César Peixoto: "Não me assustam as etiquetas que me possam colocar por ter descido com o Paços"

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César Peixoto: "Não me assustam as etiquetas que me possam colocar por ter descido com o Paços"
César Peixoto deixou Paços de Ferreira depois da descida à Liga 2
César Peixoto deixou Paços de Ferreira depois da descida à Liga 2LUSA
Varzim, Académica, Chaves, Moreirense e Paços de Ferreira. É este o trajeto de César Peixoto como treinador principal, depois de uma carreira como jogador que teve como ponto alto as passagens por FC Porto e Benfica.

"De extremo esquerdo converti-me num médio e, mais tarde, lateral-esquerdo. Essas adaptações que me acompanharam ao longo da carreira aumentaram a minha leitura tática do jogo, obrigaram-me a entender melhor cada papel dentro de campo. Tive uma carreira bonita como jogador, com uma trajetória boa, consistente e de grande resiliência devido às muitas lesões que sofri", confessou César Peixoto, no testemunho publicado esta segunda-feira no The Coaches' Voice.

Campeão nacional, vencedor da Liga dos Campeões e da Liga Europa, além de ter sido campeão do Mundo de clubes, sempre pelo FC Porto, César Peixoto foi ainda internacional português numa ocasião.

"Se não fossem as lesões, acredito que teria tido muitas mais oportunidades", lembra César Peixoto, considerando a lesão sofrida diante do Marselha, na Liga dos Campeões, aos 21 anos, como a pior da sua carreira.

"Foi no ano em que o FC Porto ganhou a Liga dos Campeões com José Mourinho (2003/2004). Fui titular e marquei muitos golos, vivia um momento excelente. Havia rumores de vários grandes clubes europeus interessados em mim. Essa lesão mudou o curso da minha carreira", recordou o antigo jogador, lembrando a importância de José Mourinho na sua carreira como jogador e... treinador.

"Era um treinador muito diferente de tudo o que já tinha visto no futebol. A sua metodologia de treino era única, bem como a sua forma de pensar e liderar o plantel. Naquela época, nem pensava tornar-me treinador. Comecei a pensar nisso mais tarde, quando regressei a Portugal depois de uma etapa no Espanhol, quando fui jogar para o SC Braga, então de Jorge Jesus", conta.

Após o final de carreira, com uma saída conturbada do Gil Vicente, a carreira de treinador de César Peixoto começou no Varzim, em 2018/2019.

"O clube estava na segunda divisão. Por tudo o que tinha feito como jogador, pelo meu currículo, podia ter forçado uma oportunidade na 1.ª Liga. Mas não me interessava, necessariamente, começar na elite. O mais importante era ter uma oportunidade e foi o Varzim que me abriu as portas", lembra.

Seguiram-se Académica e Chaves, também na Liga 2, antes da estreia no principal escalão, pelo Moreirense.

"Foram só dois meses de trabalho. Os resultados estavam a ser satisfatórios mas tive diferenças de visão com a direção e, por acordo mútuo, decidimos terminar a ligação", explica César Peixoto.

Por fim, o Paços de Ferreira, em duas ocasiões distintas, num caso pouco comum no futebol.

"O Paços não ganhava um jogo há quatro meses mas tinha feito um estudo detalhado, que me mostrava claramente que havia potencial no plantel. Fizemos um trabalho excelente e evitámos a descida. A melhoria foi tão notável que ainda sonhámos com as competições europeias. Renovei o contrato, tinha um sabor de estabilidade mas a realidade foi muito diferente", começa por dizer César Peixoto.

"O clube vendeu nove jogadores. Sinceramente, não esperava uma mudança tão grande, além de que tínhamos grande dificuldade em substituir esses jogadores. Essa planificação complicada teve um preço elevado. Não ganhámos nenhum dos dez primeiros jogos e, em outubro de 2022, o clube optou pela minha demissão. Uns dois meses depois da minha saída, o clube contactou-me novamente. Quando ouvi pela primeira vez dessa possibilidade, pensei que era brincadeira", conta.

"O que me convenceu foram os jogadores. Comecei a receber chamadas deles, a pedir o meu regresso. Aceitei voltar por eles e pelos adeptos, mas também pelo clube. Pus algumas condições, como a contratação de reforços. Era preciso gente nova. Infelizmente, não foi possível e acabámos por descer. Mas não me arrependo de ter voltado. Com um plantel mais equilibrado teríamos conseguido o objetivo. Tenho a consciência tranquila, fiz o melhor que pude no Paços", defende César Peixoto, que, para já, continua sem novo projeto.

"Estou à espera. Sinto-me preparado para qualquer desafio. Não me assustam as etiquetas que me possam colocar por ter descido com o Paços. Desafios assim fazem-me melhor treinador. Sou mais treinador do que ontem", conclui.