A razão é clara. Se Mbappé tivesse chegado ao Real Madrid, o seu lugar no relvado estava reservado: o flanco esquerdo, ou seja, o mesmo ocupado pelo deslumbrante Vinicius. Com as suas características de superestrela, o francês teria ocupado essa posição, que é o seu lugar natural no campo, e teria obrigado Ancelotti a deslocar o brasileiro para outro habitat menos confortável para ele (o flanco direito), onde certamente não teria tido um desempenho tão bom. Além disso, teria relegado para segundo plano Rodrygo, outro dos jogadores mais notáveis da atual temporada.
Vinicius tornou-se um dos melhores jogadores do mundo. Marcou 23 golos (mais um do que em toda a época passada) e fez 21 assistências. Por outras palavras, o brasileiro esteve diretamente envolvido em 44 acções diretas para golo. Curiosamente, este é o mesmo número que aparece nas estatísticas de Mbappé, que marcou 36 golos e deu 8 assistências até agora, em todas as competições.
O acordo para a chegada de Mbappé foi absoluto e a operação teria sido a maior, financeiramente, jamais realizada no futebol espanhol: 200 milhões de euros transferência para o PSG, um bónus de assinatura de 100 milhões para o jogador e para a sua comitiva e 30 milhões líquidos (60 brutos) por época durante 5 anos. No total, teria sido um investimento de 600 milhões de euros. Não está fora de questão que o jogador do PSG, que enviou uma mensagem ao Real Madrid a lamentar a sua decisão alguns meses depois de ter virado as costas ao clube, entre de novo na equação.
Nesse caso, o Real Madrid terá de tomar uma decisão. Os merengues já têm um jogador na sua posição que é pelo menos tão decisivo como ele e o declínio de Benzema aconselha a contratação de um nove de classe mundial. Para já, o que é claro é que a não chegada de Mbappé permitiu a Vinicius atingir um nível espetacular e tornar-se, possivelmente, o jogador mais desequilibrador do mundo. Os adeptos do clube, uma vez magoados, devem agradecer-lhe agora.