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“Espero uma reação. Nesta fase, existe uma questão de amor próprio, honra e dignidade que está em causa. Para um clube como o Benfica, aquilo que aconteceu deixa marcas, que poderão ser aproveitadas negativa ou positivamente. Como é óbvio, espero que haja um aproveitamento em termos psicológicos da raiva que possa persistir e da vontade em dar a volta à situação. É o que me parece mais lógico”, notou à agência Lusa o ex-médio internacional português, que representou as águias em 1978/1979 e entre 1980 e 1983.
O campeão nacional Benfica, segundo colocado, com 25 pontos, recebe o Sporting, líder isolado, com 28, no domingo, às 20:30, no Estádio da Luz, em Lisboa, em duelo da 11.ª jornada do campeonato, com arbitragem de Artur Soares Dias, da associação do Porto.
“O Sporting tem sido a melhor equipa até agora, sem qualquer margem para dúvida. Os opositores também têm feito o possível para não deixarem dúvidas. Será um dérbi muito interessante para as duas equipas, mas, especialmente, para o Benfica: se perder, fica numa situação bastante fragilizada. Agora, a minha convicção é de que vai reagir bem à imagem deixada em Espanha e que as coisas serão corrigidas pelo treinador”, afiançou.
Depois de ter chegado aos quartos de final da Liga dos Campeões nas duas temporadas anteriores, a formação do alemão Roger Schmidt ficou afastada da atual edição da prova na quarta-feira, ao averbar a quarta derrota em outras tantas rondas do Grupo D na casa da Real Sociedad (1-3), com três golos sofridos ao longo da meia hora inicial, na qual os txuri-urdin tiveram ainda dois tentos anulados e desperdiçaram uma grande penalidade.
O Benfica voltou a jogar em 3-4-3, sistema ao qual tinha recorrido perante as lesões de Alexander Bah, Juan Bernat, Orkun Kökçü ou David Neres e que é predominante na era Rúben Amorim no Sporting, mas João Alves aguarda pelo regresso ao habitual 4-2-3-1.
“Razões da mudança tática? O treinador procurou melhorar o rendimento da equipa e os resultados, mas a questão é que, com aqueles jogadores que estavam nas faixas laterais (do ataque), sobretudo Ángel Di María e Rafa, o Benfica foi uma equipa completamente desequilibrada neste último duelo. Não teve bola e esteve perdida em campo”, lamentou.
Na sequência do empate caseiro com o Casa Pia (1-1), da nona jornada da Liga, Roger Schmidt lançou de início três centrais no triunfo em Arouca (2-0), para o Grupo B da Taça da Liga, tendo mantido o brasileiro Morato junto de António Silva e do argentino Nicolás Otamendi na vitória em Chaves (2-0), da 10.ª jornada, e na deslocação a San Sebastián.
“Lembro-me de um jogo (em Arouca) em que o campo estava em muito más condições e pesadíssimo. Às vezes, aceita-se que possa haver uma ou outra variante tática. Aliás, os treinadores têm de as ter sempre à mão para poderem utilizá-las. Agora, tendo em conta as características do próprio plantel, o máximo aproveitamento dos melhores jogadores e até o historial tático de cada clube, parece-me que este sistema de três defesas centrais nunca teve nada a ver com a equipa que o Benfica tem. É a minha sensação”, analisou.
Conhecido como luvas pretas no futebol nacional, João Alves, de 70 anos, lembra que a partida em Chaves já havia revelado “fragilidades táticas” das águias, cujos flancos vão tendo João Neves e o norueguês Fredrik Aursnes, ambos médios de raiz, como titulares.
“O Sporting joga com jogadores habituados ao ‘3-4-3’, que é, talvez, das estruturas mais difíceis de se colocar em prática. Isso passa pelas características dos futebolistas e por questões de treino. Não houve tempo para as coisas crescerem naturalmente”, concluiu.