Mais de 1,5 milhões de adeptos concorreram aos 63.000 bilhetes disponíveis para o jogo entre a Argentina e o Panamá, no estádio Monumental de Buenos Aires.

Os argentinos, loucos por futebol, saíram à rua em número ainda maior após a dramática vitória da albiceleste nos penáltis sobre a França, em dezembro passado. Estima-se que cinco milhões de pessoas lotaram as ruas de Buenos Aires alguns dias mais tarde para o desfile da seleção com o tão ambicionado troféu.

Tal foi a multidão que a parada teve de ser ajustada muito antes de chegar ao centro de Buenos Aires, uma vez que já estava com várias horas de atraso.

Chegou a esperar-se que Messi se retirasse do futebol internacional após a final em Doha, na qual marcou dois golos e converteu um de penálti, mas o avançado do Paris Saint-Germain disse que queria continuar um pouco mais para poder vestir a camisola azul e branca da Argentina como campeão mundial.

"Ele está em boa forma, quer continuar a vir. Quando ele me disser que não se sente bem, veremos", disse o treinador Lionel Scaloni na terça-feira. "Neste momento, ele está feliz com a selecção nacional", acrescentou.

A expectativa desceu no início deste mês quando dois homens dispararam tiros contra um supermercado fechado pertencente à família da mulher de Messi, antes de deixarem uma mensagem ameaçadora dirigida ao vencedor de sete Bolas de Ouro.

"Messi, estamos à tua espera. Javkin é um narco, ele não vai cuidar de ti", escreveram, no chão, em referência a Pablo Javkin, o presidente da câmara da cidade natal de Messi, Rosário, a cerca de 320 quilómetros a norte de Buenos Aires.

Messi, no entanto, deu tudo por tudo, como o seu pai assinalou. "Falei com o miúdo e ele disse-me: "relaxa"", contou Jorge Messi aos repórteres.

Para o presidente da câmara de Rosario, aquela foi mais uma manobra publicitária do que uma ameaça genuína. "Que história é mais rapidamente viral no mundo do que um ataque a Messi?" disse Javkin.

Embora possa não afectar diretamente Messi, o incidente realçou um problema crescente na cidade natal de Messi. Rosário é uma cidade portuária no rio Paraná que se tornou gradualmente um centro nevrálgico para o tráfico de droga e a cidade mais violenta da Argentina, com 287 assassinatos em 2022.

"Todos vão querer vencer-nos"

Espera-se um ambiente de festa em Buenos Aires para o regresso a casa da seleção da Argentina para um compromisso internacional.

Com 20.000 lugares no estádio com capacidade para 83.000 espectadores, os restantes bilhetes foram comprados no espaço de duas horas após o início da venda, mesmo com preços que variavam entre 12.000 pesos (cerca de 57€) e 49.000 pesos (234€), o equivalente a mais de metade do salário médio mensal naquele país sul-americano.

O presidente da Federação Argentina de Futebol, Claudio Tapia, disse que o organismo tinha recebido mais de 130.000 pedidos de acreditação de meios de comunicação, num estádio com capacidade para apenas 344 jornalistas.

"Adoraríamos poder acolher toda a gente, mas precisaríamos de dois estádios, apenas para jornalistas. A loucura pela Argentina é total", disse Tapia.

Aqueles que não tiverem a sorte de entrar no estádio poderão pelo menos ver o jogo de graça na televisão, depois de o governo ter decidido transmiti-lo livremente.

Scaloni prometeu-lhes que a equipa não descansaria sobre as suas conquistas, independentemente da ocasião ou dos adversários.

"O objectivo é continuar a jogar ao mesmo nível", assegurou. "Agora, vai ser mais difícil do que nunca, porque todos vão querer vencer-nos".

Depois do jogo de quinta-feira, a Argentina defrontará a Ilha de Curaçao em Santiago del Estero.