O regulador vai ter uma série de poderes para garantir que os clubes são geridos de forma sustentável e a capacidade de impedir as equipas de aderirem a competições separatistas como a Superliga Europeia.

Os clubes da Premier League, que beneficiam dos mais lucrativos acordos de direitos televisivos do desporto, têm estado em desacordo com a Liga Inglesa de Futebol (EFL) sobre um novo acordo de financiamento para o resto da pirâmide (a pirâmida é composta pelas quatro divisões superiores).

Um acordo no valor de cerca de 900 milhões de libras ao longo de seis anos para as ligas inferiores, e ligado a futuras receitas televisivas, tem sido travado durante meses devido a desacordos entre os clubes da Premier League.

As equipas da primeira divisão foram avisadas pelo governo, no mês passado, de que a falta de um acordo de financiamento implicaria a imposição de um acordo. 

Entre os poderes do regulador está a opção de intervir e garantir um acordo, estudando as propostas de ambas as partes e impondo uma delas como acordo vinculativo.

O presidente do West Ham, David Sullivan, expressou o receio dos clubes da Premier League de que a posição de que privilegiam no futebol mundial possa ser prejudicada pelo regulador.

"A Premier League é a melhor liga do mundo. É uma grande exportação - outros países querem comprá-la a nós e, de um modo geral, temos um bom desempenho na Europa. Qualquer coisa que reduza as nossas receitas tornar-nos-á menos competitivos. Podemos deixar de ser a liga principal, podem arruinar um ativo que temos", disse Sullivan à BBC.

No entanto, essas afirmações foram rejeitadas pelo presidente da EFL, Rick Parry.

"O fosso entre a Premier League e o resto (da Europa) é cada vez maior, por isso a ideia de que a Premier League vai ser indevidamente condicionada ou deixar de ser competitiva... não vejo como é que isso chega a ser um argumento", disse Parry.

O governo comprometeu-se a criar um regulador na sequência de uma análise conduzida pelos adeptos em 2022, liderada pelo antigo ministro do desporto Tracey Crouch.

"Uma boa sustentabilidade financeira nos clubes de futebol não vai impactar negativamente a competitividade, acho que vai ajudá-los a prosperar. Uma das coisas com que fomos muito cuidadosos na revisão foi certificarmo-nos de que tínhamos avaliado o impacto de qualquer uma das nossas recomendações na competitividade nacional e na capacidade de atrair talentos, e chegámos à conclusão de que nada disto tem impacto sobre isso", disse Crouch.

"Porque, na verdade, se pensarmos bem, o que estamos a fazer é melhorar a regulamentação e a governação do futebol, o que, em última análise, significa que o futebol irá prosperar e não outra coisa qualquer", acrescentou.