Opinião: Laporta esconde-se na vitimização e não esclarece nada

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Opinião: Laporta esconde-se na vitimização e não esclarece nada
Laporta deu uma conferência de imprensa na qual abordou o escândalo recente a envolver o Barcelona
Laporta deu uma conferência de imprensa na qual abordou o escândalo recente a envolver o BarcelonaAFP
Acontece frequentemente que quando se espera demasiado de algo, no final, pouco ou nada se recebe. Talvez as expectativas fossem demasiado elevadas ou talvez a pessoa que tinha o poder de eliminar quaisquer dúvidas não tenha cumprido o seu papel. Laporta dececionou porque não esclareceu nada que ainda não fosse conhecido. E isso não o coloca em boa posição.

Duas horas de explicações do presidente do Barcelona não serviram de muito. Aliás, não serviram para mais do que encher a boca de críticas contra os seus inimigos habituais: Real Madrid e Javier Tebas.

Bem, serviu para algo novo para Laporta: o Barcelona não cometeu um crime, sendo que, inclusivamente, pode tornar-se vítima de todo este caso que não fez mais do que manchar o futebol espanhol da pior maneira possível. E, claro, tudo isto se revela quando o Barça ganha, quando as coisas estão a correr bem para eles. Porque, claro, é o Barça que representa a Catalunha e é isso que incomoda. E aqui vamos de novo com a maldita mania de misturar política e desporto. Não aprendem.

Por esta altura, todos sabemos que Enríquez Negreira não tinha o poder de nomear os árbitros para dirigir os jogos. Mas ele estava encarregue de anunciar as suas despromoções. E embora não fosse dele a competência de classificar os seus antigos companheiros, tendo apenas que fazer a chamada desconfortável, o simples facto de estar a fazer isto enquanto era pago pelo Barcelona é, claro, uma vergonha chocante. Coloca uma sombra sobre a questão e isso não é correto.

Laporta diz que agora tem uma área de compliance para que os dirigentes saibam o que está certo e o que está errado na sua gestão. Bem, eu, por uns modestos 7,3 milhões de euros, podia ter-lhes dito antes que o que estavam a fazer era eticamente reprovável. Legal? Bem, sim, porque há um serviço que é prestado, faturas que são emitidas e pagamentos através de transferência bancária. Mas ético? Não. E menos ainda pelos montantes pagos para produzir relatórios. Por 405.000 euros por ano... se é esse o preço de mercado para dizer que um árbitro deve ser tratado por "você" ou "tu", ninguém quereria ser um influenciador hoje em dia. Todos escolheriam ser informadores do Barça.

Laporta teve a oportunidade de esclarecer tudo. No ADN do Barça, a melhor defesa é um bom ataque, sempre foi assim no terreno de jogo. Transportado para os escritórios, Joan não tem jogado nada bem. Em vez de passar curto, combinar e ligar, abusou dos alívios e remates desesperados sem qualquer ideia plausível.

Um desperdício que não esclareceu absolutamente nada novo. Que o Barça não cometeu, ou cometeu, um delito desportivo ou criminal ou qualquer outra coisa, será esclarecido por um juiz. Mas que eticamente fizeram asneira até ao âmago, até o presidente o sabe, sem necessidade de um julgamento, mesmo que ele não o queira admitir publicamente. Laporta poderia ter pedido desculpa por isso, mas não, preferiu fazer-se passar por vítima. Não havia necessidade da pantomima de hoje. Obrigado por nada.