selecionador depois do jogo com o Liechtenstein, o defesa "tem um perfil muito moderno, joga com o pé esquerdo e tem capacidade para defender com espaço nas costas", além de "jogar há muitos anos numa linha de três".
Segue-se João Palhinha no meio-campo, que tem tudo para se afirmar com o treinador espanhol. Rúben Neves ou Vitinha podem estar na calha para o mesmo lugar, mas tudo indica que Martínez não quer fazer grandes mudanças, visto que os três têm características bem diferentes. No ataque, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Félix e Cristiano Ronaldo também devem manter a titularidade.
Portugal é uma equipa que gosta de ter a bola e atacar com paciência, como o novo selecionador afirmou nos últimos dias. O jogo em largura é um dos pontos fortes deste sistema, permitindo aos dois laterais romperem a linha defensiva com movimentos verticais. Bernardo Silva abre e recebe na direita, à semelhança de Bruno Fernandes que, para além de ser um segundo médio, também se envolve no ataque. Já João Félix descai para a esquerda para combinar com o lateral e receber entrelinhas.
Sem bola, a seleção das quinas pressiona imediatamente o portador e os companheiros que estão em condições de receber o passe, obrigando o adversário a circular desde trás ou a utilizar um jogo mais direto. Essa nuance pode revelar-se fundamental para anular os contra-ataques rápidos e perigosos do Luxemburgo.
11 provável de Portugal: Rui Patrício; Cancelo, Rúben Dias, Danilo, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes; João Palhinha, Bruno Fernandes; Bernardo Silva, João Félix e Cristiano Ronaldo.