“Depois de uma reflexão profunda, anunciou a minha retirada do futebol profissional. Tive o privilégio de fazer desta a minha profissão durante 17 anos e sinto-me incrivelmente grato pela oportunidade. Nas últimas semanas e meses sofri com algumas lesões e ficou mais claro que chegou a altura para deixar este palco. Foi uma aventura fantástica, cheia de momentos inesquecíveis e emoções (…). Agora estou ansioso pelo que o meu futuro me reserva, com a minha mulher Amine e as minhas duas belas filhas Eda e Ela, mas podem ter a certeza que vão continuar a ouvir falar de mim de tempo a tempo nas redes sociais”, escreveu nas redes sociais.
"O melhor número 10 do mundo”
Nascido em Gelsenkirchen, Mesut Ozil começou a dar os primeiros passos no futebol ao serviço do Rot-Weiss Essen. É de lá que ruma ao Schalke e mais tarde ao Werder Bremen onde começa a dar nas vistas – conquista a Taça da Alemanha e a Supertaça, em 2009, os primeiros títulos na carreira.
Em 2010 junta-se a um Real Madrid de galácticos – Kaká, Xabi Alonso, Ricardo Carvalho, Ángel Di Maria, Cristiano Ronaldo e Karim Benzema – onde o estilo de jogo atinge níveis superlativos, com José Mourinho. Nas três épocas que passa no Santiago Bernabéu conquista um campeonato, Supertaça de Espanha e Taça do Rei. Faz 157 jogos, marca 27 golos, mas impressiona pelo número de assistências: 67
“É um jogador único. Não existe mais nenhum igual, nem mesmo de qualidade inferior. Tornou as coisas muito fáceis para mim e para os colegas em campo, com a visão de jogo que tinha. É o melhor número 10 do mundo”, asseverou o treinador português, mais tarde, em 2013.
Em 2013 deixa Madrid para rumar ao Arsenal, por 47 milhões de euros, como a primeira grande contratação depois de anos de frugalidade devido â construção do novo estádio. Está sete épocas em Londres onde experimenta o melhor e o pior, num emblema que atravessava os últimos anos de Wenger e preparava-se para uma transição complicada. Deixa o clube em 2020 com uma imagem desgastada. Conquistou a Taça de Inglaterra na primeira temporada, ficou a uma assistência do recorde de Henry em 2016, mas chegada de Unai Emery afastou-o da ribalta com um dos ordenados mais bem pagos do plantel. A pandemia de Covid-19 - onde se recusou a aceitar um corte de salário - e o facto de ter ficado fora dos inscritos para a Premier League e Liga Europa precipitaram a saída, com o Arsenal a pagar os quase seis milhões de euros que devia.
Foi até à Turquia, onde tem ascendência, mas não teve melhor sorte. A passagem de dois anos pelo Fenerbahçe (37 jogos) ficou marcada por novos problemas e esta época mudou-se para o Istambul Basaksehir, com fortes ligações a Erdogan, presidente turco com quem já apareceu várias vezes ao lado. Acabou por fazer apenas sete jogos.
As acusações de racismo
Com ascendência turca, Mesut Ozil desde muito cedo que se comprometeu com a seleção da Alemanha, onde nasceu. Campeão da Europa sub-21, representou a National Mannschaft em 92 ocasiões, sendo que a estreia aconteceu em 2009.
Foi campeão do mundo em 2014, no Brasil, e anunciou o ponto final em 2018, após uma desastrosa campanha na Rússia, que viu a equipa germânica ficar na fase de grupos. Aquando da saída, deixou duras críticas à federação de racismo, depois de Reinhard Grindel, líder do organismo, ter criticado as fotos em que apareceu com Erdogan, presidente da Turquia. “Aos olhos de Grindel e dos adeptos sou alemão quando ganho, mas um imigrante quando perdemos”, disse num comunicado.
Muçulmano praticante, Mesut Ozil também se viu envolvido noutro incidente diplomático, desta feita ao serviço do Arsenal. As críticas públicas â forma como a China estava a lidar com a população Uighur, de credo islâmico, levou a uma situação de tensão entre o clube e as autoridades chinesas, que é um dos maiores mercados da Premier League.