O médio defensivo continua a destacar-se ao nível dos desarmes na Premier League, estatística que liderou na época de estreia no Fulham e característica que explicou no podcast: "Oitenta, noventa por cento desta característica define-se pela paixão que tenho pelo jogo, pela fome. Acho que vem de dentro, não é algo que se treine".
Para Palhinha, o facto de ter rumado a Inglaterra contribuiu bastante para a sua evolução como jogador: "Desde que aqui cheguei, queria superar as expectativas, sempre foi esse o meu objetivo. Cada vez que vou ao chão e eles fazem aquele bruá dá-me gasolina e é isso que mais gostamos no futebol", revelou.
Ainda sobre o futebol inglês, Palhinha explicou as dúvidas que sentiu quando recebeu a proposta do Fulham.
"A minha dúvida era mais em relação aos objetivos coletivos do clube, esse foi sempre o meu maior receio. Saí do Sporting, fui campeão, lutávamos pelo título e vim para uma equipa que estava na Premier League mas ia lutar por objetivos como a manutenção. Confiei no Marco (Silva) e senti que já tinha feito tudo em Portugal (...) Vi um projeto muito interessante no Fulham".
Voltando atrás na carreira, João Palhinha, que admitiu o desejo de, um dia, regressar a Portugal, lembrou as dificuldades de início de carreira.
"Não vou esconder que há momentos que tive dúvidas que as coisas fossem correr bem. Passei por processos difíceis. Nos primeiros anos de Sporting, estive praticamente um ano e meio sem jogar, sentia que o meu papel não era importante e provavelmente foi o período mais desgastante em termos mentais e que mais me fez questionar se um dia iria ter sucesso", recordou.
"Essa fase, com o Jorge Jesus no Sporting, em que levei com muita coisa... Felizmente, consegui dar a volta por cima. Cheguei a sentir que as coisas não iam passar dali. Não estava feliz, não estava motivado, apesar de estar sempre a trabalhar no máximo, até treinava a lateral direito e sentia que não me estavam a dar o valor que merecia, apesar de ser ainda miúdo", acrescentou.
No entanto, depois de uma passagem por empréstimo pelo SC Braga, o médio acabou por continuar em Alvalade e com Rúben Amorim, que recebeu elogios do seu antigo jogador.
"Senti que não tinha mostrado o que valia no meu clube de formação. Queria mostrar às pessoas o que valia e juntar isso a títulos foi fantástico".
"O Rúben sempre me puxou para cima. Mesmo no Sporting, na altura em que fomos campeões, sempre demonstrou o que eu podia vir a alcançar e quis ter-me ao pé dele. Foi um treinador que me ajudou a evoluir. Era mais do que um treinador dentro do balneário", disse ainda.
Roberto Martínez "trouxe algo que estávamos todos a precisar"
Já sobre o Euro-2024 e a seleção nacional, João Palhinha destacou a chegada de Roberto Martínez e a caminhada de Portugal rumo à fase final da prova.
"Sinto o grupo muito motivado e feliz com a vinda do mister Roberto Martínez. Trouxe algo de novo e que todos na seleção estávamos a precisar. Tem uma mente bastante aberta no que diz respeito ao futebol e à relação com os jogadores. Liga muito aos pormenores, nunca pensámos que fosse assim, não só em relação ao jogo, mas extra-futebol", contou.
"Acho que depois deste trajeto que tivemos as pessoas têm as expectativas mais altas de alcançarmos uma final. Vai ser um Europeu muito difícil, as equipas vão estar preparadas, mas estamos conscientes que temos qualidade individual e coletiva para alcançarmos esse objetivo", acrescentou, sobre as ambições portuguesas no Euro-2024.
