Fernando Alonso (41 anos) participou esta quinta-feira na apresentação do livro "El Gran Circo de la Fórmula 1" da jornalista Nira Juanco, onde comentou o que aconteceu após o tumultuoso fim do Grande Prémio da Arábia Saudita, no qual terminou em terceiro lugar, ficou no pódio, depois a FIA retirou o seu terceiro lugar e finalmente devolveu-o.
Quando ainda acreditava que a sanção era definitiva, o espanhol disse que não se importava porque ninguém podia "tirar-lhe o que tinha alcançado", mas hoje qualificou as suas palavras como um ataque sarcástico contra a federação internacional:
"Eu não me importei. Incomodou-me um pouco, mas vi que a FIA era tão má, que me diverti tanto, que até me tiraram o que tinha alcançado. Doeu um pouco, mas eu disse 'olha que bom, que confusão e que imagem eles vão dar depois de 35 voltas sem ver o incidente e agora penalizando-me depois do pódio'", afirmou Fernando Alonso.
O episódio foi tão inusitado que o anúncio da penalização de Alonso veio depois do piloto ter celebrado o seu terceiro lugar no pódio, algo que até George Russell, da Mercedes, que subiria ao terceiro lugar, criticou.
Para Alonso, teria feito sentido se a decisão da FIA tivesse surgido antes da cerimónia.
"Acho que para a Mercedes, para o George e para os patrocinadores, era anormal estar no pódio. Era normal se eles o merecessem, mas eu já lá tinha estado", lembrou Fernando Alonso.
"Haverá uma corrida em que terminaremos em sexto ou sétimo"
O asturiano, apesar do espectacular início de temporada do seu Aston Martin, com dois pódios nas duas corridas disputadas, continua a abordar a época com cautelas, especialmente face à esmagadora superioridade demonstrada pela Red Bull, ocupando os primeiro e segundo lugares, tanto no Bahrein como em Jeddah, e a possível melhoria, tanto da Ferrari como da Mercedes.
"Começámos bem, com dois pódios, mas a Red Bull está numa liga diferente. Portanto, temos de manter os nossos pés no chão. Embora possamos atrasar o mais possível e continuar a fazer grandes desempenhos, chegará uma corrida onde poderá acontecer que terminemos em sexto ou sétimo lugar, porque os Ferraris vão sair-se bem nesse circuito, a Mercedes vai crescer porque são uma equipa muito grande e vimos no ano passado que começaram fora do Q3 e depois venceram uma corrida no Brasil. Esse é o potencial que têm", explicou Alonso.
Deixar a Alpine foi a chave
Na sua 20.ª temporada na grelha, e embora seja o piloto mais velho de todos eles, o duplo campeão mundial tem uma motivação que não sentia há muitos anos, tendo passado uma década longe das equipas com aspirações de topo.
De facto, a sua desanimadora passagem pela McLaren, entre 2015 e 2018, levou-o a sair do quadro da Fórmula 1 por duas épocas, antes de regressar à Alpine em 2021, onde também passou mais do que a sua quota-parte de tempo, apesar de ter trabalhado mais do que nunca na esperança de que a mudança de regras o beneficiasse, algo que finalmente aconteceu este ano em Aston Martin.
"Preparei-me bem desde que regressei à Alpine em 2021. Estava à espera que as novas regras me aproximassem das vitórias. Não aconteceu em 2022 com a Alpine, mas foi um ano de preparação. A partir de meados do ano, quando assinei com a Aston Martin, comecei a pensar verde, a preparar-me, a falar com a equipa, a preparar o carro.... Foi como se fosse uma coisa pessoal", explicou Fernando Alonso.
Se nos seus anos de campeão, em meados da primeira década do século, foi a maré azul que manchou todos os circuitos com as cores da bandeira das Astúrias, os fãs de Fernando Alonso ainda são tão leais como no primeiro dia. Algo que o piloto valoriza positivamente, mesmo que ainda não esteja na mesma situação daqueles gloriosos anos na Renault.
"Estou feliz e sei que em Espanha estão a viver com grande entusiasmo este início do campeonato. Estou contente por ser esse o caso. Não voltei a Espanha desde o início de janeiro, por isso estou ansioso por regressar, mas pelo que a minha família e o Pedro de la Rosa me dizem, há muita excitação. É um pouco chocante que a geração que não me viu em 2005-2006 esteja a ficar entusiasmada, que esteja tão entusiasmada e que acredite na luta por uma vitória ou pelo Campeonato Mundial, porque ainda não estamos nessa posição", afirmou Alonso.