O Wrexham está à beira de assegurar a promoção à Liga Inglesa de Futebol, tendo já estabelecido um recorde de 107 pontos para se fixar no topo da tabela da National League, numa altura em que faltam ainda disputar dois jogos.
A vitória sobre o Boreham Wood, no sábado, garantirá a promoção à Football League Two, a quarta divisão do futebol inglês, e os habitantes da cidade do norte do País de Gales estão a preparar-se para uma noite memorável.
"Não poderão entrar aqui amanhã... nenhuma hipótese", disse Mark Jones do Turf Hotel, o bar na esquina do Racecourse Ground, estádio da equipa. "Vai ser igual em todos os bares da cidade. Será emocional, muito emocional".
Acompanhe aqui as incidências do jogo.
Jones é guitarrista dos Declan Swans, banda cujos elementos alcançaram o estatuto de estrelas de rock através do documentário "Welcome to Wrexham", que narra o progresso da equipa sob a direção de Reynolds e McElhenney, bem como pela canção "Always Sunny in Wrexham". O título é uma peça do espectáculo de McElhenney, "Always Sunny in Philadelphia".
"O Ryan conhece-nos pelos nossos nomes agora", revelou Jones, que durante o dia é carteiro, com uma gargalhada. "Como é que Ryan Reynolds sabe o meu nome? É bastante bizarro", acrescentou.
O documentário impulsionou um clube pouco conhecido para os holofotes globais. Os jogos atraem grandes audiências, mesmo na América do Norte e a história de sucesso não deixou praticamente ninguém em Wrexham indiferente.
Wayne Jones, proprietário do The Turf há 15 anos, admitiu que a sua vida se tornou muito mais ocupada. A FX, responsável pelo documentário, passou cinco horas no seu bar, na passada sexta-feira de manhã, a filmar o trailer da segunda temporada. Jones despedia-se dos cerca de duas dezenas de membros da equipa quando um lhe disse: "Você é a personagem preferida da minha mãe".
Popularidade trouxe ainda mais trabalho
"Trabalhámos sempre arduamente, mas agora trabalhamos muito mais", sublinhou Jones. "Vamos receber 30, 40, 50 turistas em alguns dias. Todos os dias recebemos turistas, mas há uns em que é uma loucura. Há muitos americanos, canadianos, australianos e sul-africanos, é só dizer".
Dentro do The Turf, fotografias de Reynolds, McElhenney e Deadpool lutam por espaço nas paredes vermelhas com logótipos do Wrexham e nomes de adeptos de longa data.
Jones, cujo rosto se tornou tão familiar que muitas vezes se confunde com um jogador no supermercado, lamenta os adeptos de longa data do Wrexham que não viveram para ver o sucesso da equipa.
"Houve alguns dias realmente negros em que o clube esteve à beira da extinção e tivemos alguns donos muito sombrios", disse o homem de 40 anos. "Também já me sentei lá (em Racecourse Ground) quando só haviam dois mil adeptos em noites frias de terça-feira".
Johnny Boycott, um adepto do Wrexham, lembra-se dos dias sombrios. "Já estive em jogos muito fracos", apontou, com uma camisola dos Wrexham Red Dragons e um casaco verde da equipa. Em casa, diz ter todas as camisolas que a loja do clube vende.
Boycott, gestor de transportes da Wrexham & Prestige Taxis, brincou, dizendo que pode ser difícil encontrar motoristas para trabalhar no dia do jogo.
"Tivemos tantos fãs nos táxis, do Canadá, da América, de diferentes partes do mundo, algo que nunca tínhamos ouvido falar antes", destacou. "Mas agora a cidade, os bares, depois do jogo não se consegue entrar nos bares, por vezes estão muito ocupados. Mas todos estão felizes, sorridentes. Todos têm uma camisola do Wrexham vestida, até as crianças pequenas. É simplesmente brilhante. Louco".