Com Bruno Fernandes a titular e Dalot, lesionado, na bancada - tal como o novo reforço Wout Weghorst - os red devils não podiam escolher um melhor momento da época para defrontar os rivais: sem perder há oito jogos consecutivos em todas as competições agora que a poeira assentou depois da chegada de Ten Hag e da saída de Cristiano Ronaldo.

Por outro lado, os citizens foram surpreendidos a meio da semana na Taça da Liga inglesa pelo Southampton (2-0), lanterna-vermelha do campeonato, o que levou Guardiola a acusar a sua turma de displicência. Sem poder contar com o lesionado Rúben Dias, o técnico espanhol lançou Bernardo Silva e Cancelo no onze.

Primeira parte para sonhar

E foi com portugueses que se construíu o primeiro lance de perigo no teatro dos sonhos. Erro de Bernardo Silva na saída de bola quase era castigado por Bruno Fernandes, mas o remate do ex-Sporting saiu desviado. 

A velocidade do contra-ataque e dos executantes do United criou muitos problemas à defesa forasteira, que contou com os habituais suplentes Akanji e Aké no eixo. Rashford, num excelente momento de forma, foi o mais endiabrado no primeiro tempo e ficou perto de punir uma saída disparatada de Ederson, a passe de Bruno Fernandes, mas Akanji evitou o golo em cima da linha.

Os citizens, mais controladores do que perigosos, foram crescendo e estabilizando, mas apesar das muitas aproximações à área contrária não conseguiram criar lances relevantes junto à baliza de De Gea. O United também quebrou animicamente depois de Rashford ter ficado agarrado à coxa, mas o extremo voltou para o segundo tempo.

Segunda parte para descer à terra

E Ten Hag parecia acreditar que era possível bater os rivais. No regresso do balneário, lançou Antony para o lugar de um desinspirado Martial. E por falar em desinspirações, minutos depois foi a vez de Guardiola retirar Phoden e colocar Grealish. Duas opções de recurso que, juntas, custaram cerca de 200 milhões de euros.

Neste jogo dos bancos não foi preciso esperar muito para haver um vencedor.

Mexida acertada do técnico espanhol. Três minutos depois de entrar, o internacional inglês aproveitou o belo trabalho de De Bruyne na área que, junto à linha de fundo, picou para a pequena área para o extremo aparecer de rompante e cabecear para o fundo das redes. O belga somou a 10.ª assistência esta época na Premier League, a quinta temporada consecutiva em que alcançou, no mínimo, esse número.

O United não conseguia atacar da mesma forma que o fez no primeiro tempo. Na sua infinita sabedoria, Guardiola soube como impedir as saídas rápidas e seria preciso algo especial para voltar ao empate, até porque os jogadores da casa começavam demonstrar conformismo com o resultado.

10 minutos à... Old Trafford

Aos 79 minutos, o lance da polémica com o golo do empate: Casemiro lançou Rashford em profundidade - que estava em fora de jogo -, mas o inglês não tocou na bola e deixou que fosse Bruno Fernandes a rematar na cara de Ederson para restabelecer a igualdade.

Inicialmente anulado, o árbitro reverteu a decisão e confirmou o tento do empate, que deixou os jogadores do City à beira de um ataque de nervos. A multidão de Old Trafford rugiu em contraste com a quebra dos visitantes. Visivelmente afetados pela decisão da equipa de arbitragem, os forasteiros desligaram-se do jogo.

Tanto é que, logo a seguir, Bruno Fernandes lançou Garnacho pela esquerda e a apatia dos citizens permitiu dois cruzamentos do argentino. O segundo, carregado de crença, encontrou Rashford sozinho pequena na área. Com um desvio subtil, o internacional inglês marcou pelo sétimo jogo consecutivo (!), igualando um tal de... Cristiano Ronaldo.

Uma reviravolta que fez recordar os velhos tempos do Fergie Time e que reforça as expetativas dos red devils para uma temporada que não começou bem, mas que Ten Hag começa a endireitar ao somar nove vitórias consecutivas em todas as competições, colando-se a um ponto dos rivais.