Entrevista Flashscore a Francisco Geraldes: "Muitas vezes não é o que se gosta, é o que se tem"

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Entrevista Flashscore a Francisco Geraldes: "Muitas vezes não é o que se gosta, é o que se tem"

Francisco Geraldes terminou contrato com o Estoril e é um jogador livre
Francisco Geraldes terminou contrato com o Estoril e é um jogador livreEstoril-Praia SAD
Aos 28 anos, e após duas temporadas no Estoril, Francisco Geraldes é um jogador livre. O médio formado no Sporting, e que ainda com vínculo aos leões passou, por empréstimo, por Moreirense, Rio Ave, Eintracht Frankfurt e AEK, antes de deixar Alvalade em definitivo e rumar a Vila do Conde, ainda não tem o futuro definido.

Em entrevista exclusiva ao Flashscore, Francisco Geraldes confirma uma abordagem da Arábia Saudita, que não foi ao encontro dos seus interesses, e não descarta uma continuidade no futebol português. As ofertas existem, assume o médio, que pretende uma escolha ponderada no novo passo a dar na carreira.

Francisco Geraldes e o futuro
Flashscore

- Como está a tua situação profissional? Acabaste contrato com o Estoril, ainda sem notícias de que assinaste por outro clube.

- Neste momento, primeiro perceber que o contrato com o Estoril acabou. Obviamente que, nesse sentido, sou um jogador livre, por isso não me quero precipitar naquilo que será a tomada de decisão para entrar noutro clube. Há muita coisa a aparecer e, por isso, é mesmo uma questão de não haver precipitação, porque o próximo passo, para mim, será determinante para aquilo que poderá ser o resto da minha carreira. Estou confortável neste momento, não me quero precipitar e, com as coisas que estão aparecer, poderá estar resolvido num futuro próximo.

- Nesta altura todos os jogadores estão já a trabalhar. Isso poderá dificultar a tua integração num futuro clube?

- Não, não acredito. Basta ver pelo panorama nacional, onde os plantéis estão ainda muito limitados naquilo que são as contratações. Acaba por ser um efeito em cadeia, também naquilo que é o mercado internacional. Ainda não se viu uma movimentação assim muito grande, sem ser para a Arábia. Acho que é algo que levará o seu tempo mas fácil e rapidamente acontecerá.

- Por falar em Arábia, o teu nome foi imediatamente associado a um clube árabe, assim que saíste do Estoril. Houve algum fundamento?

- Efetivamente houve, de facto, uma abordagem, mas não achei que fosse de encontro àquilo que são os meus interesses e expectativas. Não foi uma coisa que seguiu, nem era muito do meu interesse. Vou aguardar por coisas que estão a aparecer, não estou muito preocupado nesse aspeto.

- Mas é algo que não te seduz, jogar na Arábia Saudita?

- Não sei. Neste momento não penso muito nisso, vou ter de esperar para ver o que o mercado vai dar. Mas não é a coisa que mais me suscita interesse.

- Faço esta pergunta porque o futebol árabe está a atrair muita gente, grandes nomes, sobretudo depois da ida de Cristiano Ronaldo. Que leitura fazes disto? É um bom sítio para terminar a carreira, reforçar a vida financeiramente? É uma Liga que pode vir a ter condições de chegar a outros patamares?

- Não sei. Não tenho muita propriedade para falar sobre a liga saudita, porque não conheço a realidade. Obviamente falam-se de valores que nunca antes foram falados no futebol. Acho que é uma questão muito pessoal e se quem foi acha que fez sentido para eles, então perfeito.

- Onde te vês a jogar futuramente? Portugal ou estrangeiro?

- Não sei. Acho que, muito mais do que uma perspetiva idealista, de perceber onde é que eu gostaria de jogar, é perceber o que tenho em termos de realidade material, o que é que eu tenho na mão e, aí, decidir. Muitas vezes não é o que se gosta, é o que se tem.

- Nesta altura há algumas ofertas? O telefone tem tocado muito?

- Tem, bastante. Mas tenho uma pessoa que trabalha comigo, é ele que trata dessa parte.

- Em relação ao futebol português, podemos falar de um ponto final?

- Não. Como disse, não tenho nenhuma restrição, é ponderar caso a caso. Não estou muito focado em jogar no país A, B ou C. É muito consoante aquilo que estiver em carteira.

Francisco Geraldes e o futuro
Francisco Geraldes e o futuroOpta by Stats Perform

- Neste momento o que te atrai mais, o projeto ou a estabilidade financeira?

- Dependerá muito daquilo que aparecer. Estou muito interessado em alguns projetos que me têm aparecido, então vai mesmo ter de ser uma decisão muito ponderada.

- Jogaste já na Alemanha, no Eintracht Frankfurt, por exemplo. Era um mercado que poderia interessar?

- Sim, é um excelente campeonato, obviamente. Muito competitivo.

- Mas não há nada dessas paragens, para já...

- Da Alemanha não. Há de outros sítios. Há algumas coisas a aparecer.

- Teremos então novidades em breve.

- Sim, sim.

