O caso soube-se esta semana e tem feito correr muita tinta, não só em Espanha, como por toda a Europa. O Ministério Público espanhol, a LaLiga e a Federação Espanhola de Futebol já pediram informações ao Barcelona na sequência de uma investigação à empresa de Enríquez Negreira, a Dasnil 95, S.L, que terá recebido 1,4 milhões de euros do emblema blaugrana.
Esta noite, o El Mundo foi mais longe na pesquisa, encontrou e publicou documentos em que o antigo responsável pela arbitragem em Espanha ameaça o então presidente do Barcelona com a exposição de um "grande escândalo", contando "sem consideração, as irregularidades do clube que ele conhecia e tinha experienciado em primeira mão".
"Se não tivermos acordo, todas as irregularidades serão públicas e eu posso prová-las", pode ler-se na manchete com imagens do fax alegadamente enviado. Mas o conteúdo adensa a trama: o último pagamento do Barcelona, em junho de 2018, coincide com a saída de Negreira da CTA.
"A minha surpresa e deceção foi capital", começou por escrever. "Depois de todo este tempo juntos, tomo isto como um insulto pessoas absolutamente injustificado".
Depois de expor a sua insatisfação, Negreira subiu o tom e ameaçou diretamente Bartomeu.
"Tenho a firme intenção de apresentar uma queixa nos tribunais, que terá seguramente consequências negativas. Até agora ainda não dei início a estes procedimentos para evitar consequências sérias, esperando chegar a um entendimento adequado em relação à minha reivindicação. Não me parece que outro escândalo seja favorável para o clube", prosseguiu.
"Até à data, e dada a reciprocidade do tratamento recebido por você, os antigos presidentes e o clube, considero que merecia respeito e decoro. O atual comportamento dele (Bartomeu) para com a minha pessoa, com a agravante e preconceito que isso acarreta, infelizmente liberta-me de tal obrigação auto-imposta". Negreira considerou que o clube "se permitiu a atropelar de forma impune" os seus "interesses e direitos".
No entanto, depois da primeira série de ameaças e intimidações, ofereceu a Bartomeu um pacto de não agressão: "Apesar disso, e apesar de estar no meu direito de levar ao conhecimento da autoridade de forma pública tudo o que sei e posso comprovar e que contextualiza perfeitamente o cenário no qual me movi e me relacionei consigo e antigos presidentes, não quero deixar passar a oportunidade de chegar a um acordo justo para ambas as partes".
"Não declaro animosidade para com ninguém do clube e não tenho qualquer desejo de divuglar todas as irregularidades que conheci e experienciei em primeira mão em relação a qualquer pessoa do clube. Mas você (Bartomeu) vai forçar-me a fazê-lo se não reconsiderar a sua decisão e cumprir o acordo que tinhamos para continuar a contar com os meus serviços até ao fim do mandato presidencial", insistiu.
"Tenho a razão e o direito de apoiar essa pretensão. Tanto o senhor como o senhor Rosell", referindo-se ao antigo presidente do Barcelona, "como vice-presidente e presidente e vice-versa, para não mencionar outros, acordaram comigo os acordos que hoje pretendem quebrar com impunidade. Infelizmente, deparado com tal propósito, não posso ficar de braços cruzados".
"O meu trabalho e serviços prestados foram impecáveis, nem o CTA (Comité Técnico de Árbitros), nem a RFEF (Federação Espanhola de Futebol) podem ou poderão repreender-me por qualquer coisa a este respeito."
"Peço que realizemos uma reunião privada entre nós os dois, absolutamente confidencial, a fim de resolver este assunto definitivamente para o bem de todos. Estou à espera que me convoquem urgentemente para este fim. Caso contrário, compreenderei que não só me obrigam, como me provocam a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para edfender os meus interesses, sem qualquer consideração", finalizou.
O jornal espanhol conclui, revelando que Negreira continuou a pressionar Bartomeu através de chamadas e mensagens, mas o então presidente evitou qualquer contacto.