Recorde as incidências da partida

Com a bancada normalmente reservada para a claque Super Dragões praticamente vazia, e com uma estreia na tribuna presidencial, a de André Villas Boas, o FC Porto partia para o dérbi em busca de garantir o pódio na Liga.

Sérgio Conceição, em relação à vitória diante do Chaves, por 3-0, fez regressar Wendell e Galeno, após cumprirem castigo, ao onze inicial, tendo preterido João Mendes e Mehdi Taremi, avançado iraniano que marcou presença pela última vez no Dragão, antes de rumar ao Inter Milão. Eustáquio, de luto pela morte do pai, esteve ausente assim como Toni Martínez, André Franco, Iván Jaime e Jorge Sánchéz, afastados das opções, bem como Zaidu, Marcano e Pepe, todos lesionados.

Do lado do Boavista, e em relação ao onze que empatou com o Gil Vicente (1-1), Jorge Simão, que já contou com Bozeník, ainda que no banco de suplentes, fez quatro mudanças, com as entradas de Chidozie, Luís dos Santos, Vukotic e Joel Silva, ocupando os lugares de Rodrigo Abascal, Filipe Ferreira, Makouta e Martim Tavares.

Frio, morno e quente na 1.ª parte

Começou ao ataque o Boavista, sabendo que uma vitória no dérbi garantia desde logo a manutenção, com um livre de Salvador Agra a ser cortado por Wendell para canto. Respondeu o FC Porto, também de bola parada, com Francisco Conceição a cruzar para a área e João Gonçalves a aliviar com um soco na bola.

Aos 7 minutos foi Martim Fernandes a arrancar pela ala direita dos dragões, a combinar com Francisco Conceição mas com o Boavista a não permitir o avanço de Pepê e Evanilson. Aos 10' foi Galeno, após bom cruzamento de Francisco Conceição, a não conseguir o melhor seguimento ao segundo poste, antes de Francisco Conceição, aos 11', cair na área, com Sasso: Artur Soares Dias mandou seguir.

Aos 12 minutos, após um pontapé de canto, Evanilson, de cabeça e já dentro da pequena área, atirou por cima, num lance que seria anulado por fora de jogo.

Num dérbi com poucas ocasiões de perigo, aos 38 minutos Pedro Malheiro arrancou cruzamento da direita e Otávio cortou para canto.

Havia, porém, emoção ainda durante a primeira parte, ainda que reservada para a reta final. Primeiro, aos 42 minutos, Nico González, em zona frontal, rematou para corte crucial de Pedro Malheiro. Na resposta Salvador Agra, com um remate rasteiro, obrigou Diogo Costa a defesa apertada.

No minuto seguinte, aos 43 minutos, Pepê pisou a bola com o pé esquerdo e rematou, forte, com o direito, com a bola a embater na barra da baliza de João Gonçalves. Em cima dos 45', de livre, foi Galeno a atirar por cima da baliza dos axadrezados.

Dor de cabeça à hora certa

A segunda parte começou sem substituições em ambas as equipas e com a mesma toada. O FC Porto a atacar, com Wendell a cruzar, aos 53', diretamente para as mãos de João Gonçalves.

Ainda antes da hora de jogo, Sérgio Conceição operou a primeira substituição, tirando o jovem Martim Fernandes para lançar Taremi, assobiado por alguns adeptos no Dragão, e apostando em Pepê na ala direita.

A verdade é que, à hora certa, como quem diz 60 minutos, foi mesmo o Boavista a adiantar-se no marcador. Joel Silva cruzou da direita, Diogo Costa saiu e tentou afastar a bola e, na recarga, Bruno Lourenço rematou colocado, de pé esquerdo, com a bola a entrar junto ao segundo poste. Segundo golo seguido do jogador axadrezado, quinto na Liga, com golos aos três grandes esta temporada.

Vermelho e "risco extremo"

Aos 64 minutos Taremi começou a entrar na história do jogo, ao arrancar o segundo amarelo e consequente cartão vermelho a Pedro Malheiro, deixando o Boavista reduzido a 10 jogadores.

De imediato, Sérgio Conceição lançou Danny Namaso, tirando o segundo lateral do jogo, Wendell, para ter dois extremos nas alas azuis e brancas: Pepê e Galeno.

Aos 71 minutos foi Alan Varela, numa jogada de insistência, a rematar por cima, em zona frontal, mas já com o lance invalidado por fora de jogo de Taremi.

Aos 78 minutos Jorge Simão mexeu, e em dose dupla, perante a fadiga dos jogadores, lançando Masa e Filipe Ferreira nos lugares de Salvador Agra e Joel Silva.

Massacre com herói improvável

Aos 81 minutos chegou, enfim, o golo do FC Porto. Na sequência de um pontapé de canto, Otávio acertou muito mal na bola mas foi esse gesto do central que permitiu ao outro defesa portista, Zé Pedro, surgir para cabecear para o 1-1.

Dois minutos depois, em mais um lance de insistência, o mesmo Zé Pedro, de meia distância, em zona frontal, rematou fortíssimo de pé direito, com a bola a sair a rasar o poste da baliza de João Gonçalves.

O jogo voltaria a parar, devido a queixas físicas de jogadores do FC Porto, e Sérgio Conceição acrescentava Romário Baró ao jogo, tirando Nico González. Respondeu Jorge Simão, aos 86 minutos, com Ibrahima Camaré e Makouta em campo, nos lugares de Vukotic e Seba Pérez.

Aos 88 minutos, João Gonçalves ergueu um muro, parando com duas defesas monumentais a reviravolta do FC Porto, perante os remates de Taremi e Evanilson.

Artur Soares Dias acrescentou sete minutos aos 90 regulamentares, com o FC Porto a dar tudo para evitar nova perda de pontos, no último jogo em casa. Aos 90+3', Jorge Simão promoveu o regresso de Bozeník, tirando Miguel Reisinho.

O avançado do Boavista não demorou muito a causar estragos, aos 90+5 minutos, quando surgiu isolado, valendo ao FC Porto Diogo Costa, que parou o remate e a recarga de Bozeník, num lance que seria posteriormente anulado por fora de jogo. Na resposta Taremi, já dentro da área do Boavista, atirou muito por cima da baliza de João Gonçalves.

Aos 90+7 minutos foi Danny Namaso, após um canto rápido batido por Galeno, e com passe de Taremi, a rematar às malhas laterais da baliza do Boavista.

Artur Soares Dias avisou que ia dar mais dois minutos e foi precisamente aos 90+8' que, na despedida do Estádio do Dragão, Mehdi Taremi voltou a ser decisivo, como tantas vezes foi durante o seu percurso no FC Porto. Francisco Conceição, uma vez mais, a criar o desequilíbrio, e Taremi, solto na área, a cabecear para o 2-1.

Loucura no Dragão, Taremi em lágrimas no relvado e dedicatória aos jogadores a Stephen Eustaquio, com uma camisola com o nome e número do médio que perdeu recentemente o seu pai.

Com este resultado o FC Porto regressou ao 3.º lugar do campeonato, antes da visita a Braga na derradeira ronda, enquanto o Boavista viu fugir, nos derradeiros segundos, a manutenção, de forma matemática, e logo num dérbi no Dragão.

Homem do jogo Flashscore: Francisco Conceição (FC Porto)