Quando Volodymyr Zelensky estava quase a rebentar de orgulho e os jogadores ucranianos eram ovacionados por 30.000 adeptos, mesmo na linha da frente, por um breve momento tudo o que importava era o futebol. Em muitas trincheiras, os soldados tinham assistido ao golpe da sua seleção nacional na distante Wroclaw em pequenos ecrãs durante um cessar-fogo. Foi uma pequena e demasiado breve distração nos tempos mais difíceis.
Sucessos desportivos ofuscados pela guerra
O presidente Zelensky também se juntou às comemorações, embora com um toque político. "Provámos mais uma vez o nosso valor: Quando os ucranianos estão em apuros, não desistem e continuam a lutar até vencerem", escreveu o chefe de Estado ucraniano nas redes sociais. Tal como na meia-final do play-off contra a Bósnia-Herzegovina, a Ucrânia esteve a perder contra a Islândia, mas acabou por vencer por 2-1.
"Obrigado, rapazes. Numa altura em que os nossos inimigos tentam destruir-nos, mostramos todos os dias que estamos e estaremos aqui", escreveu Zelensky.
O defesa Oleksandr Zinchenko, do Arsenal, também agradeceu "aos soldados que dão a vida pela nossa liberdade" após o apito final.
Quase se esqueceu que o êxito da Ucrânia foi, acima de tudo, uma vitória da melhor equipa de futebol. Os golos de Viktor Tsygankov (54') e de Mykhailo Mudryk (84') garantiram o bilhete para a Alemanha. Muitos adeptos islandeses também honraram este sucesso e até se juntaram a eles quando os ucranianos levantaram as mãos e deixaram ecoar um "Huh" pelo estádio. Um ritual do qual os islandeses têm, de facto, direitos de autor.
Faeser e Shevchenko satisfeitos
A Ucrânia vai agora viajar para a Alemanha no verão - primeiro a 3 de junho para um teste em Nuremberga contra a seleção da casa, depois para os jogos do grupo em Munique, Düsseldorf e Estugarda contra a Roménia, Eslováquia e Bélgica. A Ministra Federal do Interior, Nancy Faeser, enviou as suas felicitações nessa noite: "É com grande prazer que damos as boas-vindas à Ucrânia ao Euro na Alemanha. O sinal é mais uma vez e muito para além do desporto: a Ucrânia pertence à Europa".
No entanto, a equipa festejou o triunfo de forma cautelosa e, após a volta de honra perante inúmeras bandeiras azuis e amarelas, havia mais cansaço do que euforia no balneário. O presidente da federação, Andrij Shevchenko, aplaudiu todos os jogadores, preparou-se para receber abraços e depois dirigiu algumas palavras à equipa.
"Recebi milhares de mensagens de apoio, incluindo de pessoas que estão agora na linha da frente em defesa do nosso país", disse o antigo avançado e, de repente, tudo ficou tão silencioso como um rato: "Vocês deram-lhes um pedacinho de felicidade".