Os números de Francisco Geraldes
Os números de Francisco GeraldesFlashscore

- Olhando para o futebol português, nesta época que se avizinha, vemos o Benfica campeão a reforçar-se muito e bem, o FC Porto também já com alguns reforços, o Sporting a querer mostrar outra cara, o SC Braga também a reforçar-se e bem. O campeonato português está a subir de nível, na tua opinião?

- Sim, acho que é notório. Pelo menos nesses clubes que mencionaste o investimento é grande e tem sido bem feito. Trazer nomes como Di María são sempre aspetos que atraem outros jogadores. Um jogador destas equipas mais pequenas, ter a oportunidade de jogar contra este tipo de nomes, é sempre algo que alicia, por isso pode trazer muita qualidade ao futebol português.

Francisco Geraldes e a Liga 2023/2024
Flashscore

- Teremos um campeonato mais apertado, mais renhido na próxima temporada?

- Acho que sim. O ano passado, entre Benfica e FC Porto, já foi bastante renhido. Mas espero que os quatro possam competir entre si para estarem pelo menos mais próximos uns dos outros.

- A distância entre os chamados grandes e os outros clubes está a diminuir?

- Acho que não. Basta olhar para os factos. A distância pontual é sempre enorme. É muito complicado competir com este tipo de equipas, com orçamentos muito grandes. O clube mais próximo seria o Vitória de Guimarães mas está muito longe desta realidade.

Francisco Geraldes e a sobrecarga de jogos
Flashscore

- Há um aspeto que, não sei se te preocupa, e tem a ver com o caso de Bruno Fernandes, o jogador no Mundo que mais jogos fez, que mais minutos competiu. As competições estão a tornar-se perigosas para o profissional de futebol?

- Em termos gerais, a sobrecarga implica cuidados extra, é algo que o corpo pode não suportar. Mas isso teria sempre de ter uma base na ciência, para eu poder dizer que, efetivamente, está a piorar ou não. Mas, em termos gerais, o Bruno fez 70 e tal jogos na época inteira. O Bruno é diferenciado nesse sentido, tem uma capacidade impressionante de acumular cargas, já no Sporting era assim. Mas, se calhar, nem todos têm essa capacidade. Aliás, os treinadores já manifestaram o seu desagado em relação a isso, ao calendário muito apertado. Eles, melhor do que ninguém, podem falar disso com propriedade.

- A importância do negócio está a sobrepor-se ao resto?

- Os jogadores de elite, cada vez mais, vão ter de estar preparados para isso. Não há outro caminho. O futebol, acima de tudo, temos de perceber que é um negócio. Os jogadores têm contratos a cumprir. É fazê-lo, é aceitar as regras do jogo como são.

- Como profissional sentes-te confortável com esse papel?

- Bem, eu nem sequer passo por isso. Não joguei, pelo menos até hoje, competições europeias, não estive exposto a esse nível de exigência. Não sei muito bem calçar esses sapatos.

Francisco Geraldes e o novo ciclo da Seleção Nacional
Francisco Geraldes e o novo ciclo da Seleção NacionalOpta by Stats Perform

- Olhando para a Seleção Nacional, como vês as mudanças que houve? Os resultados têm sido excelentes neste arranque de um novo ciclo. Olhas com otimismo para o futuro da Seleção Nacional?

- Claro. Para já, é aceitar a mudança de selecionador. Todas as coisas começam e terminar. É bom termos ideias diferentes, ideias novas. Obviamente Portugal, diria, está no top 3 das seleções do mundo, por isso o futuro só pode ser bom, com a quantidade e qualidade individual que temos.

- Além de jogadores, também vemos muitos treinadores a saírem e a ter sucesso, nomeadamente para o Brasil. Surpreende-te?

- Não, de todo. Os treinadores que estão no Brasil, e a maioria e conheço, são pessoas altamente competentes, por isso não me surpreende minimamente. Agora não sei como são os treinadores brasileiros, é uma realidade que não conheço, não posso opinar. Mas em relação aos treinadores portugueses, não há dúvida que os que lá estão são mesmo muito bons.

- O futebol português, genericamente, está em alta, a dar cartas no Mundo?

- Sim, sem dúvida. Tanto a nível de jogadores como de treinadores e dirigentes. Acho que conseguimos, aqui, exportar pessoas com recursos humanos de muita qualidade, mesmo.

- Relativamente ao futebol internacional, como olhas para o panorama atual, nomeadamente a Premier League, com o triplete do Manchester City? E o PSG, que apesar do investimento ainda não conseguiu lá chegar...

- O investimento não é tudo. As pessoas gostam muito de falar do investimento que o Manchester City fez. Obviamente são valores astronómicos mas não fica muito atrás do que o PSG investiu, o Manchester United, o Arsenal, o Chelsea... O City tem o melhor treinador possível mas também tem uma estrutura grande por trás, que consegue materializar todo esse investimento em resultados concretos.

- Não surpreendeu, por isso, que alguns jogadores portuguese do City fossem campeões europeus...

- Não. nada. São do melhor que Portugal já teve. O Bernardo (Silva), o Rúben (Dias), mas também o João (Cancelo). Não me surpreendeu em nada.