Acusado de incitamento ao ódio por motivos religiosos, deverá também publicar a sua sentença, à sua própria custa, no diário regional Nice-Matin e no jornal Le Monde, declarou o tribunal de Nice.
Esta decisão está em conformidade com as requisições do Ministério Público. No julgamento de 18 de dezembro, o Ministério Público tinha pedido uma pena de prisão suspensa de dez meses, uma multa de 45.000 euros e a publicação da sentença durante um mês na página inicial da conta Instagram do defesa, que tem mais de 3,2 milhões de seguidores.
O jogador de 27 anos foi convocado para a seleção da Argélia para o Campeonato das Nações Africanas (CAN), que começa na próxima semana na Costa do Marfim, e esteve ausente das deliberações, tal como o seu advogado.
Cinco dias após os ataques sem precedentes do movimento islâmico palestiniano Hamas contra Israel, em 07 de outubro, e o início dos bombardeamentos israelitas em Gaza, Youcef Atal partilhou no Instagram um vídeo de um pregador, Mahmoud Al Hasanat.
No vídeo, o pregador começa por falar, comovido, do destino das crianças de Gaza sob as bombas. Depois, endureceu o tom e apelou a Deus para que enviasse "um dia negro sobre os judeus" e para que "acompanhasse a mão" dos habitantes de Gaza se estes "atirassem uma pedra".
Youcef Atal estava na Argélia com a seleção nacional quando partilhou este vídeo. Avisado pelo Nice da natureza polémica dos comentários, retirou-o no dia seguinte, com uma mensagem de desculpas.
Em tribunal, o jogador voltou a pedir desculpa, repetindo várias vezes que tinha querido enviar "uma mensagem de paz" e que não tinha visto o vídeo até ao fim antes de o partilhar.
Partilhar significa "dar visibilidade"
Tendo em conta que o vídeo dura apenas 35 segundos, este argumento não convenceu nem a procuradora-geral adjunta, Meggi Choutia, nem as partes civis, principalmente as organizações judaicas e a Liga Francesa de Futebol Profissional (LFP).
"Trata-se de assuntos sérios que não devem ser banalizados. Partilhar um vídeo significa atribuir a si próprio os comentários e dar-lhes visibilidade", disse Meggi Choutia nas alegações finais: "Em nenhum momento, durante esses 35 segundos, há qualquer questão de paz".
Mas para o seu advogado, Antoine Vey, "ele enviou uma mensagem de apoio aos palestinianos em Gaza. Para ele, a paz é isso mesmo, e não é o único".
Youcef Atal, que joga no Nice, da Ligue 1, desde 2018, não aparece com a camisola dos Aiglons desde esta publicação, suspenso primeiro "até novo aviso" pelo seu clube, depois por sete jogos pelo comité disciplinar da LFP, uma sanção que foi agora cumprida.
Lateral direito rápido e ofensivo, foi titular nos três jogos da Argélia desde a publicação do vídeo e tem recebido muito apoio no seu país.
"Não sou antissemita. Não sou contra judeus ou cristãos, não odeio ninguém", insistiu na audiência, lembrando que, ao contrário de muitos desportistas do mundo árabe, não hesitou em jogar pelo Nice em Telavive na Liga Europa em 2022.