"Estamos a trabalhar num plano A, e o plano A inclui também toda a confiança que temos no profissionalismo das equipas que trabalham na segurança", disse à AFP a presidente da Câmara do PS, Anne Hidalgo, na terça-feira, a partir de Olímpia, após a cerimónia em que se acenderam as chamas, grande apoiante desde o início de uma cerimónia popular ao longo do Sena.
Várias fontes próximas do assunto disseram à AFP que a prefeitura de Paris não estava a considerar uma possível mudança para o Stade de France. O Trocadéro, também mencionado pelo Presidente da República, onde os chefes de Estado de todo o mundo se deverão encontrar após o espetáculo e o desfile das delegações ao longo do Sena, já foi mencionado nos bastidores.
Parece "impossível adiar uma cerimónia deste tipo, tendo em conta o prazo", afirmou recentemente um alto funcionário sob condição de anonimato.
A próxima etapa da comunicação do Ministério do Interior será fornecer informações sobre as condições de segurança ao longo do Sena nos sete dias que antecedem a cerimónia de abertura, bem como sobre as modalidades de acesso junto ao rio através de códigos QR para os habitantes locais, comerciantes e transeuntes.
Que cerimónia no Stade de France?
Há meses que o executivo vem repetindo que o Stade de France, que acolherá as cerimónias de encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, não pode ser um plano de recurso. Quando Michel Cadot, delegado interministerial para os Jogos Olímpicos, compareceu perante o Senado francês, a 17 de janeiro, excluiu claramente a hipótese de uma cerimónia no Stade de France.
Com efeito, algumas competições começam antes da abertura oficial, na sexta-feira, 26 de julho, como o râguebi de sete, que se realiza na quarta-feira, 24 de julho, o que torna impossível um espetáculo.
De acordo com uma fonte envolvida no assunto, se a cerimónia fosse finalmente realizada no Stade de France, seria de facto um evento puramente cerimonial, sem a dimensão artística, para declarar oficialmente a abertura dos Jogos Olímpicos.
Muitas incógnitas
Em caso de retirada, haverá público? O Stade de France tem capacidade para 65.000 pessoas em configuração de cerimónia. Atualmente, foram vendidos cerca de 100.000 bilhetes pagos para assistir à abertura a partir dos cais inferiores do Sena. Quem indemnizaria os espectadores? Quais são as consequências financeiras para o Comité Organizador? Qual será a cobertura do seguro?
"Se houvesse público, não o poderíamos fazer de um dia para o outro", diz uma fonte próxima do assunto. Por outro lado, o cenário de uma cerimónia em esqueleto sem público "não seria difícil de montar", garante uma fonte de segurança.
O Governo francês, o COI e os organizadores estão muito empenhados nesta cerimónia inédita fora do estádio, que pretende tirar o pó às tradicionais grandes cerimónias olímpicas e que projectará seis quilómetros de cartões postais de Paris nos ecrãs de televisão de todo o mundo. Se não se realizasse, seria uma grande deceção para todos os intervenientes.
"As grandes ideias são sempre ambiciosas e não são fáceis de concretizar. Paris tem feito muito para ultrapassar os limites, mas quando tiveram a ideia da cerimónia no Sena, o mundo não estava no mesmo estado político", disse à AFP Michael Payne, antigo diretor de marketing do COI: "Não seria a primeira vez que uma cerimónia seria alterada à última da hora"-