A derrocada vai além do tornozelo massacrado, que, segundo a Universidade de São Paulo, é o problema que mais afasta jogadores dos relvados. Mesmo saudável, Neymar não faz a diferença pelas equipas por onde passa há algum tempo.
Repare que mesmo nos seus lances de génio, como o golo contra a Croácia no Mundial do Catar, são cada vez mais raros.
Ele não se transformou no camisola 10 que os amantes do futebol sonhavam, ou esperavam, que seria.
A Bola de Ouro que sonhou ganhar foi ficando cada vez mais longe da realidade.
Como ficou o Campeonato do Mundo, ou o protagonismo que tanto procurou em emblemas europeus.
Nem mesmo a tal "Neymardependência" da seleção brasileira se materializou – já que, na melhor das hipóteses, tudo não passou de uma limitação do agora demitido treinador Tite ou, na pior, foi mesmo um delírio coletivo que acreditava que Ney era o salvador da pátria.
Ele foi o maior nome na pior sequência do Brasil na história dos Mundiais. Os números não são maus, é verdade: em 12 jogos, perdeu apenas um, fez sete golos e três assistências. Em 2014, por estar (novamente) lesionado, não participou no desastre do 7-1. Mas Ney foi o líder da equipa nos vexames de 2018 e 2022 e naufragou em todos os Campeonatos do Mundo.
O seu grande feito pela Seleção foi a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o que não é nada em comparação ao que já conquistaram os seus companheiros Mbappé e Messi.
No Barcelona, ele sempre brilhou como ajudante. No Paris Saint-Germain nunca ficou perto de justificar ter sido a contratação mais cara do futebol.
O garoto do Santos, que deslumbrava e nos enchia de esperanças, desabrochou apenas em partes.
E, em contramão do que acontece dentro de campo, há uma questão que não perde força com o tempo: a antipatia.
O que começou apenas com uma aversão ao desfavorecido, descambou hoje para repulsa em todo o planeta. Ao ponto de haver um jogador campeão mundial pela França (Christophe Dugarry) a dizer que ficou feliz com sua mais recente lesão. Ao ponto também de uma infinidade de brasileiros terem comemorado publicamente a sua lesão no último Campeonato do Mundo.
Festas-ostentação, militância política em prole da extrema-direita, aparição no carnaval após um cartão vermelho, acusação de fuga aos impostos, publicações alienadas no Instagram, passagem de ano em Mangaratiba cheia de convidados durante a pandemia...
Mas o pior para o ex-santista é que, como bem sabe o técnico do PSG, a equipa de Neymar está melhor sem ele.
Está a chegar a hora de partir para a Liga árabe? Será que segue o caminho do seu parceiro Daniel Alves e volta para o Brasil? Ou Ney ainda pode brilhar em emblemas menos ricos da Europa?
De qualquer forma, o melhor Neymar já passou.
De acordo com o PSG, o brasileiro vai ficar de fora entre três a quatro meses a recuperar de uma operação no tornozelo. Sofreu esta última lesão no dia 20 de fevereiro, na vitória sobre o Lille (4-2) para a Ligue 1. A cirurgia deve reparar os ligamentos para evitar novas lesões na região.